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A força que vem do Capibaribe: com ajuda do remo, médica consegue superar câncer de mama

Fabiana Sperandino descobriu no esporte a motivação para vencer doença

postado em 28/12/2014 13:39 / atualizado em 28/12/2014 14:17

Ana Paula Santos /Diario de Pernambuco

Guilherme Verissimo/DP/D.A.Press
“Amamentei meus dois filhos por mais de um ano, nunca fui uma pessoa sedentária e não tinha histórico familiar de câncer de mama. Por esses motivos, costumava falar para o meu marido que seria difícil contrair a doença”. O relato é da médica otorrinolaringologista Fabiana Sperandio, de 43 anos, que se viu diante da perturbadora notícia de estar com câncer de mama, apesar de tudo sempre ter conspirado tanto a seu favor.

Foi durante o autoexame que Fabiana percebeu um corpo estranho na mama direita. Não tardou para o resultado confirmar o que era apenas uma desconfiança. O susto pelo diagnóstico da doença logo se transformou em força. E parte dessa vontade de lutar pela cura, sem esmorecer, vem da forma com que Sperandio encarou e cuidou da vida. A prática esportiva sempre esteve presente na vida desta mineira, de Aimorés.

Quando se mudou para o Recife, há 14 anos, a médica costumava operar seus pacientes logo cedo. Madrugava nos hospitais ao ponto de acompanhar - lá do alto - alguns atletas do remo cumprindo a jornada diária de treinamento. A cena chamou sua atenção por longos dez anos. Até que um dia, durante passeio de barco com os filhos - Mateus, de 7 anos, e Samuel, de 4 - e uma amiga, no Capibaribe, Fabiana manifestou o desejo de começar a praticar remo. “Achava lindo o rio. E via também os remadores. Quando passava aquele barco de oito, ficava encantada”, relembra Fabiana.

 

Pausa nas remadas

No ano passado, Fabiana foi obrigada a fazer uma pausa no treinamento. Foi para São Paulo e no mesmo mês - setembro - que descobriu o câncer de mama fez a ademastectomia bilateral (cirurgia de retirada das duas mamas). O procedimento durou sete horas, onde ocorreu também a reconstrução. “Tenho certeza que o remo me ajudou bastante. Dois dias após a operação, recebi a visita de uma fisioterapeuta do hospital e já conseguia levantar o braço”, revela.

Guilherme Verissimo/DP/D.A.Press

A médica retornou ao Recife sedenta por voltar à raia. Um profissional de fisioterapia, porém, avisou que seria pouco provável que pudesse remar novamente. Fabiana, então, procurou o amigo José Wellington, médico vascular, que tratou de tranquilizá-la. “Ele disse que melhoria e ajudaria muito na drenagem”, explica Sperandio, que recebeu todo apoio do marido, o também médico Marcelo Mendonça.

Retorno
Mesmo tendo feito a retirada das mamas, a médica/remadora precisou fazer sessões de quimioterapia, o que a deixou com as defesas baixas. O Capibaribe teve que esperar. Já na segunda fase do tratamento pós-cirúrgico, as defesas do corpo estavam bem. E depois de cinco meses longe do remo, ela finalmente se reencontrou com esporte. “Não senti limitação nem dificuldade. Voltei de lenço e sem constragimento algum”, conta Fabiana, que foi acolhida não somente por Mariana Dantas, mas por todo o departamento de remo do Sport.

 

Double skiff
Em julho de 2012, passou a fazer parte da escolinha de remo do Sport. Sempre foi assídua nas aulas, que têm início às 5h e acontecem de segunda a sábado. Diferentemente da maioria das remadoras iniciantes, que logo desistem por causa do horário ingrato, a dedicação de Fabiana chamou a atenção do antigo treinador do Leão, Marcos Souza, que a convidou para compor a equipe feminina rubro-negra. “Fiquei assustada com a responsabilidade. Nunca havia sido atleta master”, conta a novata, que logo encontrou na jornalista Mariana Dantas a parceira ideal para remar o double skiff do Sport.