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Sob pressão, Cruzeiro inicia intertemporada em preparação para jogos decisivos

Raposa vai decidir futuro na Copa do Brasil e na Libertadores em julho

postado em 24/06/2019 06:00 / atualizado em 23/06/2019 18:46

<i>(Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro)</i>

De folga desde o dia 13 de junho, o elenco do Cruzeiro volta a trabalhar na tarde desta segunda-feira, na Toca da Raposa II. Sob pressão por causa de longa sequência sem vitória, o time de Mano Menezes terá 18 dias de muito trabalho até o primeiro jogo oficial na retomada do calendário do futebol brasileiro.

O Cruzeiro terá logo de cara o clássico contra o Atlético, no dia 11 de julho, às 20h, no Mineirão, pelas quartas de final da Copa do Brasil. A Raposa entrará em campo defendendo o bicampeonato do torneio (2017 e 2018). A partida de volta entre os rivais será no dia 17, às 19h15, no Independência.

O confronto mineiro ganha um peso extra em função da fase do Cruzeiro. A classificação pode dar novo ânimo ao time na temporada.  Já a eliminação deixa o ambiente ainda mais pesado.

Antes da parada para a Copa América, o Cruzeiro viveu o pior momento sob o comando de Mano Menezes. A equipe vem de nove jogos sem vitórias: derrotas para Fortaleza (Brasileiro), Chapecoense (Brasileiro), Fluminense (Brasileiro), Internacional (Brasileiro) e Emelec (Libertadores) e empates com Corinthians (Brasileiro), Fluminense (Copa do Brasil, jogo de volta) e São Paulo (Brasileiro), Fluminense (Copa do Brasil, jogo de ida).

Praticamente sem chances de título no Campeonato Brasileiro, já que está no 18º lugar, com 8 pontos, o Cruzeiro vai valorizar mais uma vez as competições mata-mata. Além da Copa do Brasil, o time celeste tem compromisso importante na Copa Libertadores.

O sorteio direcionou o River Plate para ser o adversário celeste nas oitavas de final. O Cruzeiro fez a segunda melhor campanha da fase de grupos da Libertadores, com cinco vitórias e uma derrota. Atual campeão do torneio continental, o River foi o segundo do Grupo A. O duelo é um dos mais  esperados nesta fase do torneio.

O jogo de ida entre River Plate e Cruzeiro será no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, no dia 23, às 19h15. A volta será no dia 30, também às 19h15, no Mineirão.

Antes dos jogos decisivos, o Cruzeiro fará um jogo-treino contra o América, na Toca da Raposa II, no dia 1º de julho (segunda-feira), às 15h30. A atividade não contará com a presença de torcedores.

O técnico Mano Menezes não terá apenas um jogador para o retorno das atividades. O lateral-direito Orejuela passou por uma cirurgia no dia 22 de maio para corrigir um trauma torcional no joelho esquerdo, sofrido durante a derrota do Cruzeiro por 4 a 1 para o Fluminense, em jogo pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro.

“Estamos terminando o semestre bem melhor que o ano passado porque apenas um jogador ficará em tratamento, que é o Orejuela e que foi submetido à cirurgia, e que já está completando a terceira semana. Mas ele está muito bem, está bem avançado a sua recuperação e felizmente o balanço é bem positivo”, disse o médico Sérgio Campolina.

Crise política

<i>(Foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)</i>


A crise política do Cruzeiro tem tido reflexos em campo. Quem garante isso é o técnico Mano Menezes. "A gente do futebol também sabe que algumas coisas influenciam diretamente na parte de campo. O Cruzeiro vem passando por um momento difícil como clube. E mesmo com toda experiência, seja dos comandantes, no nosso caso em termos de comissão técnica, seja por parte dos jogadores, que temos aí uma grande quantidade de jogadores com experiência suficiente para tentar separar uma coisa da outra, você sabe que isso não é bem assim na prática, né!", disse Mano, em entrevista ao "Hoje sim", podcast do narrador Cleber Machado, do grupo Globo.

