BOLA MUNDI

No Mundial, as zebras têm limites

"Seria emblemático se, além de conquistar o título, Bale superasse CR7, justo a quem tem a missão de substituir como ídolo"

postado em 20/12/2018 08:55

AFP / Giuseppe CACACE
Posso até morder minha língua, mas cravo que o “raio não vai cair duas vezes no mesmo lugar”. Após protagonizar a maior zebra do atual Mundial de Clubes da Fifa ao eliminar um soberbo River Plate na semifinal, não creio que o Al-Ain (foto) terá forças para bater o Real Madrid, sábado, na decisão do título. Assim, o clube merengue consolidará ainda mais sua hegemonia no torneio.

É preciso lembrar que nas últimas cinco edições do Mundial da Fifa, será a quarta final do Real Madrid, que venceu as outras três: San Lorenzo (2014), Kashima Antlers (2016) e Grêmio (2017). Se levantar a taça, o time espanhol se tornará o maior vencedor da história da competição, deixando para trás seu arquirrival Barcelona, que tem três títulos. É fato que o Real ainda não joga por música, como na época de Zidane, mas Santiago Solari fez o time voltar a render: manteve a liberdade para Marcelo, acertou seu meio-campo e teve peito para bancar Lucas Vázquez no time titular ao lado de Benzema e Bale.

O galês, por sinal, terá motivação extra. Decisivo ontem, ao fazer os três gols na vitória sobre o Kashima, chegou a seis em Mundiais e está apenas a um de Cristiano Ronaldo, artilheiro da competição. Seria emblemático se, além de conquistar o título, Bale superasse CR7, justo a quem tem a missão de substituir como ídolo. Bale nunca será Ronaldo, mas pode diminuir um pouco a saudade do gajo...

Se tais fatores já não fossem suficientes, para completar o quadro, até hoje o Corinthians foi o único convidado (representante do país-sede) a faturar o título, na longínqua primeira edição, em 2000. Todas as demais zebras foram superadas: em 2010, o Mazembe foi batido pela Internazionale; o Raja Casablanca foi superado pelo Bayern, em 2013; e o Kashima Antlers perdeu para o próprio Real, em 2016. Os xeques que me perdoem, mas o Al-Ain aumentará essa lista.

Técnico-tampão
Após a demissão – há muito prevista – do português José Mourinho, o Manchester United anunciou ontem o ex-jogador norueguês Solksjaer, ídolo do clube, como comandante interino até o final da temporada. Com experiência de ter dirigido o time B dos Red Devils, Molde (Noruega) e Cardiff, ele deve ‘esquentar lugar’ para Zinedine Zidane. O francês, que deixou o Real Madrid no final da temporada passada, foi sondado, mas só aceita assumir em junho. O United faz campanha decepcionante na Premier League: 6º colocado (26 pontos em 17 jogos), já teve a defesa vazada 29 vezes, mais do que em toda a temporada passada, quando sofreu 28.

Tudo pelos 50
Modric levou o Bola de Ouro, mas nem por isso as disputas individuais entre Messi e Cristiano Ronaldo terminam. A atual é sobre marca considerável: os 50 gols no ano. Em 14 anos de carreira, o argentino conseguiu o feito oito vezes, já incluindo 2018. O lusitano conseguiu sete em 17 anos de profissional. Como balançou as redes 46 vezes este ano, precisa de mais quatro nos últimos três jogos da Juventus (Roma, Atalanta e Sampdoria). O problema é que o técnico Massimiliano Allegri já avisou que pretende poupá-lo ao menos de uma das partidas. Uma vitória sobre a Roma garante à Juve o título simbólico de campeão do turno.

Duelo de líderes
Após perder sua invencibilidade na Bundesliga, ao ser batido por 2 a 1 pelo Fortuna Dusseldorf, o Borussia Dortmund (39 pontos) encara o duelo de amanhã com o vice-líder Borussia Mochegladbach (33), na última rodada do turno, como chance de mostrar que não é um ‘cavalo paraguaio’. Outra missão é manter margem de segurança em relação ao Bayern de Munique, que reagiu após início ruim, já soma 33 pontos e no sábado visita o Eintracht Frankfurt. Depois, a competição será paralisada para o recesso de inverno e só volta no dia 18 de janeiro.

Grupo da morte? 
No sorteio dos grupos da Copa Libertadores’2019, as bolinhas até que foram bem generosas com os clubes brasileiros. Ao menos na teoria, apesar de alguns obstáculos logísticos (altitude e/ou longas distâncias), a maioria não deve ter tanto trabalho para avançar às oitavas de final. A exceção pode ser o Grupo A, que já tem River Plate, Internacional e Alianza Lima e pode contar com o São Paulo, caso o tricolor paulista supere as fases preliminares. Assim, de cara, ao menos um campeão já seria eliminado logo na primeira fase.

Com estreantes
Desvalorizada por muitos, a Copa Sul-Americana cresceu de importância depois que passou a garantir ao campeão vaga na fase de grupos da Libertadores. Em 2019, além das seis equipes brasileiras (Corinthians, Santos, Bahia, Botafogo, Fluminense e Chapecoense), a competição terá três estreantes como atrativo extra: Deportivo Binacional (Peru), Independiente Campo Grande (Paraguai) e Mushuc Runa (Equador), que debutarão em competições internacionais.

Quebrando barreiras
Instituído em 2003 para premiar o melhor jogador sub-21 do mundo em cada temporada, o prêmio Golden Boy de 2018 elegeu um defensor pela primeira vez: o zagueiro holandês Matthijs de Ligyt, do Ajax. Os outros finalistas eram Justin Kluivert (Roma), Alexander-Arnold (Liverpool), Cutrone (Milan) e Vinícius Júnior (Real Madrid). Desde 2003, apenas armadores ou atacantes haviam levado o troféu, entre eles Rooney (2004), Messi (2005), Fàbregas (2006), Agüero (2007), Pogba (2013) e Mbappé (2017). Só dois brasucas tiveram essa honra: Anderson (2008) e Pato (2009).

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