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Advogado vê situação 'muito grave' do Cruzeiro na Fifa e alerta para risco de rebaixamento

Caso não pague o Al Wahda na próxima data definida pela Fifa, Raposa será novamente rebaixada

postado em 20/05/2020 13:42 / atualizado em 21/05/2020 08:13

(Foto: Agência i7/Mineirão/Divulgação)
Com larga experiência em trabalhos na Fifa, o advogado Breno Tannuri, que também presta serviço ao Cruzeiro, diz que os processos que envolvem o clube celeste na entidade máxima do futebol são gravíssimos. Ele alerta que a Raposa pode ser penalizada até com rebaixamento caso não quite os débitos.

Ao Superesportes, Tannuri explicou que não há como recorrer da punição da perda de pontos imposta pela Fifa. O time celeste começará a Série B do Campeonato Brasileiro com menos seis pontos na tabela por não ter pago o empréstimo do volante Denilson ao Al Wahda, dos Emirados Árabes, em 2016, no valor de 850 mil euros (R$ 5,3 milhões)

"Se não foi feito um acordo antes da data - quem estava tratando disso era o Conselho Gestor diretamente com o Al Wahda, por isso não sei exatamente em que pé que estaria esta negociação -, não há possibilidade. Então, teria que ter documentos assinados antes da data de vencimento exigida pela Fifa", frisou Tanuri.

"Pelo que tudo indica, já foram embora os seis pontos. Não posso cravar porque não estou neste caso. O Cruzeiro tem que pensar o que vai fazer daqui oito, nove dias para evitar uma nova punição", afirmou Tannuri.

No fim deste mês, vence a dívida do Cruzeiro com o Zorya Luhansk, da Ucrânia, pela compra de Willian Bigode em 2014. O valor gira em torno de R$ 10 milhões. Se não pagar, a Raposa começará a Série B com menos 12 pontos. "A punição, caso o Cruzeiro não pague, será de menos seis pontos também. Ela não se agrava".

De qualquer forma, o Cruzeiro terá que pagar as dívidas. "O fato de reduzir os seis pontos não significa extinção da dívida. A dívida continua e a próxima punição é rebaixamento", disse o advogado. 

O Cruzeiro deve ter um prazo máximo de cinco meses para pagar o Al Wahda. Se a dívida não for quitada, o clube será rebaixado. "Vai se abrir um novo procedimento disciplinar. O processo demora, no máximo, cinco meses. Mas pode vir antes, em três, quatro meses. Se não pagar, é rebaixado", destacou Tannuri. 

"Na Fifa, o procedimento total demora um ano, dois anos. O Cruzeiro está há seis anos sem pagar um clube e há quatro anos sem pagar o outro". 

Tannuri ressalta que as gestões de Gilvan de Pinho Tavares, Wagner Pires de Sá e o Conselho Gestor sabiam da gravidade financeira na Fifa.

"O que posso adiantar é que a situação do Cruzeiro é muito grave. A gestão retrasada sabia, a passada sabia e o Conselho Gestor sabe disso. O que eu rogo a Deus é que as pessoas que assumirem o Cruzeiro tenham a noção do que precisa ser feito. Eu sei que a comparação é bizarra, é desproporcional, mas o problema não é morrerem mil pessoas [por Covid-19] - é claro que isso é um problema. Mas o problema maior é que está sendo falado que vão morrer mil pessoas há três, quatro meses. E o que nós fizemos para evitar as mortes? O que fizeram para pagar as dívidas do Cruzeiro? É isso que tem que ser perguntado", frisou o advogado.

Tannuri acha improvável qualquer acordo do Cruzeiro com os clubes reclamantes. "Os times estão cansados. Dívidas de 2014 e de 2016. Improvável que aconteça algum acordo agora".

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