Cruzeiro

ENTREVISTA

Ney Franco revela desafio feito ao elenco do Cruzeiro e faz contas para o acesso: 'Temos que nos posicionar como a grande equipe da Série B'

Técnico espera que jogo contra a Ponte Preta, nesta quarta-feira, no Mineirão, marque o início de uma arrancada do Cruzeiro na Série B rumo ao acesso

(Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)
São apenas 21 dias no comando do Cruzeiro em meio a problemas de toda ordem, protestos da torcida e queda de rendimento na Série B do Brasileiro. Se o objetivo inicial era brigar pelo acesso à elite, o técnico Ney Franco, sucessor de Enderson Moreira, terá uma missão ainda mais indigesta nos próximos meses: tirar a equipe, dona do maior orçamento da competição, da zona de rebaixamento à Série C e levá-la às primeiras posições. 

Para tentar reerguer a Raposa em seu momento mais difícil em quase cem anos de história, Ney Franco alerta que todos no clube têm de esquecer o desastroso ano de 2019, ainda usado como desculpa para tropeços, e se concentrar numa campanha de recuperação. "O Cruzeiro não pode ficar olhando no retrovisor. O que passou, passou. A gente tem que dar um passo à frente, nós temos que nos posicionar como a grande equipe da Série B". 

Com uma vitória e duas derrotas no comando celeste, o treinador de 54 anos faz uma projeção de recuperação da equipe até o fim do turno, desde que os resultados comecem a mudar de patamar a partir do confronto com a Ponte Preta, nesta quarta-feira, às 19h15, no Mineirão, pela 12ª rodada. 

Nesta entrevista ao Superesportes e ao Estado de Minas, Ney Franco avalia, ainda, os novos reforços que chegaram à Toca da Raposa II, comenta as situações de Régis e Marcelo Moreno e explica a decisão de aproveitar Sassá, inicialmente rejeitado pelo clube depois de ser dispensado pelo Coritiba.



O histórico da Série B mostra que clubes do Z4, na altura da 11ª rodada, jamais subiram. Você tem convicção de que o Cruzeiro vai quebrar esse tabu e subirá à Série A?

Estou há apenas três jogos no clube, com uma vitória e duas derrotas, e te confesso que uma das derrotas, principalmente a do Avaí, não estava nas nossas contas. Mas ela serve para como uma referência que precisamos jogar mais do que jogamos. Em três jogos aqui, parece que estou há 100 jogos no clube. Tenho que ajustar algumas coisas além do plano técnico, tático, dentro de campo, algumas coisas no entorno do nosso trabalho. 

Você falou de referências de trabalhos anteriores (na Série B). Eu passei por uma situação como essa em 2018. Foi uma experiência positiva no Goiás. A equipe estava em 19º e conseguimos uma arrancada, uma sequência de oito, nove jogos seguidos somando pontos, e é o que queremos realizar aqui no Cruzeiro. Temos elenco para isso, jogadores de qualidade para isso. Agora, estamos resolvendo questões. A cada rodada que não conseguimos emplacar a sequência, cria-se uma expectativa ruim. 

Mas nós que estamos no projeto, no dia a dia, cremos que vamos dar essa arrancada na Série B em condições de nos levar à Série A. Esse é o nosso desafio. Estamos trabalhando para isso. A gente fica na expectativa que a gente consiga, a partir do jogo contra a Ponte Preta. Tínhamos no nosso planejamento uma vitória sobre o Avaí, eu coloco que foi, na minha opinião, um acidente de percurso. E a gente precisa continuar o trabalho proposto. Acho que a equipe tem muito a evoluir. A gente fica na expectativa de jogar bem, fizemos três boas sessões de treinamento para o jogo. Eu tenho certeza que vamos apresentar coisas diferentes e melhores que foi o último jogo.  

(Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

Qual o diagnóstico que você faz do Cruzeiro e o que explica a falta de evolução do time na Série B mesmo com duas semanas cheias de trabalho sob seu comando. A que se deve essa sensação que todos têm de que o time não deu liga na competição?

