Rússia, um país com muitas surpresas

Com esta reportagem, iniciamos a série sobre a Rússia, país que sediará a Copa do Mundo de 2018. Abordaremos os principais aspectos deste que é um dos mais importantes países do mundo. E vamos começar esta viagem pelo turismo. História, arte, belezas naturais, singularidade arquitetônica, ideologia, negócios, acervo tecnológico, esportes... Haverá sempre mais de uma boa razão para conhecer a Rússia. Quem estiver no país para o Mundial encontrará temperatura amena, já na transição da primavera para o verão – entre 15°C e 30°C – e um amplo repertório que justificaria a visita a qualquer uma das 11 cidades-sede, apresentadas na galeria abaixo. As projeções são de que cerca de 20 milhões de turistas passem por lá neste ano – em torno de 2 milhões especialmente para o Mundial. 

Pablo Pires Fernandes

Em época de Copa do Mundo ou em qualquer data, um brasileiro que chega à Rússia sempre terá um rei a seu favor. O monarca, no caso, é negro, mineiro e se chama Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Falando um inglês primário, o taxista que me conduziu do aeroporto até a casa onde me hospedaria me disse que Pelé era o maior de todos. Obviamente, concordei.

Assim como o taxista, a maioria dos russos fala um inglês básico e, muitas vezes, eles afirmam, em russo, não compreender. Não se trata de antipatia ou rejeição ao estrangeiro. Eles se sentem envergonhados de falar um inglês primário. O fato é que inglês não é língua corrente nas ruas. Em lojas, restaurantes e locais turísticos, não há problema algum. A atendente do Quirguistão vai falar inglês fluente. Algumas vezes, porém, aplicativos de tradução se fizeram necessários para a comunicação. Em geral, a presteza gentil e o interesse real em ajudar são praxe. Pergunte sempre. É raríssimo receber de volta uma cara feia ou um resmungo. 

É fato que saber algumas palavras-chave são importantes. Obrigado (fala-se “spassíba”) e por favor (fala-se “pajáulsta”) são obrigação de qualquer turista educado. Fuçando na internet é fácil achar dicas linguísticas e é bem interessante tentar entender as conversões do alfabeto cirílico para o ocidental. Por exemplo, o “P” é “R”, o “C” é “S”, o “H” é “N”. Assim, ao ler uma placa escrita “Pectopah”, é possível converter para “Restoran”, o que ajuda demais.

 

Apesar de ser temporada de esportes, os russos tendem a ser bastante elegantes nos trajes. Poucos usam tênis – botas e sapatos reinam –, o que evidencia que você é um turista, mas, de qualquer maneira, você nunca vai conseguir se passar por um local, então, assuma e seja feliz como turista. Na Rússia, estrangeiros são bem-vindos.

Em Moscou, não tenha dúvida em se deslocar de metrô. Com estações lindíssimas e uma malha muito eficiente, você fica a 15 minutos a pé, no máximo, de qualquer lugar da cidade. Há vários passes, mas é recomendável um cartão chamado “troika”, que possibilita carregar quaisquer valores (e a corrida custa menos, 35 rublos, cerca de R$ 2). Na compra, é preciso pagar uma “luva” por ele (50 rublos, cerca de R$ 2,90, reembolsável ao devolver o cartão). 

Com relação a dinheiro e conversão, é recomendável levar dólares e não euros. Qualquer banco troca facilmente por rublos e, claro, as taxas de aeroporto são péssimas. É conveniente levar uma quantia mínima para pagar o táxi do aeroporto até o local de hospedagem. 

Aliás, táxis têm preços relativos. Quando cheguei, às 3h, o aeroporto estava deserto e tive que negociar, depois de afastar algum assédio. A tabela do aeroporto estabelecia 7,2 mil rublos pela corrida (cerca de R$ 400), mas acabei pagando 2 mil (R$ 110) após dizer que só tinha essa quantia. Não usei, mas é frequente a dica de que o sistema de Uber funciona bem – e a bom preço – nas cidades russas. 

A Rússia é um país incrível e os russos são bastante camaradas e afetuosos (muito diferente da frieza europeia). Não tem erro se você estiver aberto a aventuras. Senão, tome umas três vodkas e vai dar tudo certo.