BOLA MUNDI

É melhor aprender árabe...

No Egito, o futebol é visto como assunto nacional, quase uma questão patriótica

postado em 26/07/2018 08:57

Daniel Augusto Jr/Corinthians

A janela de transferências segue a todo vapor. E se já era difícil escapar da mira de europeus e chineses, a situação ficou mais complexa em função do avanço do futebol árabe. Brasileiros atuando nos Emirados Árabes ou no Kwait nem é tão novidade assim, mas, e no Egito, que acaba de contratar leva de brasucas? O fenômeno tem explicação: grana. Petrodólares, para ser mais preciso.

Como um país recentemente envolvido em guerra civil e que teve o futebol paralisado de 2012 a 2013 (após a morte de 74 torcedores em batalha campal durante o jogo Al Masry x Al Ahly) pôde se reerguer? Na verdade, os egípcios contaram com ajuda de um vizinho: o multimilionário Turki Al-Sheikh, presidente da Autoridade Esportiva Geral e do Comitê Olímpico da Arábia Saudita.

Depois de se sentir desprestigiado no Al Ahly (principal clube egípcio, do qual era presidente de honra), simplesmente decidiu comprar um clube, o rebatizou com o (sugestivo) nome de Pyramides e injetou dinheiro. Foram contratados o técnico brasuca Alberto Valentim, membros para a comissão técnica e cinco jogadores: Keno, Ribamar, Arthur Caíke, Carlos Eduardo e Rodriguinho (foto), torrando mais de R$ 120 milhões.

Até aí, tudo bem. Como diriam por aí, faz parte. Mas a coisa tomou proporções um tanto quanto sinistras: Turki Al-Sheikh resolveu contratar também torcedores. A promessa é que cada associado receberá uma espécie de salário se acompanhar ao menos 85% dos jogos da equipe no Nacional. Sem contar sorteios de carros e outros itens para inflar o número de adeptos.

No Egito, o futebol é visto como assunto nacional, quase uma questão patriótica. A liga local permite apenas quatro estrangeiros por equipe, sendo que apenas três podem estar em campo ao mesmo tempo. Al Sheikh promete mudar isso também. É preciso saber até que ponto esta influência externa será aceita no país. Se muitos defendem que o nível do campeonato aumentará, outros acreditam que os atletas locais terão menos espaço. A grana ganhará a queda de braço mais uma vez?

Neymar fora
A ausência de Neymar (pela primeira vez desde 2011) da lista dos 10 dos melhores jogadores do ano causou certa estranheza. Mesmo que o camisa 10 do Brasil não tenha brilhado na Copa, me parece que a Fifa supervalorizou o Mundial, competição em que é possível fazer, no máximo, sete partidas. Se o prêmio diz respeito ao melhor do ano, não há como negar o que Neymar fez em seus primeiros momentos no PSG. O fato de ter ficado fora de combate por praticamente três meses (em função da cirurgia no pé), serve como atenuante. De toda forma, ele deve estar decepcionado.

Não ao Real
Técnico mais jovem da história do futebol alemão, Julian Nagelsmann, de 31 anos, comandante do Hoffenheim, revelou ontem ter recusado proposta do Real Madrid para dirigir a equipe após a saída de Zinedine Zidane, alegando “ser muito jovem” e não “ser bom momento para mudar para o estrangeiro”. Mas quem é esse homem que disse não ao Real? Ex-zagueiro de Munique 1860 e Augsburg, ele teve que abandonar a carreira ainda aos 20 anos, em função de seguidas lesões no joelho. A partir daí, se dedicou à prancheta. E teve excelentes resultados. Começou na base das equipes em que jogou e depois no próprio Hoffenheim. Em 2016, assumiu o time de cima, apenas com 28 anos, sendo essencial para livrar o clube do rebaixamento Apesar de já ter assinado contrato com o RB Leipzig, continuará por mais uma temporada no Hoffenheim.

Festa do Tio Sam
Sempre empolgados com o futebol, os torcedores norte-americanos estão rindo à toa novamente. Não por sua seleção – que nem sequer se classificou para o Mundial da Rússia –, mas sim pela presença de 18 equipes das principais ligas europeias (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra, Itália e Portugal) no torneio amistoso intitulado Copa dos Campeões Internacionais. De hoje até a próxima quarta-feira, serão 14 jogos, com alguns destaques: Arsenal x PSG, Benfica x Juventus, Bayern x City (sábado); Barcelona x Tottenham (domingo), PSG x Atlético de Madrid (segunda); Manchester United x Real Madrid e Barcelona x Roma (terça).