Duas semanas com jogo entre elas. E é pouco tempo para trabalho. Quando a gente fala duas semanas de trabalho, em que você tem duas semanas e três jogos, passa a mensagem que você teve muito tempo para trabalhar. Na realidade, você tem jogo, recuperação do atleta, a parte física, depois tem a evolução do trabalho. Em determinado período, de um jogo para outro, você pode trabalhar com intensidade alta. Depois tem que diminuir a carga para não ter lesão muscular. 

Então, quando falam de duas semanas de trabalho, a imagem é que foi tempo suficiente para ajustar uma equipe. E não é a realidade. Precisamos de um tempo maior. A gente conhece e vai conhecendo a equipe. Mais do que os treinamentos, o comportamento também durante as partidas. Fiz apenas três jogos com o Cruzeiro. Logicamente que, agora, no quarto jogo, conheço melhor.

Neste primeiro prognóstico, digo que é uma equipe que está conseguindo sair de trás, com a bola trabalhada e que está faltando uma força ofensiva, chegar no terço final do campo e ter qualidade para as tomadas de decisão. Entrar nas defesas adversárias, que geralmente jogam contra nossa equipe, principalmente no Mineirão, conseguir quebrar essas linhas de marcação. A gente conseguiu no jogo contra o Vitória. Agora, diante do Avaí, pegamos uma equipe com essa proposta. Ficamos em cima, tivemos seis finalizações boas, mas não tivemos a competência para fazer o gol. Em uma única bola o adversário fez o gol. Eficiência do adversário, mas o que faltou e o que está nos faltando é um poderio ofensivo maior. Criar oportunidades de gols e aumentar a possibilidade de ser fazer o gol. 

Isso tudo com a equipe ajustada. Atacando com uma equipe defensiva bem protegida para não tomar contra-ataque, como tomamos no jogo contra o Avaí. E esses ajustes nós chamamos de ajuste fino. Alguns momentos você faz isso nas derrotas, em uma queda, num lance que você aprende, com o erro, onde corrigir. É dessa forma que você vai montando a equipe.  

Você vislumbra a conquista de quantos pontos até o fim do turno? Dos oito jogos até o fim do turno, sete serão em outubro. Já trabalha com um número de pontos também para subir? 



A gente está trabalhando pela recuperação dentro do primeiro turno. Até vou ter uma palestra com o grupo, mas a nossa fala interna é de fechar esse primeiro turno próximo do G-4. Se entrarmos dentro do G-4, melhor ainda, mas para entrar dentro do G-4 a gente precisa de um desempenho extraordinário nesses oito jogos. A gente sabe que isso é muito difícil, mas temos que botar a régua máxima para a gente transpor. A fala é fecharmos esse primeiro turno, se aproximar das equipes que estão acima. Algumas delas vão ter quedas de rendimento. Temos que aumentar nosso rendimento para, quando isso acontecer, possamos aproximar. Então, o grande desafio no primeiro turno, na virada, é estar ali a quatro, cinco, seis pontos do quarto colocado ou até mais encostado. Foi um desafio lançado para o elenco a partir desse momento e a gente vai trabalhar muito para isso.

Antes do início da competição, diretores do Cruzeiro chegaram a projetar o acesso à Série A antes mesmo do centenário do clube, em 2 de janeiro. Até que ponto essa pressão extra atrapalha o time dentro de campo? Hoje, seriam necessários 56 pontos para subir (70% de aproveitamento). O acesso antes do centenário exigiria mais de 85% de rendimento.

Eu acho que são declarações hipotéticas. São opiniões. Geralmente não sai de comissão técnica. Quem trabalha em comissão técnica, no dia a dia de campo, sabe como é difícil disputar uma Série B de Brasileiro. Hoje estamos vivendo uma realidade. Isso já não existe mais. A nossa realidade é subir e vamos precisar jogar muito mais do que estamos jogando. O objetivo final é o acesso. Se ele for conquistado na última rodada, vamos comemorar muito. Não posso vir diante do meu torcedor e querer projetar um acesso em determinada rodada, não estamos em condição nenhuma de passar essa mensagem. 

