Vôlei

FUTURO

Minas volta a investir na formação e colhe frutos como base da Seleção de Novos

Clube mineiro tem 17 atletas na Seleção Brasileira em diversas categorias

postado em 22/07/2018 09:02 / atualizado em 22/07/2018 10:03

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
Virar a página do vôlei nacional. Formar em casa, assim como no passado, quando o Minas foi tricampeão brasileiro pela primeira vez, no triênio 1984/1985/1986. Preparar nas categorias de base jogadores para assumir vaga no time adulto, e que estes sejam, no futuro, campeões. Iniciado no clube há dois anos, o projeto tinha por objetivo começar a dar frutos a partir de 2019, mas já surte efeito: nove jogadores minas-tenistas foram convocados, de uma só vez, para a Seleção Brasileira Masculina de Vôlei de Novos, que disputará a Copa Pan-Americana de 12 a 20 de agosto, em Veracruz, no México. Essa geração, segundo planos da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), é a que terá a missão de manter o prestígio do Brasil no cenário mundial. Eles são o futuro da Seleção.

O técnico é o mineiro bicampeão olímpico Giovane, que tem como auxiliares outro ex-jogador do estado, Anderson, medalhista de prata em Pequim’2008, e Nery Tambeiro, técnico do MTC. Dos 15 jogadores convocados, saíram do Minas o levantador Carísio; os meios de rede Flávio, Pingo e Pinta; os ponteiros Honorato, Marcos Coelho e Lucas Figueiredo; os líberos Rogerinho e Maique. Além deles, o meio de rede Otávio e o oposto Aboubacar, que hoje atuam no Taubaté, foram formados no Minas. De Minas Gerais, tem ainda o ponteiro Leo, do Cruzeiro.

Nery Tambeiro faz questão de elogiar o empenho dos jogadores minas-tenistas e garante estar isento de qualquer influência nas convocações da Seleção Brasileira de Novos: “Sou apenas auxiliar. Ajudo no treinamento. Não posso falar o nome de nenhum jogador com o Giovane. Tudo partiu dele. Mas não posso deixar de me orgulhar de ver os meninos crescendo”.

A história começou com um ex-jogador de vôlei, Elói Lacerda de Oliveira Neto, único mineiro a integrar a Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de Montreal’1976 e atual diretor de vôlei do Minas. “O Minas vinha contratando jogadores de fora. Na minha época não era assim. Todo mundo era formado em casa. Tínhamos espelhos, como Mário Marcos e Luiz Eymard. O técnico era o Adolfo Guilherme, um dos maiores nomes do esporte em todos os tempos. Joguei com Heltinho e Carlos Rogério. Depois veio a geração de Pelé, Helder, Henrique Bassi, Luiz Alexandre, Elberto, Cacau, Cebola... Todos crias do Minas. Tínhamos de retomar esse trabalho”, conta.

Por falar em passado, uma outra geração, dentro da casa dele, também foi referência para o projeto: “Meu filho, Breno, também jogou no Minas. Chegou à Seleção Brasileira infantojuvenil, foi campeão mundial. No entanto, a geração foi perdida. Não aproveitaram nenhum jogador. Isso me incomoda. Então, por que não fazermos o papel de formador?”. Elói fez, então, um juramento. “Nunca mais vou perder jogador. Não vamos mais contratar estrelas, e sim vamos formá-las.” Aí, o projeto teve início.

Integração

Era necessário fazer uma ligação entre o time adulto e as categorias infantil, infantojuvenil e juvenil. A referência inicial foi Nery Tambeiro, que comanda o adulto, diz Elói: “A partir dele montamos todo o projeto, que envolve também a área científica. São mais de 10 profissionais”.

A coordenação está a cargo de outro ex-jogador, tricampeão brasileiro em quadra e como técnico: Carlos Alberto Villar Castanheira, o Cebola. Nery tem como preparador físico Davison Alves. Guilherme Ferreira é o assistente técnico. O fisioterapeuta é Leandro Garcia. O nutricionista, Marcus Ávila. A psicóloga, Marisa Santiago. A partir daí vem a base do clube, que está vinculada ao trabalho de Nery. Marcelo Melado, Rodrigo Regattiani e Fernando Martins são os treinadores. Cada categoria utiliza o departamento de preparação física do clube, assim como o departamento científico.

A busca por atletas começa na escola de esportes do Minas. As crianças com talento são içadas às equipes. Além disso, o clube faz peneirada para detectar talentos. Os resultados são vistos nos vários campeonatos metropolitanos e estaduais disputados em Minas Gerais.

Aos 16 anos na Sub-19

O projeto do Minas não se limita à equipe adulta. Quatro jogadores do juvenil e quatro do infantojuvenil também estão em Seleções Brasileiras. Um deles chama a atenção: o meio de rede Gabriel Vilaça, que apesar de ter apenas 16 anos está treinando com a Seleção Brasileira Sub-19 que se prepara para o Campeonato Sul-Americano, em setembro, na Colômbia. Ele tem uma história bastante curiosa, pois viu o sonho de vestir a camiseta amarela desaparecer e, pouco depois, recebeu o chamado para treinar em Saquarema, no Centro de Treinamento da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).

O Minas foi convidado para disputar a Copa AAV Volleyball, em Miami, nos EUA, que ocorre sempre em junho, na categoria infantojuvenil. A equipe mineira se destacou, chegando à final contra a Seleção de Porto Rico. Perdeu, mas Gabriel foi eleito o melhor meio de rede da competição, um prêmio que, segundo ele, “jamais poderia esperar”.

Foi o divisor de águas da carreira do meio de rede. “Antes de a gente viajar, havia saído a convocação da Seleção Brasileira infanto e eu não tinha sido chamado. Depois que voltamos, mais precisamente dois dias depois, começo a receber telefonemas de amigos por ter sido convocado. Um me mandou o boletim de convocação. Confesso que não tinha mais expectativa de ir à Seleção, mas enfim, era verdade”, conta, relatando a surpresa que teve ao chegar ao CT da CBV: “Viajei de ônibus no dia seguinte para Saquarema. E minha surpresa maior é que não era para minha categoria, e sim para o Sub-19. Somos 18 jogadores treinando. Viajarão, acredito, 14. São seis meios de rede para quatro vagas. Espero conquistar uma delas”.

Sonho

Como Gabriel, sete jogadores vivem o sonho dourado da Seleção. No juvenil, o levantador Erick Hercio, o oposto André Saliba e os ponteiros João Frank e Lucca Viera. No infantojuvenil, o dublê de oposto e ponteiro Paulo da Silva, o líbero Leo Kihara e o meio de rede Otávio Felipe. Assim, atualmente, o Minas tem 17 jogadores em Seleções Brasileiras.

Convocados para a Seleção de Novos

Levantadores
Eduardo Carísio (Minas)
Thiago Veloso (Sesc-RJ)

Opostos
Alan Souza (Sesi-SP)
Aboubacar (Taubaté-SP)

Meios de rede
Otávio Pinto (Taubaté-SP)
Flávio Gualberto (Minas)
Pingo (Minas)
Pinta (Minas)

Ponteiros
Honorato (Minas)
Marcos Coelho (Minas)
Lucas Figueiredo (Minas)
Leo (Cruzeiro)

Líberos
Rogerinho (Minas)
Maique (Minas)
Douglas Pureza (Sesi-SP)

Tags: copa pan-americana seleção minas base formação giovane