Para muitos, a Copa América seria a competição ideal para o técnico Tite iniciar a reformulação da Seleção Brasileira depois do fracasso na Copa do Mundo da Rússia. Porém, ao elaborar a lista para a competição, o treinador deu preferência a jogadores que estiveram com ele no último Mundial, apesar de a equipe não ter passado das quartas de final. Dos 23 atletas chamados, 14 estiveram em território russo, número que é quase o dobro do que ocorreu quatro anos atrás, quando Dunga havia assumido no lugar de Luiz Felipe Scolari. Isso não mudou nem mesmo com o corte do craque Neymar, contundido, que foi substituído pelo armador Willian.
Ele levou em consideração o fato de a competição ser disputada no Brasil. Afinal, a pressão, que já é naturalmente grande, se torna ainda maior em território nacional, como se viu na Copa do Mundo de 2014. E o fantasma dos 7 a 1 para a Alemanha continua assombrando todos nós.
Assim, em vez de começar a montar a equipe para o Mundial do Catar, em 2022, o gaúcho preferiu apostar na experiência de jogadores como os laterais Fagner e Filipe Luís, os zagueiros Miranda e Thiago Silva e os volantes Casemiro e Fernandinho.
“Há uma expectativa alta de conquista, mas temos que saber que ela vem do nosso desempenho. Não sei se (a Seleção) vai ganhar, quero que ela faça seu melhor”, disse Tite, quando da convocação, em maio.
Um dos problemas da estratégia será o menor tempo para experimentar jogadores visando ao Mundial no Oriente Médio. Alguns atletas poderiam ser testados agora, quando há uma competição oficial. Isso, porém, se ocorrer, será na Copa América do ano que vem e nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Catar.
Certamente, muitos dos chamados agora não estarão na lista da próxima Copa do Mundo. O lateral-direito Daniel Alves, por exemplo, terá 39 anos em 2022. Já o zagueiro Miranda terá 38.
Ao menos os homens de frente são jovens. Gabriel Jesus e Richarlison têm atualmente 22 anos, enquanto Everton Cebolinha é um ano mais velho. Assim, terão todas as condições de chegar ao Catar no auge físico e técnico.
APOIO Para tentar o título, além de jogadores conhecidos, Tite conta com o apoio da arquibancada. Duas das três partidas da fase de grupos serão em São Paulo, onde a torcida costuma ser bastante crítica. Com atletas reconhecidos e admirados pelo público, o apoio pode ser maior. O outro jogo será na Fonte Nova, em Salvador.
TITE
Mais experiente, o gaúcho de Caxias do Sul tenta evitar novo fracasso no comando da Seleção Brasileira. Apesar das atuações abaixo do esperado na Copa do Mundo da Rússia, ele foi mantido no cargo, muito em função do perfil ponderado e avesso a polêmicas, ao contrário dos antecessores Dunga e Luiz Felipe Scolari.
RICHARLISON
O ex-jogador do América, atualmente no Everton-ING, aproveitou como poucos a oportunidade na Seleção Brasileira. De opção para o lugar de Pedro, do Fluminense, que se contundiu quando estava convocado em agosto do ano passado, ele se tornou presença constante nas listas de Tite e é esperança de gols e assistências em um time com DNA bastante ofensivo.
O GRUPO
Alisson
Chega à Copa América embalado pela conquista da Liga dos Campeões com o Liverpool, com direito a grandes atuações
Ederson
Também goleiro de um grande clube, o Manchester City, é atual bicampeão inglês e garantia de segurança na falta do titular
Cássio
Homem de confiança de Tite desde a época em que ele treinou o Corinthians, segue em alta com o treinador
Marquinhos
Reserva na Copa’2018, deve começar a competição como titular, ao lado de Miranda, se cacifando para 2022
Miranda
Com 34 anos, Miranda tem na experiência o trunfo para seguir titular, mas isso pode ser também seu calcanhar de aquiles
Éder Militão
É o mais novo entre os zagueiros convocados e chega com moral elevado depois de ser contratado pelo Real Madrid
Thiago Silva
Outro de 34 anos, carrega no currículo convocações para as últimas três Copas. Porém, fracassou junto com a equipe e enfrenta desconfiança
Dani Alves
Convocado desde 2007 e titular desde 2011, volta a disputar competição com o Brasil depois de ficar fora do Mundial’2018
por lesão
Fágner
Aos 30 anos, tenta reconquistar a titularidade. A contusão na coxa esquerda é outro problema que o atrapalha
Filipe Luís
Também bastante experiente 33 anos) e com muitas convocações no currículo, pode estar na última competição pelo Brasil
Alex Sandro
Na mesma situação de Fágner, com a vantagem de estar vindo de temporada vitoriosa na Itália. Com 28 anos, almeja a Copa’2022
Casemiro
Depois de disputar a Copa América Centenário, em 2016, e o Mundial, em 2018, volante do Real segue com lugar cativo no time de Tite
Fernandinho
Dificilmente estará no próximo Mundial, mas segue em alta com Tite, que o considera um líder, tendo disputado as duas últimas Copas
Allan
Começou a ser convocado apenas no ano passado, mesmo já tendo 28 anos, em função de boas atuações pelo Napoli
Lucas Paquetá
Já vinha se destacando no Flamengo e desde que foi para o Milan cresceu muito, justificando a convocação
P. Coutinho
Convocado para a Seleção Brasileira desde 2010, quando tinha 18 anos, ainda se espera que ele seja o comandante que a Seleção precisa
Arthur
Protagonista no Barcelona, é uma das apostas de Tite para esta Copa América, na qual pode ganhar importante experiência
Willian
Convocado em virtude do corte de Neymar, jogador do Chelsea tenta recuperar o prestígio perdido, no que pode ser a despedida da Seleção
Richarlison
Aproveitou a chance que teve com a contusão de Pedro, em 2018, e não deixou mais de ser lembrado. Mantém o faro
de gol
R. Firmino
Tem moral com Tite e chega credenciado pela boa temporada com o Liverpool, com o qual foi campeão da Liga dos Campeões
Gabriel Jesus
Sem Neymar, se torna a grande esperança do futebol bonito da Seleção. Tem chance de apagar a má imagem deixada na Rússia
David Neres
Depois de comandar o Ajax na surpreendente campanha na Liga dos Campeões, tenta aproveitar a primeira convocação
Everton
Muito objetivo, chamou a atenção da comissão técnica depois de ser um dos destaques do Grêmio nas últimas temporadas