A mensagem principal é que estamos trabalhando internamente. Fechar o primeiro turno o mais próximo possível das equipes que estão no G4, principalmente a equipe que está em 4º lugar. Precisamos encostar nessa equipe. Essas equipes que estão na frente precisam começar a ver o Cruzeiro no retrovisor. E o segundo turno é para dar um sprint e a gente vem com experiências de outros trabalhos que a gente fez, principalmente o desenvolvido no Goiás em 2018. Eu não gosto de falar muito sobre esse trabalho, porque você vende uma mensagem de que isso é fácil. Na realidade, não é. Para que a gente consiga isso, precisamos do comprometimento de todo mundo. 

Estamos em um clube estruturado, que nos dá todas as condições de desenvolver o trabalho. Se a gente fizer o comparativo do nosso elenco com as que estão disputando a Série B, é um elenco qualificado, que não era para estar nessa situação. Nos cabe recuperar, passo a passo, e essa recuperação passa por fechar o primeiro turno com muita segurança. Estamos trabalhando por isso. No último jogo nosso, saímos extremamente frustrados do Mineirão porque tivemos posse, jogamos no campo do adversário, fizemos a marcação alta, roubamos bola, mas não tivemos força ofensiva. Levamos para um lado, para o outro, e criamos pouca oportunidades. Esse é o nosso desafio para a gente ter uma equipe mais forte ofensivamente contra a Ponte Preta para depois ter uma sequência de resultados, somando pontos no Brasileiro. 

O Cruzeiro teve e tem problemas financeiros. Mas tem também a maior folha e o elenco mais valioso da Série B. A cada tropeço os problemas financeiros ou a gestão passada são usados como muleta, até por jogadores. Não é hora de deixar isso pra trás e ter uma cobrança maior ao elenco, à altura do que é o Cruzeiro no cenário da Série B?

Já falei isso em entrevista, já passou da hora de mudar isso. Esse discurso já está batido, quem está aqui tem que bater no peito e assumir a temporada, esse momento. O Cruzeiro não pode ficar olhando no retrovisor. O que passou, passou. A gente tem que dar um passo à frente, nós temos que nos posicionar como a grande equipe da Série B, bater no peito, assumir isso, ir para cima dos adversários coordenadamente. E temos que entender que hoje temos uma punição na Fifa, que o clube não pode contratar. Temos aqui alguns jogadores que estão treinando na Toca e que não podem ser inscritos, que podem dar uma qualificação ao elenco que já é qualificado. A gente tem que ir para campo trabalhar e fazer valer esse investimento do clube, que investiu. 



Você falou bem. Nós temos hoje a maior folha da Série B e éramos para estar em situação melhor no campeonato. Temos uma realidade, que é fechar o primeiro turno com desempenho melhor do que temos até agora. Conseguindo isso nos oito jogos restantes, a gente aproxima e tem tudo para criar uma onda azul, uma onda de vitórias. E é isso que estamos batendo o tempo todo no nosso treinamento no dia a dia. 

Avalio que nos três jogos que fizemos sob minha direção, o primeiro foi interessante porque a gente impôs nosso ritmo. Ganhamos de 1 a 0, poderia ter sido mais. No segundo jogo fora, pecamos por um detalhe de bola parada e a gente tem que corrigir. Já corrigimos isso para o terceiro jogo. E nesse terceiro jogo, a gente pecou mais uma vez pela força ofensiva. Ficamos em cima do adversários, criamos seis oportunidades, a bola não entrou, e a gente foi penalizado depois pela eficiência do adversário, que uma vez que foi na nossa área, fez o gol com qualidade. Tudo isso está sendo conversado e cobrado. E quando falo que está sendo cobrado não é apenas dos atletas. Nós estamos nos cobrando para a gente respirar novos ares e viver uma nova realidade que é enfrentar a Série B, uma competição extremamente difícil, onde está provado que só o nome da equipe não vai ganhar o jogo. Eu me lembro que, em 2017, o Internacional só foi conseguir o acesso no último jogo para a Série A. O Vasco teve um momento também que subiu, onde fez um primeiro turno extraordinário e depois no segundo teve queda de rendimento e quase ficou fora. 

