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Futebol, arena, CT, folha salarial e patrocínio: presidente do Sport faz raio-x do clube

João Humberto Martorelli concedeu entrevista exclusiva ao Superesportes

postado em 03/05/2015 13:53 / atualizado em 03/05/2015 15:22

Daniel Leal /Diario de Pernambuco

Paulo Paiva/DP/D.A Press
As duas recentes frustrações no futebol, carro-chefe do Sport, não alteraram em nada a filosofia e os planos do presidente do Sport. Homem de convicções fortes, João Humberto Martorelli defendeu o trabalho da sua diretoria de futebol e do técnico Eduardo Baptista. Indo de encontro aos críticos, minimizou as perdas dos títulos do Nordestão e principalmente do Estadual – competição a qual não descartou passar, a partir de 2016, a escalar uma equipe composta por atletas do sub-20. Em uma entrevista de 35 minutos concedida à reportagem do Superesportes, o mandatário não escondeu que economizou no primeiro semestre visando investir mais na Série A e na Copa Sul-Americana. E não se arrepende. Revelou ainda as dificuldades para encontrar um investidor para o projeto da Arena do Sport, pontuou sobre a modernização do CT e as negociações para renovar com o patrocinador master. Como bom rubro-negro, segue pensando grande. O sonho é voltar à Libertadores em 2016.

A direção de futebol
Arnaldo Barros não está sozinho. Eu estou junto com ele trabalhando diretamente todos os dias. Além disso, nós nomeamos dois diretores, que são Aloísio Maluf e Álvaro Figueira, e ainda temos Nei Pandolfo (executivo de futebol). O futebol não está sozinho. O problema é que as pessoas confundem o estilo e acham que o presidente ligado ao futebol tem que estar na mídia o tempo todo. Cada um tem seu estilo. Eu tenho o meu. Não estou deixando Arnaldo só. Estou junto com ele o tempo todo.

Cobrança a Eduardo Baptista
Cobro pessoalmente e diretamente. Eduardo tem metas relacionadas a conquistas de determinadas etapas, títulos, e também metas relacionadas à determinadas ações, como o aperfeiçoamento de determinado jogador, e a progressão de determinados atletas para o profissional. Ele é um funcionário do clube e o cobramos. Ele está com crédito, sim. Ele está cumprindo bem a missão que foi dada a ele.

Derrotas no Pernambucano e Nordestão
Eu acho que você não ganhar a Copa do Nordeste e o Pernambucano não é o fim do mundo. Claro, estamos tristes e decepcionados. Isso está dentro de uma possibilidade concreta. Afinal de contas, o Sport chegou na semifinal. A nossa meta para 2015 nunca foi conquistar um Campeonato Pernambucano. A gente até pensou em jogar o Pernambucano com o sub-20. Estamos focados na Série A. O problema é que 2014 foi um ano de vitórias e glórias, e há uma expectativa muito grande. Não recomendo que os sócios e torcedores deixem de ter essas expectativas. Mas não ganhamos. E aí? Acabou-se o mundo? Acabou-se o Sport? Não. Não é obrigação do Sport e da diretoria. Mas, se não ganha, acaba o sonho? Acaba a raça? Acaba tudo?

Críticas por minimizar as derrotas
As críticas vão existir sempre e são bem-vindas. Eu não sou imune a elas, mas eu sei lidar muito bem. Sei trabalhar. Acho que, sobretudo, o sócio tem todo o direito de criticar. Acho que é fácil o torcedor criticar sem ajudar. É uma coisa que não me emociona.

PE2016 com o sub-20
É possível. Mas nós temos que estar preocupados em ficar entre os três primeiros colocados para não ficar fora da Copa do Nordeste. Pode haver uma mescla. Neste ano teve uma novidade que foi a pré-temporada de um mês. Com isso, a gente entendeu que poderia aperfeiçoar o time durante o Pernambucano e a Copa do Nordeste para o Brasileiro. A ideia antes era deixar o sub-20 jogando e o resto do elenco treinando. Mas aí, como também vieram alguns reforços, achamos por bem dar um maior ritmo ao time. Mas ter o sub-20 em 2016 é algo possível.

Diego Souza
Eu vejo a crítica com naturalidade. No futebol, sempre vai acontecer. O que se espera é que o dirigente traga um jogador que atue bem, atenda à expectativa da torcida proporcionalmente ao valor do seu salário. Se recebe um valor alto, tem que ser um craque, fazer gol todo jogo e levar o time como se fosse um piano. O complicado é o dirigente não saber lidar com essa crítica. Eu sei lidar. Eu conheço a legislação. Eu, por exemplo, trago Diego Souza e faço o contrato de um ano. Se ele não tem uma boa performance, eu não posso simplesmente dizer que Diego Souza vai embora e dar um aviso prévio a ele de 130 dias, quando a legislação me obriga a pagar o salário dele até o fim do contrato. Então, eu tenho que ficar com Diego Souza e trabalhar para que ele dê o seu melhor. Eu acho que ele ainda vai dar muito alegria à torcida do Sport. Estou satisfeito com ele. Ele está rendendo 100%? Não está rendendo 100%. Pode render muito mais. Mas eu acredito que ele é um profissional engajado e que está comprometido com o time. Mas futebol isso acontece. Romerito, por exemplo, passou um ano no Sport e jogou bem quatro meses. Os outros oito, ele não jogou. Ele saiu do inferno para a glória. Isso acontece muito com jogador. É de fase.

