Santa Cruz

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Estádio e bolsos vazios no Arruda

Longe das séries A e B há cinco anos, clube amarga um prejuízo milionário

postado em 30/10/2012 11:16 / atualizado em 30/10/2012 11:38

Cassio Zirpoli /Diario de Pernambuco

Teresa Maia/DP/D.A Press

Mais uma vez o ano do Santa Cruz termina mais cedo, dois meses antes dos principais clubes do país. Calendários enxutos que vêm marcando a vida do clube coral desde 2008, quando disputou a Terceira Divisão pela primeira vez. No ano que vem, a sexta temporada desta forma, acarretando em um prejuízo milionário, que escancara de vez a estrutura do Campeonato Brasileiro, viável economicamente para apenas quarenta clubes, os participantes das Séries A e B.

Voltando ao bicampeão estadual, com as atividades recém-encerradas, o rombo apenas com a renda das arquibancadas deve chegar a quase R$ 17 milhões, considerando somente o borderô das partidas que não foram realizadas no estádio do Arruda pelo campeonato nacional desde 2008 e já com a projeção de 2013. Numa conta mais amena, com uma média de público de 15 mil torcedores nos 75 jogos que não existiram no Mundão, com um ingresso a R$ 15 (padrão atual), o faturamente no período seria acrescido de R$ 16.875.000.

Dá para apontar esse dado como a expecativa mínima, pois o Tricolor teve índices altíssimos nessas divisões inferiores, como 36 mil pagantes na campanha do acesso na Série D e 24.289 neste ano. Além disso, as receitas tidas como “indiretas”, como valorização da marca – aumentando a atração de patrocinadores – e número de sócios em dia.

A falta de visibilidade dentro da arquibancada se estende fora dela. Na desastrosa participação na Série C, o Santa Cruz só teve quatro jogos exibidos na televisão, todos na TV por assinatura. Todos os times nas Séries A e B disputam 38 jogos por ano no Campeonato Brasileiro, 100% deles televisionados.

Da primeira participação na Série C, passando pelos três anos na Série D e novamente no terceiro escalão, o Tricolor jogará, contando 2013, apenas 78 partidas. Se alcançar a decisão da Terceirona do ano que vem, o número subiria para 84. Os rivais Náutico e Sport, oscilando nas duas principais séries, jogarão no mesmo período 228 jogos. Uma diferença brutal.

A longo prazo, o clube coral terá feito apenas 34,2% dos jogos possíveis para a turma de cima. E poderia ter sido pior. Somando apenas os jogos da fase classificatória das competições neste período, a quantidade não passaria de 62, ou 27%. É ou não é um verdadeiro “se vire nos 30?”. O futebol brasileiro não pode ser estruturado para apenas 40 clubes. Um clube de futebol profissional não pode ser sazonal. Muito menos uma agremiação do tamanho do Santa Cruz.