Santa Cruz

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Futuro presidente do Santa Cruz já busca treinador para 2015 e fala dos seus planos para o clube

Alírio Moraes afirmou que CT começará a ser construído no próximo ano

postado em 24/11/2014 21:30 / atualizado em 26/11/2014 09:58

Rafael Brasileiro /Diario de Pernambuco

Rafael Brasileiro/DP/D.A Press
O ano do Santa Cruz não acabou. 2014, data do centenário termina sem título ou algo para comemorar, mas ao menos uma pessoa já tem a cabeça totalmente voltada para 2015. Alírio Moraes, futuro presidente do Santa Cruz pelos próximos três anos, atendeu o Superesportes momentos antes de se reunir com o presidente da Federação Pernambucana (FPF) Evandro Carvalho nessa segunda-feira. Já falando como futuro mandatário, Alírio revelou alguns dos seus planos e até que iria apoiar o retorno da venda de bebida alcóolica nos estádios de Pernambuco.

Quem é Alírio Moraes?
Alírio Moraes é mais um dentre tantos dessa legião de torcedores apaixonados pelo Santa Cruz. Minha origem como torcedor do Santa vem da época do pentacampeonato. Meu pai naquela época era do corpo de advogados do Santa Cruz. Tenho muitas lembranças de festas dentro do clube e desde esse momento até os dias atuais sempre frequento os jogos.

Como se definiu a candidatura?

A presidência foi fruto dessa gestão tributária que fizemos no clube e diria que não foi somente isso. Decidi ser presidente do Santa Cruz por termos um conjunto de valores que nós identificamos como filosofia de vida e fomos identificando isso com os atuais diretores do clube e praticamente se construiu uma visão unânime para me convidarem a ser presidente do Santa Cruz.

Já que o senhor pensa como presidente, Oliveira Canindé fica no Santa Cruz em 2015?
Há um sentimento aí de torcida, da diretoria, que é nosso também, no sentido que a gente deva buscar um nome com um certo nível de projeção nacional. Sou uma pessoa muito moderna em algumas coisas e muito tradicional em outras. Acredito que essa questão do treinador, em clubes como o Santa Cruz, temos uma tendência em contratar e descontratar com muita facilidade. Eu sou contra isso. Antônio Luiz Neto teve problemas com isso e em certos momentos cruciais, quando a torcida pressionou para saída de treinador, ele segurou a peteca, vamos dizer assim, e manteve o treinador. Acredito que a relação deva ser mais longa e deve ser feito um planejamento sério e que ultrapasse mais de um ano se for possível.

Já existe uma lista de nomes para ser técnico?
Temos três opções que eu tenho discutido com Tininho (Constantino Júnior) e espero até segunda-feira fechar.

Dado Cavalcanti é um deles?
Dado é um excelente treinador. Reconhecidamente, torcedor do Santa Cruz e poderia ser um bom nome.

Rafael Brasileiro/DP/D.A Press

Se ele não continua no Náutico ele tem chance de voltar ao Santa Cruz?
Sempre tem chance de voltar. Estamos avaliando isso com muito cuidado, pois são vários fatores que vão determinar. Tem o fator financeiro, que precisamos projetar. Tem o fator da característica do treinador para uma qualidade que o Santa Cruz pode contratar como jogador. Estamos em um ano que pagamos muita dívida. Vamos virar o ano pagando dívida e esse primeiro semestre o clube tem que ser tocado com muito cuidado para não gerar um novo ciclo de endividamento. Esse treinador tem que ser um treinador que trabalhe dentro de uma expectativa que podemos tirar o máximo dele com o mínimo de recursos.

O departamento futebol sofrerá mudanças?
O departamento segue sob o comando de Tininho e estou com o relatório do departamento e temos  tido um debate mais amplo. Sabemos que a torcida defende algumas mudanças, mas está sendo tudo bem pensado para não tomarmos decisões equivocadas.

Desse atual elenco tem alguém o senhor irá brigar para manter em 2015?
A unanimidade que o elenco tem é o nosso Paredão (Tiago Cardoso), e este já está garantido. Se pudéssemos ter vários jogadores com o espírito profissional dele teríamos sucesso absoluto.

Danilo Pires e Léo Gamalho seriam alguns desses jogadores?
Gosto muito do trabalho do Léo. O Danilo Pires foi uma surpresa muito agradável. Também gosto do Keno. O elenco deste ano era bastante razovável e chegou perto de conseguir o acesso. Quem sabe pela carência de uma peça ou outra, ou por falta de reposição dentro do mesmo nível não subiu. Não adianta a gente gostar de um determinado jogador e o técnico não se encaixar.

Então, o técnico que definirá isso?
Sim. Vamos aguardar a definição do treinador para pensar no projeto do elenco.

2015 é o ano que o CT sai do papel?
Sim. O CT sai do papel. Em 2015, a gente já começa a possibliitar um campo para nossa base e o elenco profissional também para poupar o gramado do Arruda. A nossa comissão patrimonial, que por sinal será chefiada po Antônio Luiz Neto, já começa a noticiar que irá dar um tratamento no gramado e iremos fazer alguns investimentos e o CT se tornará realidade em 2015. O torcedor pode ficar tranquilo que já existe uma empresa para fazer isso.

