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Frustração com o banco, surpresa com o Sport e futuro: Hernane Brocador comenta temporada

Atacante concede entrevista exclusiva ao Superesportes sobre seu momento

postado em 18/11/2015 09:30 / atualizado em 18/11/2015 14:12

Daniel Leal /Diario de Pernambuco

Guilherme Verissimo/Esp DP/DA Press
Hernane Brocador foi o maior artilheiro do Brasil na temporada 2013. Marcou 36 gols pelo Flamengo. Cobiçado por uma gama de clubes de dentro e fora do país, acabou se deixando levar pelas cifras do mundo árabe. A escolha pelo Al-Nassr, da Arábia Saudita, acabou não se mostrando a melhor. Com salários atrasados, o atacante deixou o clube em litígio. Daí o porquê da demora para se regularizar no Sport nesta temporada. Chegou em abril. Só estreou em agosto. Meio tempo em que viu André aparecer no Leão e agarrar a titularidade de vez. De "supercontratação" à reserva e sem muitas oportunidades, Hernane não escondeu a frustração e tristeza com a falta de sequência no Sport, onde deixou o seu futuro em aberto para 2016. O atleta concedeu entrevista exclusiva à reportagem do Superesportes.

Por tudo o que você passou em 2015, qual foi a lição que você tira deste ano?
Acho que aprendizado. Foi um momento difícil, esperava que não seria dessa forma, mas infelizmente não aconteceu. É um aprendizado que conta experiência. Hoje, eu pensaria duas vezes se tivesse outra proposta de fora, se fosse bom ou não para eu sair do Brasil. Mas acho que tudo tem a primeira vez, eu já sei quais são os problemas de sair do Brasil. Mas dei a volta por cima, isso foi passado, agora é ter tranquilidade para terminar o ano bem.

Em algum momento, você já se arrependeu em ter ido para o Al-Nassr?
Não. Tudo é aprendizado, tem uma primeira vez.

Mas faria de novo?
Depende. Hoje penso muito na família. Naquele momento, meu pensamento era outro: era o lado financeiro, fazer a independência da família futuramente. Mas não foi como eu pensei. Hoje eu escutaria um pouco mais as pessoas, me informaria o máximo possível para saber da situação do clube para não ter que passar esse transtorno novamente.

Até que ponto a demora na sua regularização foi prejudicial para a sua temporada no Sport?
Acho que todos os pontos. Sei que poderia estar jogando bem antes. Infelizmente, não aconteceu e o André chegou, chegou bem, foi fazendo os seus gols e eu entendo o momento dele também. Tive que aguardar a minha chance, entrei, fiz gols, mas o André continuou bem. Então, é dar os parabéns para ele. Eu já passei por isso no Flamengo. O Marcelo Moreno teve que aguardar a chance dele, felizmente aquele foi um ano maravilhoso e isso não tem muito o que fazer. É trabalhar, trabalhar e pensar em 2016.

Você acha que poderia estar ajudando mais, apesar de tudo isso?
Sim, sem dúvida. O dia a dia mostra isso. Sempre trabalhei forte, sempre esperando oportunidades. Não é porque eu não estou jogando que eu tinha que "largar" nos treinos. Pelo contrário. É treinar mais e mais para cada vez tentar melhorar e, nas oportunidades que tiver, saber aproveitar. E se não tiver, é estar junto ao grupo ajudando mesmo do banco, onde sei que também posso ajudar bastante.

Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians


Depois que você fez dois gols contra o Corinthians e, logo em seguida, contra o Bahia, esperava ganhar a titularidade? De certa forma ficou frustrado por não ter tido essa sequência?
Se eu falar que não, vou estar mentindo. Eu esperava ali ter uma oportunidade maior. Mas, infelizmente, ela não veio. Mas futebol você tem que estar pronto para tudo, para o sim e para o não. Ali foi um momento que eu estava bem confiante, entrando bem. Pude fazer dois gols contra o Corinthians, logo na sequência mais dois no jogo com o Bahia. Ali estava me animando, achando que ia e, infelizmente, não foi. Mas como falei: continuei trabalhando, esperando as oportunidades. Infelizmente, foram poucas, mas vou continuar trabalhando e, se possível, mostrar tudo o que tenho para mostrar ainda em 2016.

Fala um pouco desse momento que vive André. Para você deve ser um tanto quanto paradoxal. Afinal, ele em alta é bom para o grupo, mas, ao mesmo tempo, fecha espaços para você?
A gente conversa bastante. Ele é mais chegado no Diego (Souza)... A gente não teve problema algum. Ele chegou, começou a fazer os gols. Sou um jogador bem tranquilo, sei reconhecer também o outro lado. Assim como está acontecendo comigo, poderia ter acontecido com ele, que vinha de alguns anos tendo problema e se reencontrou aqui no Sport. O clube deu a oportunidade para ele e ele está vivendo um bom momento e sabendo aproveitá-la. Então, creio que aqui no Sport não tem esse problema de um jogador não estar jogando e estar chateado com o outro. Aqui é um grupo e isso foi o fundamental para o time ter essa sequência, descontração. E as vitórias têm acontecido.

Você gostaria de ficar em 2016 no Sport?
Sem dúvida. O Sport é uma grande equipe, pude conhecer mais o clube trabalhando aqui. Você vê o Sport de fora, não imagina que é essa grandeza que é aqui dentro. É um clube que aprendi a gostar, me dei muito bem com meus companheiros. A cidade é boa, sou nordestino, então foi mais fácil me adaptar. Sem dúvida gostaria de ficar.

Você já foi procurado pelo Leão ou outros clubes para o ano que vem?
Essa parte, eu procuro não me meter. Procuro focar bem dentro de campo para que isso não venha me atrapalhar. Sei que o melhor vai ser feito. Independentemente de eu ficar ou não, já agradeço ao Sport por ter aberto as portas para mim. E essa parte eu sei que meu empresário está tomando conta e o melhor vai ser feito.

Com André suspenso, você deve ser o titular contra o Atlético-PR. Pode ser a sua última oportunidade para mostrar seu valor?
Não gosto de falar em último. Pode ser que seja, mas vou encarar como uma final. As pequenas oportunidades você tem que saber aproveitar. Se souber aproveitá-las, as coisas vão acontecer. Tudo o que tenho para dar vai ser o máximo para que torcedor, diretoria e comissão possam ter uma boa impressão de mim dentro e fora de campo.