Futebol Nacional

CAMPEONATO PERNAMBUCANO

A saga do 1º turno: Primeira fase do PE2016 escancara decadência da competição local

Públicos baixos, falta de incentivo financeiro e estádios precários são causas do prejuízo vivido pelos clubes. Tudo com um objetivo: a chegada à segunda fase do Estadual

postado em 24/01/2016 08:00 / atualizado em 24/01/2016 16:01

Caio Wallerstein /Diario de Pernambuco , Rafael Brasileiro /Diario de Pernambuco

Hesíodo Goes/Esp. DP
A cena se repetiu por alguns anos: nas mais distintas cidades do interior, multidões se aglomeravam para assistir clássicos estaduais. Náutico x Vera Cruz, Sport x Serra Talhada, Santa Cruz x Belo Jardim eram confrontos recorrentes. Atrativos à parte, as partidas davam fôlego aos times do interior e ao Campeonato Pernambucano.

Neste ano, a história é bem diferente. Separadas dos times da capital, oito equipes jogam uma fase preliminar no Estadual, que começa no início do mês. O que devia ser uma oportunidade de preparação acaba tornando-se um fardo. Apenas dois clubes terão o "privilégio" de enfrentar os três grandes, mais o Salgueiro, no hexagonal que começa no dia 31 de janeiro. Algo que, na visão de quem já está em atividade desde o dia 10 de janeiro, é preocupante para o futuro da competição.

Pelo terceiro ano consecutivo, apenas dois times que estão competindo no primeiro turno do Pernambucano enfrentarão aqueles que jogam a Copa do Nordeste ou que disputam as Séries A e B. Algo que dificulta a movimentação econômica dos clubes e até das cidades. "Jogar com eles é diferente em tudo. Mexe com toda a cidade. Do taxista ao cara do espetinho, todos ganham dinheiro. Quando o clube grande vem para o interior ele cobre o vazio deixado pelo Todos com a Nota", pontuou o diretor de futebol do Belo Jardim, Jonas Torres.

Por conta do ranqueamento, nem mesmo o Central, quarto colocado da edição de 2015 do Estadual, teve garantida a participação na segunda fase. "Chegamos às semifinais no ano passado, mas acabamos trocando de posição com o Náutico, último lugar no hexagonal. Eles que deveriam jogar a repescagem, o grupo da morte. Não sei quem decidiu assim, mas é algo que precisaria ser pensado melhor", reclama Lícius Cavalcanti, presidente do Central.

É comum aos oito clubes a tristeza pela decadência do Estadual, escancarada por um primeiro turno que conta com uma combinação desastrosa: baixo incentivo da Federação, pouca adesão do público (devido à ausência dos grandes), ausência de transmissão pela televisão e - consequência direta dos outros fatores - dificuldade de conseguir patrocínios. E, enquanto uns se resignam, outros protestam contra o atual modelo do Pernambucano.

"Se continuar desse jeito, não teremos como ter competição do mesmo nível. Fui para o conselho arbitral com opinião formada e nossa fórmula foi rejeitada. Queríamos jogos só de ida e os quatro primeiros se classificariam para as finais. Ninguém aceitou. Apenas nós e o América foram contra o regulamento", coloca o presidente do Pesqueira, Uênio Thyago.

O mandatário do Porto, José Porfírio, conta que preferiu aceitar a fórmula, mesmo que também admita prejuízos advindos dela. "O regulamento, já sabemos que foi posto dessa maneira e não temos porque reclamar. Então, temos que nos virar da maneira que der", conforma-se.

Enfraquecimento
A criação de outras ligas na mesma época, como a Copa do Nordeste e Copa Verde tem contribuído para fórmulas como a do Pernambucano. A Primeira Liga, campeonato com clube de Rio, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, é mais um que deve enfraquecer os estaduais. O Pernambucano era um dos que conseguia resistir, mas o calendário nacional mudou o panorama. Sem datas suficientes, com a Copa do Nordeste sendo jogada simultaneamente e com a obrigatoriedade dos clubes terem 30 dias de férias e pré-temporada, o campeonato precisa de novo fôlego, que pode vir da capital.

Helder Tavares/DP