A referência nossa é a partir desse momento e ter uma sequência de vitórias. A gente está na expectativa de fazer isso agora diante de duas equipes que estão na nossa frente e estão fazendo bons campeonatos, que é a Ponte Preta e depois o Cuiabá, líder. Talvez isso mude nosso conceito de entrar no jogo mais focado, porque a gente tropeçou nos dois últimos jogos, contra uma equipe que estava na lanterna e outra que estava próxima e não tivemos competência para vencer.


Elenco


Com relação ao Sassá, você havia dito à Rádio Itatiaia que ele não seria um jogador “interessante” para ser reintegrado pelo “histórico no clube”. Por que você e o departamento de futebol mudaram de ideia em 12 dias? 



Legal, boa pergunta. Se vocês forem buscar a minha resposta (na Rádio Itatiaia), quando eu iniciei a resposta, eu iniciei falando que o Sassá é um jogador que na parte técnica, no momento que se definiu que o jogador sairia do Coritiba, que ele é um jogador que me atenderia muito bem, que eu gostaria de contar na parte técnica. Mas, devido ao histórico do atleta, de problemas que foram me passados, eu não me senti confortável e com a postura confiante de bancar. Então, eu concordei (em não trazê-lo de volta) e por isso eu dei a minha entrevista. Só, cara, que a gente sabe que, n o futebol, você sobrevive por resultados e o futebol também dá oportunidades às pessoas de mudarem de opinião e também dá outras oportunidades. Então, aconteceram as duas coisas. Depois do jogo com o CSA, em Maceió, senti necessidade de ter mais força ofensiva. No mercado não tem jogadores com essa qualidade para trazer, eu não tenho condições pela punição do clube (de não registrar atletas), e eu voltei um passo atrás, procurei a diretoria e fiz um pedido com mais propriedade, com mais firmeza, e a diretoria entendeu que é um jogador que pode nos ajudar. E antes de tomar essa decisão, aí sim, eu chamei o jogador pela primeira vez, trouxe na minha sala, conversei. E da mesma forma como a gente falou de esquecer o passado com relação aos problemas do Cruzeiro extra-campo, de dinheiro, de queda, é a mesma frase que falei com ele. Vamos viver uma nova etapa do Cruzeiro daqui pra frente. Você quer isso? Você se propõe a fazer isso, se empenhando na parte física, com comportamento de atleta que o clube precisa para reestabelecer o equilíbrio? O jogador se colocou à disposição, mostrou interesse na conversa, mostrou interesse nos treinamentos e, por isso, resolvi reintegrar o atleta em comunhão com a nossa diretoria.

(Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)


Como vai utilizar o Sassá no time? Pelos lados ou como centroavante?

Ele pode me dar essa opção pelos lados e por dentro, mas é um jogador que acho que tem características que a Série B cobra. É jogador centralizado, um jogador com muita força física, que perturba zagueiro, que toma pancada e também dá pancada. Quando falo pancada, não é jogo desleal, é jogo duro. Estou tentando implementar no clube esse detalhe da marcação alta, e pra isso você precisa de um atleta num bom estado físico para realizar isso, e o Sassá me dá opção na função do Moreno ou jogando nos lados, na posição do Airton ou do Caike, aberto. Ou, se preciso, até jogar com uma linha de quatro atacantes. Com dois volantes por trás e dois atacantes por dentro, como já utilizei o Thiago e o Marcelo Moreno por dentro e dois homens abertos. Em alguns momentos esses dois jogadores, tanto Moreno como Sassá, podem jogar por dentro como atacantes de referência. Seria mais ou menos como o Flamengo utilizou o Gabriel e o Bruno Henrique. São mobilidades diferentes, mas, em termos de posicionamento, trabalhar com esse conceito. Quero aplicar esse conceito em alguns jogos do Cruzeiro daqui pra frente.

Quais são suas impressões iniciais do Cruzeiro no Brasileiro Sub-20? Você pediu a promoção do Caio Rosa, mas existem outros jogadores que devem ganhar chance nas próximas semanas?



