RIO-2016

Zé Carlos Olímpico, um quase pernambucano que testemunhou o terror em Munique-1972

Nascido em Sergipe, mas no Recife desde os 15 anos, jogador foi chamado para a Olimpíada aos 19 anos, quando defendia as cores do Santa Cruz

postado em 26/06/2016 14:00 / atualizado em 26/06/2016 14:47

Alexandre Barbosa /Diario de Pernambuco , Ana Paula Santos /Diario de Pernambuco

Brenda Alcantara/Esp DP
Zé Carlos é sergipano de nascimento, mas pernambucano de coração. Chegou ao Recife aos 15 anos, trazido por Mirobaldo, que na época defendia o Santa Cruz. Aos 16, já atuava pelo profissional do Tricolor. Ele mesmo conta que não sabe como seu nome chegou ao então técnico da Seleção, Antoninho, mas acabou sendo convocado para a equipe de novos. Primeiro, para disputar um torneio na França. Agradou e acabou sendo chamado para a Olimpíada de Munique, em 1972. Viveu uma experiência totalmente diferente. Aqueles Jogos ficaram marcados pelo atentado terrorista contra a delegação de Israel. "A gente não sabia direito o que estava acontecendo. Apareceu uma pessoa morta, depois outra", conta o jogador. Por conta do atentado, o clima na Olimpíada foi de tristeza. Os atletas mal puderam permanecer na Vila. "Foi bem rápido. Ficamos pouco tempo lá e quando acabaram nossos jogos tivemos que sair logo".

A participação brasileira foi rápida. O time, formado por jogadores com idades entre 17 e 19 anos, pois só poderiam ser convocados atletas não profissionalizados, não conseguiu render o que havia mostrado no torneio de Cannes, na França. Segundo Zé Carlos, Antoninho mexeu demais na escalação da equipe, que tinha nomes como Falcão, Abel Braga, Roberto Dinamite e Dirceu. "A gente vinha jogando com um time, mas Antoninho resolveu trocar várias peças. E uma equipe para ir bem tem que ter um conjunto. Acho que não deu certo por isso", afirma.

A campanha foi fraca, com a Seleção encerrando sua participação nos Jogos sem uma vitória sequer. Empatou com a Hungria e perdeu para Dinamarca e Irã. Para Zé Carlos, ficou na lembrança o orgulho de ter representado o Brasil. Os Jogos também mudaram a maneira como ele era conhecido no futebol. Ao voltar para o Santa Cruz, passou a ser chamado de Zé Carlos Olímpico. "As pessoas me chamam assim até hoje. Fico orgulhoso".

Outro quase pernambucano
Em 1960, Ivan Brondi ainda não imaginava o que o futuro o aguardava. Aos 19 anos, o jogador nascido em Santa Cruz do Rio Pardo, interior de São Paulo, iniciava nos aspirantes do Palmeiras. Destaque do time, foi convocado para a seleção brasileira olímpica e participou dos Jogos de Roma. Dois anos depois, se transferiu para o Náutico, onde fez história.

Em 1952, dois jogadores de futebol deram início à saga de pernambucanos em Olimpíadas. Ilo Caldas e Vavá não jogavam em Pernambuco, mas nasceram no estado. Lá estavam eles, em Helsinque, na Finlândia, defendendo a Seleção Brasileira, na sua primeira participação no futebol em Jogos. Na época, foram convocados apenas amadores que atuavam em equipes do Rio de Janeiro. Ilo defendia o América e Vavá o Vasco. O Brasil avançou até as quartas de final, quando perdeu para a Alemanha Ocidental por 4 a 2, terminando em quinto lugar geral. Ilo e Vavá foram os pioneiros. Outros quatro pernambucanos os sucederam, totalizando seis jogadores nascidos no estado formando em seleções brasileiras de futebol em Jogos Olímpicos. Conheça um pouco da história de cada um:

1964 - Tóquio
Mura - Lateral direito, nasceu no Recife, mas pouco jogou por aqui. Ainda adolescente, foi para o Rio de Janeiro, fazendo parte das categorias de base do Botafogo. Figurou na equipe que disputou a Olimpíada do Japão. A campanha brasileira não teve destaque, sendo eliminada na primeira fase, ganhando apenas um dos três jogos disputados.

1976 - Montreal
Santos - Ponta-esquerda revelado pelo Santa Cruz, que tinha como ponto principal a velocidade. Na época, jogadores profissionais ainda não podiam ser chamados para as Olimpíadas. Ele figurou numa equipe que contava com atletas que despontariam mais à frente, como Júnior e Andrade, do Flamengo. A medalha, porém, não veio, esbarrando nas forças do Leste Europeu, que levaram suas equipes principais, pois, na época, seus jogadores não eram considerados profissionais. O Brasil perdeu na semifinal para a Polônia e deixou o bronze escapar para a União Soviética.

1996 - Atlanta
Rivaldo - Revelado pelo Santa Cruz, Rivaldo, nascido em Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR), foi convocado como um dos três jogadores acima dos 23 anos. Na época, atuava pelo Palmeiras e tinha a responsabilidade de conduzir o time que tinha, entre os jovens, atletas como Dida e Ronaldo Fenômeno. A participação brasileira ficou marcada pela trágica eliminação na semifinal frente à Nigéria, com um gol de ouro, na prorrogação. Restou a disputa do bronze, conquistado com uma goleada por 5 a 0 sobre Portugal.

2008 - Pequim
Hernanes - A passagem de Hernanes pelo futebol pernambucano foi rápida. Nascido no Recife e criado na Zona da Mata, o meia chegou a atuar no Unibol, mas foi no São Paulo onde despontou para o futebol nacional. O volante ainda defendia a equipe paulista quando foi chamado pelo técnico Dunga para compor o grupo que disputou a Olimpíada.