PATRIMÔNIO

América prestes a perder sua sede histórica na Estrada do Arraial por dívidas com FGTS

Imóvel, inaugurado em 1951, foi arrematado em leilão e documento de posse do novo proprietário passa a valer a partir do próximo domingo

postado em 29/01/2015 15:28 / atualizado em 29/01/2015 16:28

João de Andrade Neto /Superesportes

Annaclarice Almeida/DP/D.A Press
Inaugurada em dezembro de 1951, a sede do América, localizada na Estrada do Arraial, Zona Norte do Recife, está prestes a deixar de pertencer ao clube esmeraldino, seis vezes campeão pernambucano. Em 2006, o imóvel foi arrematado em leilão para pagamento de dívidas do clube junto ao FGTS, com valor corrigido de R$ 105 mil. Após nove anos de batalhas judiciais, o documento de posse do novo proprietário (uma empresa dona de várias lojas de eletrodomésticos) passa a valer a partir do próximo domingo. A luta do América agora é para tentar derrubar esse documento de posse. Para isso, alega várias irregularidades no processo.

Um dos principais argumentos usados pelos advogados do América é o valor pelo qual a sede foi arrematada. No leilão, o imóvel foi arrematado por R$ 2,8 milhões. Porém, de acordo com os alviverdes, o valor real é bem maior. "O valor que consta no ITBI (imposto sobre a transmissão de bens imóveis) da Prefeitura é de R$ 5,8 milhões. A avaliação foi feita em cinco linhas, sem qualquer método estatístico e pesquisa de mercado. A medida do terreno também foi feita errada, incluindo casas que não pertencem ao América. No nosso entendimento, tudo isso torna o processo nulo", afirmou o presidente do América, Celso Muniz.


O mandatário esmeraldino, ainda apontou outros supostos erros no processo. "A própria dívida é questionável porque foi contraída quando o América tinha CGC (Cadastro Geral de Contribuintes), antes de mudar para o CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica), em julho de 1999. Quem arrematou a sede no leilão foi induzido ao erro. E quem compra mercadoria errada paga duas vezes", completou o mandatário. Vale lembrar que o América, baseado nessa defesa, conseguiu uma liminar contra a decisão em março do ano passado, mas ela foi derrubada em setembro.

Celso Muniz, porém, reconhece alguns erros do América no processo. "As diretorias antigas não procuraram dividir a dívida para que ela pudesse ser paga. E também perderam os prazos para recorrer. Agora, como já houve o leilão, isso não é mais possível", pontuou. 

Ainda segundo o presidente alviverde, caso a emissão de posse seja de fato efetivada, dos R$ 2,8 milhões pagos pela sede, serão retirados R$ 105 mil paga o pagamento da dívida com o FGTS. O restante será depositado na conta do América.