Vi dois jogos do Sub-20 e me impressionou o desempenho do Caio Rosa. Fui pegar o histórico desse atleta e ele já esteve aqui no profissional no Campeonato Brasileiro. Eu já pedi a reintegração dele e já pedi a inscrição para o Campeonato Brasileiro. Ele já treinou conosco e vai ser uma opção para o jogo contra a Ponte Preta para ficar no banco. Ele me impressionou muito por essa possibilidade que ele dá ao treinador de jogar do lado esquerdo. Ele tem característica de vir para o meio e achar o passe. É um jogador talentoso que a base do Cruzeiro tem. E como nós não podemos ir ao mercado, essa é uma alternativa de usar todos os jogadores. A gente trouxe, além do Sassá, o Zé Eduardo (do América-RN). Estamos olhando aí outros jogadores que estão emprestados para qualificar ainda mais o nosso elenco e tentar recuperar esses atletas mais rodados que estão fora. Tentar recuperá-los e criar situação de utilizar os atletas da base. Seria convocado o Paulo, zagueiro, que foi convocado para o jogo com o CSA, mas foi detectado Covid-19. A gente quer usar o máximo da estrutura do clube, das categorias de base, de jogadores que estão emprestados, para montar uma equipe forte e fechar bem essa Série B.

Em relação ao Giovanni, conversando com colegas jornalistas de Curitiba, eles nos relataram que o jogador precisa entrar em forma, está fora de ritmo. O Cruzeiro não precisa de jogadores que fiquem à disposição imediatamente em função da situação na tabela? E o Matheus Índio, da mesma forma, também não tem um passado recente com bons números…

O Giovanni é uma baita de uma contratação. Em dez dias ele vai estar à disposição de jogo. É um jogador que eu trouxe porque o conheço muito bem, está acostumado a jogar a Série B. Esteve no acesso conosco em 2018, no Goiás, esteve no acesso no ano passado com o Coritiba, e com um papel importantíssimo dentro das equipes. É um jogador guerreiro, que não aceita derrota. Que, dentro de campo, além de cobrar dos colegas, cobra muito do adversário, sabe chegar numa arbitragem, é enjoado com a arbitragem. É um jogador que chega ao grupo com esse atendimento técnico e o perfil de atendimento de alguns detalhes emocionais que essa competição merece. Para os desinformados, o Giovanni já jogou esse ano, teve uma lesão, já retornou, fez um jogo no Coritiba, teve um probleminha muscular, normal de um atleta que fica muito tempo parado, mas já está treinando conosco, não sente mais essa lesão. Por ter muito tempo parado, está com percentual (de gordura) um pouco acima, mas num clube como o Cruzeiro, com essa estrutura, em dez dias ele ganha condição. Significa dizer que na quarta-feira da semana que vem, no jogo contra o Sampaio Corrêa, ele estará disponível para entrar no jogo (se for inscrito). Foi contratado com muita firmeza e tenho certeza que vai nos ajudar muito.

O Matheus Índio, que estava em Portugal, é jogador super talentoso, teve momentos muito bons em Portugal, é um jogador de 25 anos. Foi uma baita de uma oportunidade e vai nos atender tecnicamente e até, futuramente, de repente, é um jogador que vai dar um retorno financeiro. Primeiramente, foi formado num grande clube do futebol brasileiro que é o Vasco da Gama, tem participações em seleções de base, é um jogador canhoto, que dá ao treinador essa possibilidade de jogar pelo meio e pelas extremas. São duas contratações que o torcedor pode ter certeza que vão nos ajudar na Série B do Campeonato Brasileiro.

O Índio também foi uma indicação minha. As duas contratações, Giovanni e Matheus Índio, são de responsabilidade do treinador. O Giovanni eu indiquei diretamente, achei que é um jogador com perfil para vir pra cá. E o Matheus Índio, quando chegou o nome, quando bateu na minha mesa, como treinador, achei interessante. Como foi o pedido da reintegração do Sassá, que é responsabilidade do treinador, como a volta do Zé Eduardo, que é responsabilidade do treinador, como está sendo feito agora o pedida a volta do Caio Rosa, para ficar direto no profissional. Tudo é pedido do treinador.

O Régis é um jogador que mostra qualidades e faz a diferença na criação, uma deficiência do Cruzeiro. Por que ele é reserva? Nos oito jogos iniciais dele, ainda com o Enderson Moreira, ele sempre foi titular, mas acabou substituído. Nos últimos jogos, ele entrou já na etapa final e fez o time crescer. Mas ele nunca atua os 90 minutos. O Régis tem algum problema físico? 



