Santa Cruz

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'Acredito que no início de novembro eu estarei à disposição', diz lateral Vitor, do Santa Cruz

Superesportes conversou com o jogador, que está na parte final da recuperação da fratura na tíbia que sofreu na estreia da Série B do Brasileiro

postado em 24/09/2017 17:00 / atualizado em 27/09/2017 08:33

Nos vestiários, ele trabalha há quase cinco meses. Seu local de trabalho é a sala de fisioterapia. Um lugar que ele aprendeu a frequentar, mas não se acostumou. É o contraponto de quem quer voltar. O Superesportes conversou com o lateral direito Vitor, durante a semana, no Arruda. Afastado dos gramados por conta de uma fratura na tíbia ocorrida na vitória por 2 a 1 sobre o Criciúma, na primeira rodada da Série B, ele falou sobre o atual momento, o único fator positivo de tanto tempo parado - viu de perto o nascimento do seu filho mais novo e pode dedicar mais tempo à família -, a expectativa de continuar no Santa Cruz e os planos para a aposentadoria.


Como está a sua recuperação e a sua rotina?
Já estou indo para o quinto mês após cirurgia. Nunca tinha feito uma cirurgia e, no primeiro momento, isso me assustou bastante. Depois entendi que tudo tem um propósito. Mudei totalmente a minha rotina. Por um lado é horrível ficar fora de jogos, fora de uma coisa tão simples… Coisas que você fazia com tanta facilidade e não dava tanto valor. Alguns dias atrás reaprendi a fazer coisas simples, como dar alguns passos. Por outro lado, tenho mais tempo para minha família. Posso ir levar e buscar meu filho na escola todo dia. Ele adora. Fica muito feliz. Tem esse lado prazeroso. Mas com o coração partido, porque queria estar aqui dentro ajudando o pessoal que está precisando. Aconteceu e hoje estou evoluindo muito bem. Estou perto do retorno.

Quando você se lesionou era seu momento desde 2015. Empunhava a braçadeira de capitão, era um líder dentro do vestiário. O que mudou na tua rotina dentro do vestiário?
Não deixei de acompanhar nenhum jogo. Vi todos os jogos, mas não estava vindo ao estádio. Por coincidência, o primeiro jogo que vim foi contra o Goiás. Foi um grande jogo e uma grande vitória. Vibrei bastante lá de cima. Mas não gostava muito de ir no vestiário. Minha ansiedade aumentava. Eu pensava na vontade de querer colocar o material, aquecer e jogar. Me segurava em casa. Mas no dia a dia converso muito com todos. Chegamos em um momento difícil e achei que (contra o Goiás) deveria estar mais próximo.

Mas por que só veio contra o Goiás? Só a vontade de assistir, a ligação que teve com o Goiás no passado ou outro motivo especial?
Meu filho (Davi, de 5 anos) me cobrou para vir para o jogo. Por coincidir com o Goiás, que eu ainda tenho muitos amigos, também eu decidi vim. Não foi por causa da minha presença, mas pelo prazer de vir aqui e ver a torcida apoiar o time. Vamos precisar deles nessa reta final.

Mas Davi tinha vindo ao Arruda ido para algum jogo da Série B?
Ainda não.

Então já sabe que a torcida do Santa Cruz vai cobrar a presença dele no próximo?

Já combinei com ele. Terça-feira estaremos aqui (risos).

Como você viu o retorno de Martelotte e Grafite, com quem tu já trabalhou em 2015?
São profissionais vencedores. Não foi à toa que o clube foi atrás deles. Marcelo esteve no acesso em 2015 e já teve sucesso aqui antes. Grafite dispensa comentários. Já vi uma mudança de atitude do time nos dois últimos jogos e espero que o time continue assim.

Rodrigo Baltar/Santa Cruz

Você tem acompanhado o que Martelotte tem feito de mudanças na questão tática?
Não acompanho treinos porque estou na fisioterapia, mas nos jogos a gente percebe como ele gosta que o time dele atue. Também já conheço algo por ter trabalhado com ele em 2015. Acho que quem está trabalhando com ele agora já está conseguindo colocar em campo o que ele vem pedindo.

Depois da sua lesão o Santa Cruz teve vários atletas passando pela lateral direita. Gino foi improvisado, Nininho assumiu o posto, depois Vallés foi o titular e Alex Travassos não deu certo. Agora, Nininho se firmou na posição. O que tu tem visto de evolução nele?
Nininho é um rapaz que se entrega muito. Essa oportunidade não caiu no colo dele. Vieram vários outros laterais e ele se firmou. Ele mostrou nos treinamentos que pode se firmar na posição. Acredito muito nele e espero que ele continue assim.

Logo após a sua lesão o time do Santa Cruz chegou a ter três vitórias em quatro jogos e se projetava uma Série B brigando pelo acesso. Tem como explicar o que aconteceu para o time ter caído tanto?
É difícil achar uma explicação. Nosso elenco é de qualidade e temos jogadores que já jogaram em grandes times. Não conseguimos manter aquele ritmo do início. As equipes adversárias também vão se qualificando e têm um poder de contratação maior que o nosso. As peças deles encaixaram e as nossas demoraram um pouco mais. Não se encaixou de imediato como a competição pede. Espero que a gente consiga uma nova sequência de vitória como no início da competição.

Por ser experiente e estar em uma fase mais avançada da carreira, você pensa em quando vai parar ou tem alguma meta?
Esse é o momento mais difícil para nós atletas que vivemos isso desde cedo. Já pensei em parar. Você chega em um ponto que sabe que isso vai acontecer e com 35 anos você tem que pensar no que vai fazer. Esse futuro eu não sei quando vai ser, mas penso jogar ainda no ano que vem e quem sabe em 2019. Eu penso em jogar até os 36.

 

Quem vai se aposentar primeiro: você ou Durval, que é seu grande amigo?
Eu torço para que ele prolongue também a carreira dele. Hoje a gente vê vários atletas prolongando a carreira e tanto eu como ele sempre nos cuidamos. É o que eu sempre falo para os meninos: se cuida agora. Não deixa para perto dos 30. Vocês têm 20 e poucos anos e ainda têm pelo menos 15 anos pela frente. Aproveita o que o futebol tem para você.

Rodrigo Baltar/Santa Cruz


Qual foi a primeira vez que pensou em parar?
Não lembro. Passa pela cabeça, mas quando chega e treina e a vontade é renovada. Isso às vezes dura minutos.

Após essa lesão pensou em parar?
Não, em momento algum pensei. No momento que me lesionei eu sabia que era algo sério, mas não pensei em parar. Quando me machuquei já foquei na minha recuperação. Meu retorno está próximo, minha cirurgia foi bem feita, a fisioterapia está sendo boa e logo logo estarei 100%.

O Santa Cruz permanecer na Série B pode ser considerado uma grande conquista por tudo o que está acontecendo neste semestre?
Seria bom para todo mundo. Passar o que estamos passando não é fácil. É um elenco comprometido mesmo com todas as dificuldades. Ficamos sete jogos sem vencer. Acho que… Quer dizer, nós vamos ficar na Série B!

Então pretende ficar no Arruda em 2018?
Não sei. Depende de quais são as pretensões da diretoria. Como estou lesionado, não sei se estarei jogando até lá. Depois vamos ver o que vai acontecer. Mesmo se não permanecer, o Santa Cruz é um clube que eu meu me adaptei muito bem e jamais vou esquecer. Vai ficar guardado.

Quando você acredita que voltará a jogar? Já pensou em alguma rodada?
Acho que no fim de outubro estarei pronto para a transição. Acredito que no início de novembro eu estarei à disposição para jogar.