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CURIOSIDADES OLÍMPICAS

Músicas que embalaram os Jogos

Canções e hits se transformaram em hinos a cada edição das Olimpíadas

postado em 05/04/2016 19:48 / atualizado em 19/04/2016 20:07

No início dos Jogos Olímpicos da chamada “era moderna”, a partir de 1896, que teve Atenas como sede, a música erudita dominava o cenário mundial. Com a virada do século, vieram os franceses, com suas gaitas e canções românticas. A partir da Primeira Guerra Mundial, os sons começaram a se misturar. Estilos originários dos negros norte-americanos, o jazz e o blues começaram a conquistar espaço e a ganhar adeptos em todo o mundo.

O Brasil, que nos séculos XVIII e XIX vivera sob influência da música francesa, faz sua estreia nos Jogos em 1920, em Antuérpia, na Bélgica, sob a influência, agora, da música vinda dos Estados Unidos. Mas já existia aqui um movimento musical forte, a exemplo dos EUA, com a influência negra. Era a passagem do maxixe e do chorinho para o samba. Nessa viagem pelos ritmos, músicas embalaram atletas e se transformaram em hinos a cada edição.

Descontração americana

No auge do índie e do pop, a multicampeã equipe de natação dos Estados Unidos inovou e resolveu produzir um clipe da música "Call Me Maybe", de Carly Rae Jepsen, segunda música mais tocada nas paradas mundiais. Lançado em 2011, o álbum '21', de Adele, seguia repercutindo durante os Jogos de Londres'2012. Gotye, Fun, Marron 5 e Wanted, com o hit 'Glad You Came', embalaram os Jogos, que ficaram marcados pela maior presença dos atletas nas redes sociais.

Fortalecimento do pop

Presente nas paradas em 2004, o pop ganha ainda mais força nos Jogos de 2008, em Pequim. Flo Rida, Rihanna, Leona Lewis e Chris Brown são os mais tocados nas rádios. Alicia Keys, com "No One", confirma seu sucesso mundial. Durante as competições, o comitê organizador resolveu apostar num CD oficial, com músicas gravadas por artistas como Backstreet Boys, Avril Lavigne, Pink e John Meyer.

Pela paz

Embalados pela música pop e pelo pop rock, os Jogos Olímpicos voltavam para Atenas após 118 anos. Usher, Maron 5, Britney Spears e Alicia Keys dominavam o topo das paradas em 2004. Mas, durante a Olimpíada, quem realmente chamou atenção foram o americano Lenny Kravitz e a islandesa Bjork. O primeiro se juntou ao iraquiano Kazem Al Saher para gravar "We Want Peace", em protesto contra a invasão dos EUA ao Iraque; a segunda ganhou destaque pela música "Oceania", composta especialmente para a Olimpíada.

O retorno

Um orquestra de sapateado abre os Jogos de Sydney’2000. Junto com ela, Olivia Newton John, o par romântico de John Travola nos Tempos da brilhantina, tem um retorno triunfal. Mas o sucesso dos Jogos é outra música antiga, “Love is in the air”, com o astro do basquete norte-americano Charles Byrd. Ele foi o responsável, também, pelos torcedores cantarem “Macarena”, enquanto ele dançava em quadra, antes das partidas.

O novo e o velho

Atlanta’96 é uma festa. O mundo está em paz. Os conflitos no oriente Médio dão uma trégua, como que querendo assistir aos Jogos. Os ritmos dançantes estão de volta. Na festa de abertura, BB King entoa “I feel good”. Mas a música que emplaca é “Macarena”, do desconhecido Wil Veloz. A todo lugar que se vai, ela é ouvida. Mas um sucesso do passado, “YMCA”, do Village People, invocado por um astro do basquete, do dream team norte-americano, Charles Barkley, vira sucesso. No intervalo do jogo de estréia dos EUA, ele pede para colocarem a música e dança ao lado da quadra. A torcida vai ao delírio e dança e canta com ele. “YMCA” vira hino dos Jogos para o torcedor norte-americano, que comemora cada medalha ao som do Village People.

Pregando a amizade

Barcelona’1992 mostra a música de Plácido Domingos, Jose Carreras e Luciano Pavarotti. E uma canção gravada por eles, traduzida para o espanhol, “Amigos para siempre”, de Andrew Lloyd Webber, se torna uma marca. “Essa é a música que mais marcou a minha vida, aliás, de todos os jogadores da Seleção Brasileira de vôlei, que foi ouro em 92. Eu sempre arrepio quando a escuto. Ela toca fundo. Essa música simboliza para mim a alegria, a expressão máxima da Olimpíada. Ela é ouro”, diz o levantador Maurício, que irá disputar em Atenas sua quinta edição dos Jogos.