Primeiramente, é um jogador com muita qualidade técnica. Posso falar com muita propriedade também, porque eu o lancei no São Paulo. Eu é que subi o Régis. Esse mesmo trabalho que eu fiz com o Caio Rosa é um trabalho que eu fiz com o Régis no São Paulo. Eu era treinador do São Paulo quando ele foi lançado no profissional. E, depois, em 2017, em 2018, eu acompanhei muito o Régis no Bahia. Ele teve dois anos excepcionais. Já tinha tido um ano muito interessante no Sport. Quando cheguei aqui, no primeiro jogo que eu dirigi, eu mantive o Régis no banco. No jogo anterior ele tinha ficado no banco, e ele entrou no jogo com o Vitória, entrou bem e fez o gol da nossa vitória. No jogo seguinte, lá contra o CSA, entrou jogando, e como opção contra o Avaí. Eu dei uma segurada no Régis nesses dois jogos. É um jogador que os números são esses mesmos, ele não está suportando os jogos inteiros, e o treinador, nessa situação, cobra do jogador no dia a dia, cobra na preparação física, para que ele melhore seu desempenho físico. Isso, em alguns momentos, precisa de algumas fusões. O jogador precisa se preparar melhor, a parte da preparação física e fisiologia, cobrar mais desse atleta. E a gente está fazendo isso com o Régis. Quando você tem jogador nessa situação, você tem duas opções: ou  bota para jogar e deixa ele no limite dele, ou é um tempo, até 20 do segundo tempo. Ou você segura ele para ser opção para o segundo tempo. O Régis, eu já tive as duas experiências com ele aqui. É um jogador com quem conversei esta semana. No meu conceito, é jogador para iniciar jogo, mas é jogador que tem que bater no peito, assumir essa posição, ir para campo, treinar. Estamos cobrando isso não só do Régis, mas de todos os jogadores para que melhorem o seu desempenho no jogo.

(Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro)


O Marcelo Moreno foi contratado com expectativa de ser o artilheiro do time no ano, mas até o momento só conseguiu fazer dois gols em 15 jogos. Pelas suas observações, por que ele não evoluiu? É possível recuperá-lo? Ou outros atletas, como Zé Eduardo e Sassá, passarão na frente nessa disputa no ataque?

O Moreno é um atleta que foi contratado, que todos nós, não só o torcedor, temos expectativa enorme no desempenho dele. É um jogador que tem qualidade para isso, é um jogador da Seleção Boliviana, que tem histórico interessante no clube no passado. É o meu terceiro jogo aqui. No primeiro jogo, ele atuou contra o Vitória, teve a participação dele e foi substituído. No segundo jogo, não atuou por problemas disciplinares (terceiro cartão amarelo). E, agora, no último jogo, jogou a partida toda. 

Falei anteriormente que nossa equipe está precisando de um poderio, de uma força maior ofensiva. Isso não pode ser confundido apenas com o atleta que está jogando na frente. Temos de ter bolas mais bem trabalhadas, para que esse jogador atuar mais dentro da área, sair um pouco da área. Às vezes, faltam esses ajustes e temos que fazê-los. É o grande propósito nosso. Da mesma forma que falei sobre o Régis, serve para o Moreno também. Um melhoramento na parte física, um entendimento da parte tática do jogo, como se posicionar dentro da área. 

A gente crê que, com o trabalho que está sendo realizado, a nossa equipe possa ter um crescimento coletivo e ter esses crescimentos individuais, porque as coisas se complementam para você ter uma equipe competitiva dentro do campo.  

Mercado


Em relação aos reforços, o que ainda falta para o Cruzeiro? Para qual posição você ainda espera alguma contratação?

A gente tem algumas posições que precisam ser bem trabalhadas, bem pensadas. A gente tem que lembrar o tempo todo que temos um limite de inscrições dentro do Campeonato Brasileiro. Podemos inscrever apenas 40 atletas. Hoje, a gente tem 40 atletas inscritos. E para você inscrever outros atletas, precisamos liberar outros. Podemos fazer oito trocas. E hoje pedi a inscrição do Caio Rosa. É um jogo, você tem que usar a matemática o tempo todo. 

