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Convocação regional e futebol feminino em PE: as impressões da técnica da seleção

Em chamada que teve o estado como hegemônico, com 10 das 22 jogadoras selecionadas, Emily Lima explica o processo de observação e analisa cenário

Lucas Figueiredo/CBF
Oportunidade. Construção de um legado. Profissionalização. É com base nesses princípios que o trabalho da técnica Emily Lima vem se desenhando sob o comando da seleção brasileira de futebol feminino. Para isso, a treinadora, que é a primeira mulher na história a assumir a seleção, impulsionou um projeto que busca pelo descobrimento de caras novas no país: a convocação regional. Desta vez, a lista foi composta somente por atletas que atuam em times do Nordeste. E Pernambuco foi hegemônico. Das 22 jogadoras que estão desde segunda-feira na Granja Comary, no Rio de Janeiro, dez saíram do estado. Quatro são do Sport, três do Náutico e três do Vitória.

A ideia da convocação regional, além de descobrir novas jogadoras no país, é deixar um legado para o futebol feminino no Brasil. A avaliação vai criar um banco de dados no sistema da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com o registro das atletas que passaram pelos treinamentos na Granja Comary. A prática já é comum no futebol masculino, mas ainda não havia sido feita para as mulheres.

Para chegar à lista de 22 atletas, foi feito um longo monitoramento das jogadoras durante os campeonatos Brasileiro e estaduais deste ano. O processo, não foi dos mais simples. Em entrevista ao Superesportes, a técnica da seleção brasileira Emily Lima explicou como funcionou o procedimento e os obstáculos enfrentados durante o processo. "A CBF consegue buscar quais os estados que estão tendo campeonatos por meio da internet, email, com as federações. Às vezes até as próprias pessoas que trabalham com a modalidade vêm nos informar. Como o futebol feminino é muito esquecido, as pessoas divulgam pouco, então a gente que tem que correr atrás mesmo", revelou.

Depois do levantamento dos campeonatos, começou a segunda etapa: acompanhar a maior quantidade de jogos possíveis para encontrar as 22 atletas que integrariam a seleta lista. "Criamos uma escala de observadores, que são pessoas da comissão técnica. Então, enquanto o assistente estava indo ver o Potiguar, eu estava indo para outro, o preparador físico para outro e assim vai. Dentro das competições estaduais e dentro do próprio Brasileiro a gente conseguiu fazer esse monitoramento", contou a treinadora.

No caso de Pernambuco, foram seis partidas utilizadas para o registro. Sendo três jogos do Sport, dois do Náutico e somente um do Vitória. Desses, três foram acompanhados no próprio estádio pela coach esportiva Sandra Santos e pelo analista de desempenho Julio Resende. Já os outros três foram por meio de transmissões online na internet, já que raramente jogos do Brasileiro feminino são televisionados.

Pernambuco na visão de Emily

Ainda que construído aos poucos, o trabalho realizado no futebol feminino em Pernambuco começa a dar resultados. O Sport, principalmente, já começou a cavar o seu espaço no cenário nacional. Com a modalidade reativada no clube no início deste ano, após quase dois anos de inatividade, o Rubro-negro chamou a atenção da técnica Emily Lima, que elogiou a seriedade com que o trabalho vem sendo feito no clube pernambucano.

"A gente vê uma melhora em todos os estados, um interesse maior. Claro que alguns mais e outros menos, mas a gente vê o interesse pela modalidade muito melhor do que antes. No Sport Recife, por exemplo, a seriedade com que estão fazendo o futebol feminino chama a atenção. Eles não estão emprestando a camisa e dizendo 'faz aí o futebol feminino'. Estão muito por dentro do que estão fazendo, diria até que profissionalizando a modalidade. Isso é muito grandioso para nós. Sempre quisemos que isso acontecesse. No América-MG, no Santos têm acontecido a mesma coisa", avaliou a técnica.

Próxima etapa

Na primeira das convocações, entre 6 e 10 de fevereiro, foram observadas 26 jogadoras das regiões Sul e Sudeste. Agora, em agosto, além de Pernambuco, estão, também Bahia, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Sergipe não teve jogadoras chamadas. Em outubro, na terceira etapa, serão observadas jogadoras do Piauí, Maranhão, Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Até, finalmente, em novembro, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará e Rondônia terem sua oportunidade.

 

 

Análise de campo

 

Os jogos observados in loco pela comissão técnica

- Audax 1 x 1 Sport/PE, pela 1ª rodada do Brasileiro A-1
(assistido pela coach esportiva Sandra Santos no estádio José Liberatti - Dia 12 de março)
- Sport 1 x 1 Kindermann, pela 12ª rodada do Brasileiro A-1
(assistido pelo analista de desempenho Julio Resende na Ilha do Retiro - dia 18 de maio)
- Náutico 1 x 1 Porto, pela fase de grupos do Pernambucano
(assistido pelo analista de desempenho Julio Resende - 7 de maio)

Os jogos avaliados pela TV/internet

- Vitória/PE 2 x 0 Grêmio, pela 14ª rodada do Brasileiro A-1 no Barbosão - 31 de maio (Os dois gols foram marcados por Paloma)
- Náutico 1 x 2 Duque de Caxias, pela 4ª rodada do Brasileiro A-2 na Arena PE - 1 de junho
- Sport 2 x 1 Audax, pela 14ª rodada do Brasileiro A-1 na Ilha do Retiro - 31 de maio (Gols de Ingryd e Juliana)