"Isso influencia no sentimento do torcedor. O sentimento e o humor do torcedor interferem no jogo, que ele vai ao estádio, ou ele não vai ao estádio, a ausência dele interfere, a presença dele com outro humor interfere no jogo. Essas coisas têm certa ligação. E é sempre muito ruim você abrir todos os meios de comunicação a cada dia e ver que muito mais se fala negativamente do seu clube do que positivamente, essas coisas também estão juntas e nós temos que resolver, como clube e como time", acrescentou o treinador.

O presidente Wagner Pires de Sá prometeu prestar esclarecimentos a conselheiros do clube em reunião extraordinária no dia 8 de julho, às 18h30, no Salão Nobre do parque esportivo do Barro Preto. Ele ignorou a negativa de Zezé Perrella, que desejava manter o encontro para 5 de agosto, marcado para discutir um possível afastamento da atual administração. Em nota oficial, Wagner prometeu “tornar público e ainda mais transparentes as circunstâncias e a documentação entregue à Comissão de Sindicância instaurada”.

Denúncias

<i>(Foto: Edesio Ferreira/EM/D.A. Press)</i>


A diretoria do Cruzeiro é investigada pela Polícia Civil por suspeitas de crimes de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica, além de possíveis quebras de regra da Fifa, da Confederação Brasileira de Futebol e do Governo Federal. Os escândalos no clube vieram à tona após matéria exibida no programa Fantástico, da TV Globo, em 26 de maio. À época, foram divulgadas irregularidades em transações e valores superfaturados pagos a empresas prestadoras de serviço. A Polícia Civil já havia ouvido 15 pessoas que mantinham alguma relação com o clube, entre elas funcionários, ex-empregados, dirigentes e agentes esportivos.

A denúncia mais grave era sobre um empréstimo de R$ 2 milhões contraído pelo Cruzeiro com o empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, sócio de firmas que atuam na locação de veículos e de equipamentos de proteção. Como forma de quitação do débito, o clube, segundo inquérito da Polícia Civil, incluiu parte dos direitos de jogadores do profissional, como David (20%), Raniel (5%), Murilo (7%), Cacá (20%), e de outros que passaram pela base e foram negociados, casos de Gabriel Brazão (20%) e Vitinho (20%). O clube ainda inseriu participação em uma possível venda do promissor Estevão William, de apenas 12 anos, que, pelas leis trabalhistas, só poderá assinar vínculo laboral a partir dos 16.

Outras operações apuradas pela Polícia Civil são os aumentos substanciais nos salários de dirigentes, a contratação de conselheiros para prestação de serviços e o pagamento a torcidas organizadas. Vale lembrar que o clube aumentou a dívida geral de R$ 384 milhões para R$ 520 milhões de 2017 para 2018 e ainda não teve o balanço financeiro aprovado pelo Conselho Fiscal. Em 1º de julho haverá eleição para novos integrantes do órgão, já que os membros anteriores renunciaram em função do acesso restrito às informações das finanças do clube.

Nos últimos dias, o presidente Wagner Pires de Sá e o diretor jurídico Fabiano de Oliveira Costa foram intimados para prestar depoimento na sede da Polícia Federal em Belo Horizonte, no Bairro Gutierrez, Região Oeste do município. A ação fez parte da Operação Escobar, que investiga vazamento de documentos sigilosos da PF. Márcio Antônio Camillozzi Marra e Paulo de Oliveira Bessa, escrivães da corporação, foram presos no último dia 5 de junho, bem como os advogados Carlos Alberto Arges Júnior e Ildeu da Cunha Pereira.

Curiosamente, Márcio Antônio Camillozzi havia sido nomeado por Zezé Perrella para fazer parte da comissão de sindicância que averigua denúncias de corrupção da diretoria do Cruzeiro. Ildeu da Cunha Pereira, por sua vez, já ocupou cargo de superintendente jurídico do clube. Já Carlos Alberto Arges Júnior representou o vice-presidente de futebol Itair Machado em um processo contra o ex-dirigente Bruno Vicintin.

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