Existe, dentro da carência, dentro da forma como eu acho que tenho que montar a equipe, a gente precisa de força ofensiva tanto em treinamentos, como em opções. Estamos trabalhando alguns nomes. Trouxemos dois jogadores, que são mais para preencher o espaço do meio-campo (Giovanni e o Matheus Índio). Mas a gente tem que analisar com carinho jogadores de ataque, principalmente jogadores que jogam pela beirada do campo. Por isso a utilização do Caio Rosa. E a gente precisa entender.

Tivemos a lesão do Jean. Ele fez dois jogos comigo, foi muito bem, mas teve um problema agora de joelho. Me parece que é mais grave. Se realmente a gente perder o Jean para o resto da competição, é uma posição, que é o primeiro volante, que precisamos. Temos alguns jogadores que jogam ali, mas com características de saída de jogo, Jadsom, Machado... Não é aquele jogador de referência. O volante que dá sustentação para a primeira linha defensiva. O Jadsom tem muita qualidade, mas é segundo volante. O Machado tem muita qualidade, mas é segundo. É uma posição, principalmente se a gente perder o Jean, que a gente precisa ir ao mercado e achar mais um jogador, que venha coloque a camisa e lute pela posição com os outros volantes que temos. 



Jogo contra a Ponte Preta, nesta quarta-feira


Você não tem à disposição para o jogo desta quarta-feira os zagueiros Cacá, Leo e Paulo, o volante Ariel Cabral e o meia Marquinhos Gabriel. Já se decidiu sobre o time? O Caio Rosa, que você promoveu, pode ganhar uma oportunidade já diante da Ponte?

(Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)
O time está definido. Fizemos um trabalho à altura da expectativa que a gente quer. Quanto à nossa equipe, em termos de posicionamento, estou muito tranquilo. Logicamente que preocupa a equipe da Ponte, pela qualidade, é uma equipe altamente capacitada ofensivamente. Tem um meio-campista muito interessante, o número 10 deles, que gira entre os volantes e acha os atacantes. Tem o Apodí que apoia muito bem, no dia que está bem, ele força pelo lado direito. Temos que ter os nossos cuidados. Eles têm dois volantes que trabalham bem essa bola no ataque. Têm uma bola parada ofensiva muito forte, algumas jogadinhas de meio com movimentações interessantes dentro da área. A gente estudou muito essa equipe, respeitamos a Ponte, mas temos uma urgência de vitória, e nesse jogo temos que colocar toda a força nossa. Além da parte técnica e tática do jogo, temos que ter entrega fisicamente, emocionalmente, envolvimento com o jogo. Todos nós temos que dar muito mais do que demos no último jogo para que a gente consiga vencer uma equipe que está no G4, que é candidatíssima a subir, que é a Ponte Preta. Esse jogo passa ser aquele famoso jogo de seis pontos. Tenho certeza que, nos dois confrontos contra a Ponte Preta, se a conseguir fazer os seis pontos, a gente está tirando seis pontos de equipe com potencial enorme de acesso para a Série A.

Sassá e Caio Rosa estão convocados para essa partida contra a Ponte Preta?

Estão sim.

Entram como titulares?

Isso não vou abrir. Estão convocados para o jogo e vocês vão saber. Não sou muito de esconder escalação, não é muito o meu perfil. Mas, nesse jogo, a gente está precisando de se cercar de todos os lados. Quanto menos informação você passar para o adversário, melhor. Não é nem por causa do jogo em si. Hoje existem muitos detalhes na bola parada. Você ter em campo uma equipe mais alta ou mais baixa...Os treinadores estudam isso antes do jogo e quando você passa essa informação antes, o treinador tem condição de conversar com um atleta numa palestra, num hotel. Se a gente não tem informação do adversário, a gente também não vai passar. Se isso não ganha jogo ou ganha jogo, eu não sei, eu sei que ao menos a gente a atrasa o conhecimento do adversário sobre o nosso time.

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