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Reviver ou apagar o passado? Uma crônica sobre a 'luta' de Todo Duro e Reginaldo Holyfield

Lutadores se enfrentaram na noite desta terça-feira, no Clube Português

postado em 12/08/2015 09:10 / atualizado em 12/08/2015 19:46

Alexandre Barbosa /Diario de Pernambuco

Alexandre Barbosa/DP/D. A Press
Houve público e estrutura. E até algum boxe, mas apenas no card preliminar, antes do confronto principal, vendido como a "Luta do Século". Era óbvio que, aos 50 e 49 anos, respectivamente, Luciano Todo Duro e Reginaldo Holyfield dificilmente proporcionariam um duelo de verdade da nobre arte. O que se viu foram dois ex-boxeadores revivendo tudo aquilo que um dia foi real: o pré-luta, a preparação, aquecimento, torcida... Foi o que restou do boxe para os dois.

Todo Duro chegou ao Clube Português por volta das 21h30, de terno e gravata, segundo ele, porque nas lutas dos Estados Unidos, em Las Vegas, "os boxeadores se vestem assim". Holyfield chegou mais cedo, às 20h, com um staff considerável. Como de costume, falou pouco, vestiu-se rápido para a luta e fez um aquecimento forte, que poderia levar a imaginar que o seu oponente duraria pouco no confronto. Não foi o caso.

Todo Duro e Holyfield suportaram seis rounds. Deram muitos golpes, acertaram poucos. Esses insuficientes para derrubar o adversário. Já no primeiro round, os dois mostravam dificuldade para manter o equilíbrio no ringue, ficar de pé após as esquivas. Todo Duro chegou a cair, mas num golpe em que o baiano mais empurrou a cabeça do pernambucano do que a atingiu, propriamente - o árbitro não abriu contagem.

O único que foi ao chão de verdade durante a noite - e muitas vezes - foi o protetor bucal do baiano, que insistia em voar da sua boca a todo momento. Os dois terminaram o duelo exaustos. Era preciso, no entanto, ter um vencedor. E ele foi Todo Duro. Após o anúncio, a imprensa invadiu o ringue e quase causou uma tragédia. O local da luta não suportou e cedeu. Todo mundo correu. Ninguém ficou ferido.

Revanche?
Holyfield não reclamou do resultado após a luta. Parecia conformado. Agora, espera por uma revanche que é incerta, em casa, em Salvador. A continuação de algo já acabado há, pelo menos, dez anos. Todo Duro, por sua vez, reviveu um pouco da "glória" do passado.

O vestiário do pernambucano após a luta foi uma festa. Entrevistas, muitos pedidos de fotos. Primos distantes apareceram. O pernambucano, muito cansado, falava pouca coisa com sentido. Na dúvida, repetia o discurso de sempre. "Ele não morreu, ele não morreu". Uma verdade que serve para ele também. Os dois saíram vivos do Clube Português. Essa foi a grande vitória da noite.