COLUNA DO JAECI

No Dia da mentira, começa a decisão do Mineiro

No aspecto técnico-tático, o Cruzeiro é tido como o melhor time. Já o Atlético tem um técnico que é uma aposta da diretoria, um time em formação, em busca de uma identidade

postado em 01/04/2018 10:00

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
Atlético e Cruzeiro começam a decidir o Campeonato Mineiro justamente hoje, 1º de abril, “Dia da mentira”. E uma mentira são todos os campeonatos estaduais do país, pois nada acrescentam na vida dos grandes clubes, que jogam três ou quatro meses contra adversários inexpressivos, em sua maioria, correndo riscos de contusões sérias, como a de Fred, que ficará oito meses parado, ou com a demissão de um técnico, normalmente quando perde o título. Há tempos sou a favor do fim dos estaduais, mas já que não é possível, que os clubes repensem suas fórmulas e que encontrem uma maneira de torná-los mais atraentes, rentáveis e com jogos de alto nível. No caso do Campeonato Mineiro, para o América e as equipes do interior é um título importante. Para Galo e Raposa, apenas mais uma taça, que o torcedor já nem se importa mais. É sabido que Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores e Mundial Interclubes são as competições atraentes. Como o Brasil é o país da mentira, roubalheira e corrupção dos políticos, tudo vale no dia 1º de abril.

Espero que tenhamos um jogo com respeito dos colegas de profissão que estarão em campo. O que temos visto ultimamente são provocações de ambos os lados, principalmente nas redes sociais. Os jogadores não percebem que isso incita bandidos travestidos de torcedores, que vão para “matar ou morrer”, como entoam em seus cânticos covardes. Jogadores milionários, que acham que o dinheiro compra berço ou educação. Jamais. O que você recebeu de seus pais até os 10 anos é o que forma seu caráter e sua conduta. Alguns jogadores são multimilionários, mas jamais terão aquilo que o homem, no sentido universal da palavra, precisa ter: conduta reta, berço e caráter. Achincalhar companheiros de profissão após vitória ou derrota é conduta, no mínimo, irresponsável, principalmente pela violência que vivemos. Nos 90 minutos os jogadores são adversários, jamais inimigos. Que as rusgas fiquem apenas dentro de campo, e que ao apito final eles se conscientizem de que devem ser exemplo para a garotada que os têm como ídolos. E ídolos não podem errar.

No aspecto técnico-tático, o Cruzeiro é tido como o melhor time. Tem um técnico renomado, que comanda o clube há um ano e oito meses, jogadores experientes e tecnicamente reconhecidos, e um grupo que faturou a Copa do Brasil recentemente. Um time mais bem montado e bem armado. Já o Atlético tem um técnico que é uma aposta da diretoria, um time em formação, em busca de uma identidade, com alguns jogadores que não têm a mínima condição de vestir a camisa alvinegra. Só de pensar que Patric está de volta, e que Luan é “solução”, o torcedor desanima. Aliás, sobre esse jogador, que sem dúvida nenhuma corre o campo todo de um lado para o outro sem ter uma posição definida, é sabido que a torcida o adora, justamente por ser guerreiro e honrar a camisa. Porém, um clube de futebol precisa muito mais do que isso. Outro dia, o Atlético homenageou Luan por 100 jogos pelo time. No clube desde o início de 2013 , Luan teria jogado apenas um terço das partidas – o que é muito pouco em relação ao custo-benefício.

Mas os problemas do Atlético não se resumem a Luan. Há problemas na zaga, na lateral direita e a necessidade de um camisa 10 de verdade. Otero não é esse cara. É apenas e tão-somente um grande chutador de longa distância. Cazares tem talento e técnica, mas joga uma partida e some 10. Parece não ter ambição e não saber o tamanho do time pelo qual joga. Deveria empenhar-se mais, pois a chance que o Atlético lhe dá é de ouro. Ele é apenas um jogador equatoriano e, sinceramente, não conheço um grande jogador daquele país. O Galo é um time em formação, buscando uma identidade, com sérios problemas financeiros, mas muita vontade de acertar. O presidente Sérgio Sette Câmara, em bela entrevista ao Superesportes, abriu o verbo e falou, com a sinceridade que lhe é peculiar, dos problemas vividos. Esse Atlético não é um time pronto para conquistar títulos nesta temporada, mas como o futebol brasileiro está em baixa, com jogos sofríveis e nenhuma equipe referência, não será surpresa se o Galo levantar o Mineiro.

Já o Cruzeiro, que investiu fortuna na contratação de jogadores considerados excelentes, mas que, na minha visão, não acrescentam nada ao clube, casos de Bruno Silva, Mancuello, Fred e outros menos votados, tem um bom time, entrosado e um técnico que sabe como mexer o doce. Teoricamente, é mais time no momento. Porém, o futebol não tem lógica e não é ciência exata. Se o Cruzeiro jogar o que jogou nos jogos decisivos da Copa do Brasil, levanta o caneco até com certa tranquilidade. Se o futebol, porém, for o desta temporada, tenho minhas dúvidas. Passados três meses, não vi uma partida sequer do Cruzeiro que me enchesse os olhos. Que tenhamos, acima de tudo, um clássico da paz.

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