Sem ritmo definido

Chegam os anos 80. Não existe mais um ritmo dominante. Os ritmos caribenhos e africanos começam a despontar. Existe uma espécie de indefinição. O rock ainda tem grande parte da preferência, assim como a música dançante. Surgem o Rap, o Funk. Assim, passam os Jogos de Los Angeles’1984 e Seul’1988. Dança-se de tudo um pouco. A música brasileira ganha espaço. Tantos os velhos, como Caetano Veloso, Rita Lee, Erasmo Carlos, Jorge Benjor, como as novidades, A Cor do Som, Blitz, Joelho de Porco, Eduardo Duzek fazem sucesso.

Bee Gees

O ritmo dançante e alucinante das discotecas está em voga quando começam os Jogos de Montreal’1976. Nos cinemas, “Os embalos de sábado à noite”, com John Travolta e Olívia Newton John repercute como uma espécie de Romeu e Julieta dos tempos modernos. Do filme, o renascimento de um grupo de rock que não chegou a fazer muito sucesso, Bee Gees. “Stayin' Alive” é o grande sucesso da época. A banda chega ao seu ápice. Na Vila Olímpica, os ateltas lotam a discoteca, para dançar os hits do momento. No Brasil, Rita Lee, agora sem Os Mutantes, em carreira solo, faz sucesso com “Ovelha Negra” e os Novos Baianos ganham cada vez mais fãs, inclusive, no meio do esporte.

Reprise

O movimento hippie ganha mais força nos Jogos de Munique’1972, em função do atentado terrorista que provocou a morte de 11 israelenses. O rock progressivo ganhava força. Grupos como o Led Zeppelin, Yes, Uriah Heep, Pink Floyd eram quem ditavam o ritmo. No Brasil a onde do rock e do “paz e amor” dos hippies ganhava força. “Balada de um Louco”, dos Mutantes tem a preferência na delegação. É também quando surgem os ritmos dançantes. Munique oferece aos atletas a primeira discoteca.

Protestos

A metade dos anos 60 foi de turbulência política, de manifestações. Quando da disputa dos Jogos de Roma, o Brasil vivia o período pós-golpe militar. Na América Latina, outros governos militares se instalariam. Nos Estados Unidos, o movimento negro se fortaleceria. Denuciavam o racismo contra os negros. Surgiu o movimento “Black Power”. Nos Jogos da Cidade do México’1968, uma manifestação de peso: dois atletas do atletismo, Tommie Smith e John Carlos, respectivamente medalhas de prata e bronze nos 200 metros rasos, baixaram a cabeça e levantaram o braço direito, cerrando o punho, durante a execução do hino dos EUA. O movimento estava mais que organizado e tinha na música, uma forma de denunciar o racismo. Surge James Brown e o soul. “I feel good” estourou nas paradas de sucesso. Outras músicas vieram a seguir. Seu jeito de dançar, com muito movimento, a grande cabeleira, no estilo black power, eram uma marca, que foi seguida pela grande maioria dos atletas negros que lá estavam. Entre os brasileiros, também haviam protestos. Robert Carlos ainda comandava a Jovem Guarda, mas surgira um novo movimento, a Tropicália, que também tinha como bandeira o protesto, com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Cal Costa, Maria Betânia, Tomzé. “Pra não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré é a música tema dos embarques dos atletas e também nas rodas de brasileiros na Cidade do México. Foi proibida, talvez por isso, virou hino.

Beatles

A história do maior fenômeno musical de todos os tempos passa pelos Jogos de Tóquio’1964: Os Beatles. “Twist and Shout” leva multidões à loucura. É a primeira vez que uma música estrangeira invade um país tradicional e conservador como era o Japão. Os cabeludos de Liverpool embalam os Jogos. Entre os brasileiros, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Sérgio Reis, que marcaram o início do movimento “Jovem Guarda” e João Gilberto, com a “Bossa Nova”, foram marcantes para a delegação brasileira.

Chegada do rock’roll

Roma’1960 é o começo de uma mudança comportamental em todo o mundo. Elves Presley, Bill Harley e seus Cometas são os ídolos da juventude. “Love me tender”, com Elves, embala os casais apaixonados. “Rock around the clock”, com Bill Harley, faz o mundo dançar. Para os atletas brasileiros, novos ídolos. Eles cantam e dançam ao som de Cely Campello, com “Banho de Lua” e “Estúpido Cupido” e “Broto Legal”, de Sérgio. Mas ainda reinavam Frank Sinatra e a música das vitórias brasileiras ainda é “Aquarela do Brasil”.

Novamente Adhemar

Os Jogos de Helsinque’1952 e Melbourne’1956 mostraram não só o maior atleta olímpico brasileiro, Adhemar Ferreira da Silva, que era também um exímio violonista. Instrumento na mão, era ele quem dava o tom da animação dos brasileiros, que encantaram a comunidade olímpica. Adhemar, que foi medalha de ouro no salto triplo, nas duas edições, cantava não só os sucessos aqui do Brasil, mas também internacionais, o que fez com que os norte-americanos o admirassem ainda mais. “Unshined Melody” e “Unforgetable”, de Nat King Cole, o grande nome da música naquele ano, na voz e violão de Adhemar, atraía multidões. E da música norte-americana ele emendava a nossa, com “Aquarela do Brasil”, que ele confessou que mexia muito com ele, por fazê-lo lembrar da pátria, “Naquela Mesa”, de Nélson Gonçalves, “Jardineira”, que explodiu na gravação de Orlando Silva, “Na baixa do sapateiro”, que teve gravação original de Ângela Maria.