O torcedor coral também pode sonhar com a modernização do Arruda?
Acho que a requalificação do Arruda será bastante viável com o saneamento do passivo tributário e trabalhista e nós conseguiremos financiamento com o governo. Tudo isso será feito com muito cuidado, pois ainda estamos muito carentes em diversas áreas. A gente inicia o semestre tocando o futebol e iremos entrar fortes no Pernambucano. Essa parte do planejamento patrimonial deve ser executada no segundo semestre.

O Santa Cruz deve jogar mais na Arena Pernambuco em 2015?
Eu não tenho simpatia por jogos fora do Arruda. Não sei se é porque me sinto totalmente em casa no Arruda. Mas como uma estatégia de negócios, tudo é possível. Pode ser que façamos um jogo ou outro. Por necessidade ou por imposição para participar de um programa como o Todos com a Nota, já que existe um número de jogos que tem que ser feitos. Na visão normal, jogaremos mais no Arruda.

Já existe algum planejamento para o marketing do Santa Cruz, já que em 2014, ano do centenário do clube, ele deixou a desejar?

O marketing será tocado com mudanças muito radicais. Já antecipo isso. Porém, neste ponto (centenário), eu discordo um pouco. O centenário do clube foi vivenciado por quem estava na Igreja de Santa Cruz, foi fiel a sua história. Eu por sinal tive que me retirar porque estava chorando em praça pública. Alguns acham que para se comemorar deve se pagar uma entrada cara ou ter uma camisa de cor diferente, mas na verdade isso não faz parte da nossa história. Nossa história é de participação popular. A festa do Santa Cruz ocorre em qualquer lugar. Santa Cruz é povo e minha gestão será para esse povo.

Como foi esse trabalho de saneamento das contas do Santa Cruz?
Foi um trabalho de uma equipe. Aplicamos nosso aprendizado e curiosamente fomos descobrindo vários erros de gestões passadas. O passivo era superior a R$54 milhões. Hoje, no fim da gestão de Antônio Luiz Neto, ela é de pouco mais de R$13 milhões e já está negociada sob o regime de pagamento mensal, o que ainda é muito para o Santa Cruz.

Tem como detalhar como será o pagamento?
Estamos pagando tributos federais que estão parcelados em 180 meses e estamos na quarta parcela. Cada parcela está orçada em algo acima de R$ 100 mil, mas não estamos pagando ela toda pois estamos usando usando prejuízos fiscais, dentro da legislação logicamente, como moeda de troca e estamos pagando R$ 17 mil. Paga-se inclusive com recursos do Timemania.
Rafael Brasileiro/DP/D.A Press

Então, com esse pagamento e sem bloqueio de rendas o patrocínio da Caixa pode ocorrer?
Está bem próximo. Estamos correndo para tirar as certidões negativas e temos que pagar alguns valores, que são até bem pequenos, mas que não conseguimos abater com prejuízo fiscal. Estamos consolidando até a próxima sexta-feira para, em dezembro, a certidão ser liberada.

Então, qual será a meta para conseguir assinar o contrato de patrocínio?
Ainda em dezembro, se tivermos chance. Se o governo não mudar sua política de incentivo ao esporte, acredito que conseguiremos. Com o processo eleitoral, essa renovação está travada. Até dos clubes que já tem, pois é renúncia fiscal do governo.

Qual será sua postura com as torcidas organizadas que prejudicaram o Santa Cruz em 2014?
Vou me colocar à disposição da torcida organizada e da torcida não organizada. Quero ser um elo entre ela e o poder público. A gente precisa de ajuda e da compreenssão das instituições para fazer uma triagem melhor do que acontece dentro dessas torcidas. Temos que eliminar do núcleo dessas torcidas os deliquentes que está ali para produzir esse prejuízo ao patrimônio alheio e que contribuir para esses acidentes trágicos que ocorreram esse ano. Mas também vou lutar, pois me considero um humanista, uma escola que meu pai começou. Meu pai trabalhou em cima do artigo quinto da Constuituição Federal que garante o direito de liberdade, inclusive associativa. Então, não poderia negar minhas origens. Então, tem que ter controle e o estatuto do torcedor garante a torcida organizada, mas também determina um tipo de conduta. Talvez, a polícia tenha que utilizar seu núcleo de inteligência e deixar de fora do estádio aquele que causa tumulto. Discuti isso muito com Antônio Luiz Neto e compartilhamos muito essa posição. Talvez, o futebol precise de uma polícia especializada. Eu já vi e até intervi em acidentes no estádio. Já presenciei casos em que a pancadaria foi generalizada por uma precipitação da polícia. Talvez, tenhamos que pensar em uma alternativa para essa polícia que é bem qualificada. Porém, temos que pensar que a grande maioria dos torcedores não vai ao estádio para brigar.

O clube planeja investir em esportes amadores?

Planejamos investir, mas talvez não em um primeiro momento. Sou de uma família que ajuda a formar atletas. Se conseguirmos alavancar um número de recursos que possa ser alavancado, tentaremos investir sim.