Reforços
Estamos mantendo o elenco e trazendo reforços. Além do Hernane, estamos trazendo outro lateral direito. Depois da saída de Patric, estamos praticamente só com Vitor. Alex Silva está há muito tempo no departamento médico. Estamos preocupados com isso. Estamos buscando um atacante pela lateral. Maikon Leite é uma possibilidade. Estamos trabalhando com outras. Estamos buscando também um volante.

Libertadores
Não podemos confundir meta com promessa. Nós montamos um elenco que nos permite disputar de igual para igual apesar da diferença abissal das cotas de televisão com os clubes do centro-sul. Podemos chegar e brigar pela ponta, entre os seis primeiros. Ano passado fizemos boa apresentação. Se não tivermos a recorrência de contusões, tivermos a mesma pegada do ano passado.

Paulo Paiva/DP/D.A Press
Folha salarial
Ela vai aumentar um pouco na Série A. Adiamos contratações, relativizamos um pouco a Copa do Nordeste e o Pernambucano porque seguramos para contratar na Série A e aí não ter cinco meses de folha aumentada. Posso dizer que a nossa folha não chega a R$ 2,5 milhões, como comentam. Mas ela vai aumentar em relação ao ano passado entre 15% e 20% no máximo.

Transferência do CT da associação para o Sport
Do ponto de vista do Sport, isso está resolvido. Os sócios da Associação (Contribuintes do Sport), que relutavam em passar o CT para o nome do Sport, afirmaram que se o Conselho Deliberativo achasse que deveriam passar, passariam. Então, Gustavo Dubeux, presidente da associação, está coletando as assinaturas. Espero que isso ocorra em breve e eles entreguem a ata autorizando a transferência. Está a cargo de Dubeux. O que o presidente do Sport vai fazer se não passarem? Prefiro não cogitar essa hipótese. Enfrento isso com tranquilidade. O que o presidente pode fazer é entrar com uma ação contra esses rubro-negros para reivindicar o imóvel. Não vou fazer isso porque acredito que vão repassá-lo. Não vou me precipitar. Vou aguardar até que venha o momento certo.

Obras do CT
Os projetos foram enviados (ao Ministério do Esporte, onde o Leão tenta angariar a verba) e estamos aguardando o retorno. Está sob análise. Tratamos a obra da construção do hotel, no CT, como prioridade total. Isso é fundamental para integração da base com o profissional. Hoje eles não estão treinando juntos e isso atrapalha um pouco o nosso projeto de integração. Juntos, haverá um rendimento muito maior. Acredito que até junho é possível que essas obras tenham início, mas vou fazer uma apuração para saber como anda isso (projeto) em Brasília.

Loja do Sport
Em 2014, nós tínhamos um projeto da Adidas para aquela loja, com verba aprovada pela Adidas mundial, mas estávamos na expectativa de iniciar obras da arena. Não fazia sentido assinar e demolir. Com o desfecho do assunto da arena com a Engevix e a perspectiva de demorar mais, retomamos a negociação. A empresa teve que fazer novo orçamento e tem suas formalidades internas. Pediram autorização na Alemanha, acertamos as bases. Agoraé negociar as bases para ter um desfecho definitivo.

Patrocínio da Caixa
A parceria com a Caixa se encerra em junho e não sei se vão renovar. É uma decisão da Caixa. Já apresentamos o projeto para um novo período. Estamos tentando marcar reunião com a presidente da Caixa em Brasília. Não tenho nenhuma expectativa. O Brasil está vivendo um momento tão difícil que você apostar é complicado. Estamos trabalhando outros patrocínios. Já fechamos a manga da camisa com uma empresa de desenvolvimento de softwares, de São Paulo. Patrocínio até o fim do ano, por um valor razoável. Agora se vai fechar com a Caixa ou não, não sabemos. Pleiteamos um aumento percentual pela inflação, mas não sei se vão deferir. O ‘plano b’ não tem muito o que ver, é tentar encontrar outro patrocinador master, o que não é fácil.

Arena Sport
Eu não tenho expectativas de que encontremos investidores no Brasil para fazer a Arena do Sport. Não pelo projeto em si, mas pelo cenário econômico que vivemos. É muito difícil encontrar alguém para investir numa arena, sobretudo diante do quadro de terra arrasada que é a política das arenas pós-Copa. A própria Arena Pernambuco não está encontrando retorno. No momento, acho difícil encontrar um investidor no Brasil, embora não seja impossível. Tenho três conversas abertas fora daqui. Estive no exterior no mês passado, na França e na Holanda. Estive com empresas interessadas em fazer a arena. Eles estão estudando, ficaram interessados, e ficaram de fazer as propostas. Lá fora o dinheiro está mais farto com a queda do Real e a valorização do Dólar e do Euro. Não vou dizer que vou conseguir, estou trabalhando de forma incansável. Meu prazo é até dezembro para estar com o novo investidor comprometido em começar o projeto.

Reforma da Ilha
Temos uma comissão interna formada por membro do executivo e do deliberativo. Não vou dar qualquer rumo à Ilha sem conversar com a comissão antes. É ela que vai decidir. Estou tentando viabilizar os ‘players’ (investidores). Se isso não acontecer, vamos discutir o que fazer com o futuro da Ilha.