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OLIMPÍADA

Comitê Olímpico inclui surfe, caratê, beisebol, skate e escalada na Olimpíada de 2020

Popularidade de alguns dos esportes no Japão, sede da próxima edição dos Jogos Olímpicos, foi fator decisivo para a ação do COI, divulgada nesta quarta-feira

postado em 03/08/2016 18:25

MEHDI FEDOUACH
Rio - Num gesto para atrair jovens e uma nova geração para o movimento olímpico, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou nesta quarta-feira a entrada do surfe, skate e escalada. No pacote, a entidade ainda vai fazer um gesto aos japoneses, organizadores dos Jogos Olímpicos de 2020, e incluirão o beisebol/softball e caratê no evento a ser realizado daqui a quatro anos. As medidas visam rejuvenescer o movimento olímpico e, para isso, a aposta é cada vez maior em redes sociais e na internet.

"É um pacote histórico", declarou Thomas Bach, presidente do COI. O pacote de esportes foi aprovado por unanimidade. A lista foi escolhida a partir de 18 modalidades que competiam por um espaço, incluindo boliche, squash e outras modalidades de artes marciais. "Esses esportes terão um apelo aos jovens", afirmou Toshiro Muto, diretor técnico dos Jogos de 2020, em Tóquio.

Em estudos internos sobre audiência, o COI constatou que vem perdendo espaço entre os mais jovens. Duas estratégias foram adotadas: investir em plataformas sociais, digital e internet, além de incluir modalidades atraentes ao novo público. Os levantamentos apontaram que os jovens não têm sido a maior audiência em provas nobres, como o atletismo. Além disso, a média de idade da audiência dos Jogos vem aumentando, de 46,9 anos de idade em Pequim-2008 para 48,2 em Londres-2012.

Uma das estratégias foi apostar em canais digitais e, pela primeira vez, o COI em 2016 vai investir mais na internet que na transmissão de TV. Redes como a NBC contrataram alguns dos "astros" da web para comentar e transmitir os esportes, com seguidores acumulados de 120 milhões de pessoas.

Temendo se distanciar dos jovens, a ordem no COI foi a de buscar modalidades essencialmente vista por essa faixa etária. No caso do surfe, a decisão anunciada nesta quarta-feira coloca fim a uma campanha que começou em 1923. Nos anos 90, a Associação Internacional de Surfe passou a buscar apoio, criando federações nacionais e promovendo a ideia da modalidade como esporte olímpico.

A esperança do COI é de que, junto com o surfe, a nova audiência também gere maior receita de televisão e de patrocinadores. A competição de skate também segue a mesma lógica e será disputada em duas ruas e dois parques, com 40 competidores cada. Na modalidade de escalada, as competições também serão destinadas a atrair o novo público.

Mas a adesão de novos esportes também atende a um outro objetivo do COI: a de adaptar os Jogos ao país que está recebendo o evento. No caso de Tóquio, a escolha foi por dois dos esportes mais populares na cultura japonesa: o caratê e o beisebol, o esporte nacional do Japão - o softball entra como a versão feminina do beisebol.

Não há ainda uma confirmação se o retorno do beisebol aos Jogos significará a adesão dos atletas que atuam nos Estados Unidos, na maior liga do mundo. Franco Carraro, membro do COI que elaborou a proposta, admitiu que os americanos são os únicos que até agora não aceitaram parar suas competições locais para permitir que os atletas possam viajar. "Se não houver um acordo, o beisebol pode ter vida curta", admitiu.

Alguns dos membros chegaram a questionar se haverá a participação dos principais atletas do mundo, depois que a entrada do golfe para o Rio terminou com um fracasso em convencer Tiger Woods e outros. Oficialmente, mais de 15 atletas anunciaram que não virão ao Rio, temendo o vírus zika. "Essa é uma desculpa ridícula", disse Carraro.

Não existem garantias, porém, de que as modalidades sejam mantidas para 2024 ou 2028. O certo é que as 28 modalidades presentes no Rio vão ser mantidas nas próximas edições dos Jogos, o que cria um problema extra aos organizadores em um evento cada vez maior.

Apenas em 2020, os novos esportes significarão 474 novos atletas na Olimpíada, um aumento de 5% em relação a 2016. Críticos da decisão alertam que o COI está criando exigências cada vez maiores sobre cidades, caminhando num sentido oposto ao que se pedia para que os gastos fossem controlados.

Segundo a cúpula do COI, porém, a audiência e patrocinadores vão compensar, ainda que parte significativa dessa nova renda não seja direcionado para as cidades anfitriãs. "Vamos trabalhar para que essa inclusão não signifique um aumento de custos", afirmou Muto.

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