Hino Nacional

Veio a Segunda Grande Guerra. O esporte parou. Não haviam Jogos Olímpicos. A retomada, só em Londres’1948, num mundo bem diferente daquele em que Hittler tentou dominar e provas nos Jogos de Berlim, a superioridade de uma raça, a Ariana. Era o tempo das Big Bands. A orquestra de Glenn Miller, mesmo com ele tendo morrido, embalava os casais apaixonados. E porque não os atletas? Londres era o palco ideal para o romantismo. Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, se mantinham no auge. A eles juntara Frank Sinatra e despontava Nat King Cole. No Brasil, Lamartine Babo ainda reinava, com “O teu cabelo não nega”. E era no embalo de Lamartine que os ateltas brasileiros, em especial os do basquete, bronze naquela edição dos Jogos, festejavam as vitórias. Foi também quando “Aqurela do Brasil”, de Ari Barroso, mesmo tendo sido composta na década de 30, se transformou numa espécie de “segundo Hino Nacional”.

Abre-alas

Los Angeles’1932 foi a próxima participação brasileira, já que em Amsterdã’1928, não houve verba para enviar a delegação nacional. Dessa vez, uma delegação de grande porte, com 82 atletas, apenas uma mulher: a nadadora Maria Lenk. Com tanta gente, o ânimo era total. O samba estava no auge. Ismael Silva tinha criado a primeira escola de samba, no Rio de Janeiro: Praça 11. Chiquinha Gonzaga, com seu “Abre-alas”, era mais tocada. Ary Barroso também fazia sucesso, com “Rancho Fundo” e “Como vai você, em gravações de Herivelto Martins e Benedito Lacerda. Foi um período rico na música popular brasileira, pois foi quando surgiram as marchinhas, tudo em conseqüência do Carnaval. Carmem Miranda, Almirante, Lamartine Babom João de Barro eram os reis do novo estilo. Pois a bordo do navio Itaquicê, os brasileiros cantaram e dançaram. “Os quindim de iaiá”, o “Tabuleiro da baiana”, ambos com gravações de Carmem Miranda, abriram definitivamente as portas dos Estados Unidos. E foi para Los Angeles, a sede dos Jogos, que a cantora iria. Os Jogos de Berlim’1936 seguiriam no mesmo embalo, com um grande reforço: o samba de breque, de Moreira da Silva, ou simplesmente “Kid Morengeuria”, com seus “Na subida do Morro” e “O Rei do Gatilho”.

Jura

Vieram os Jogos de Paris’1924. O Brasil levaria a metade do total de atletas que estiveram em Antuérpia: 11. O som das orquestras norte-americanos, em especial de Muddy Waters, invadiu Paris. Um pistonista dos EUA, Loius Armstrong, chamava a atenção, não só pelo som que tirava do instrumento, mas por sua voz rouca. Pela primeira vez, uma música brasileira se vez ouvir nos Jogos. O cantor e compositor da moda, por aqui, era Sinhô. Seu sucesso, “Jura”. Era um período de transformação na musica brasileira. O Maxixe, com Pelo Telefone” era a música mais popular, junto com o chorinho. Mas a influência baiana, de alguns compositores e instrumentistas da Bahia, que migraram para o Rio, acabaram por fazer nascer o samba, que era chamada de “a música do morro”. “Pelo Telefone” era a prova maior dessa mudança. Não era bem vista

Rigidez

O movimento olímpico já tinha notoriedade no mundo na década de 20, mas não no Brasil, onde o esportista era visto como um vagabundo, da mesma forma que o músico. Foi com esse quadro que o País enviou a sua primeira delegação aos Jogos: 22 atletas, na disputa de tiro, pólo-aquático e saltos ornamentais. O mundo passava por uma transformação social e econômica. Vivia-se o pós-Primeira Guerra. E isso não era diferente no esporte e nem na música. Aliás, as notas musicais estão ligadas às olimpíadas desde os seus primórdios. Nos bastidores dos Jogos, uma grande festa de confraternização e nada melhor que a música para esse congraçamento. Foi assim que Antuérpia, na Bélgica, que vivia sob a influência direta da música francesa, começou a dançar sobre os acordes de verdadeiras orquestras de norte-americanos, já que muitos dos atletas dos Estados Unidos eram também músicos. Foi no embalo do jazz e do blues que os atletas dançaram e cantaram. A influência brasileira ainda não se fazia presente. Muito disso, pelo comportamento rígido dos brasileiros, já que um bom número de atletas eram militares.
Curiosidades das Olimpíadas

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