COLUNA DO JAECI

Hora de dar satisfação à torcida

O que se espera no Mineirão é um time no mínimo comprometido em jogar bem. Vitória será consequência

postado em 25/04/2018 12:00 / atualizado em 25/04/2018 09:11

Paulo Filgueiras/EM/D.A Press

A diretoria do Cruzeiro chamou o técnico Mano Menezes para uma conversa. Depois, com ele, os dirigentes foram conversar com os jogadores, para saber o motivo da péssima fase do time, que só ganhou no Campeonato Mineiro. No Brasileiro e Libertadores, está na seca. Em 9 pontos disputados na competição sul-americana, o time azul marcou apenas dois, o que é muito preocupante.

Tão logo acabou o jogo contra o Fluminense, gravei um post para o blogs.uai.com.br/alterosanoataque, mostrando minha preocupação com o péssimo momento da equipe. Com quase 4 mil visualizações no meu Instagram, @jaecicarvalhooficial, a maioria esmagadora concordou, mas uma meia dúzia disse que era onda, para desestabilizar o time. Ora, nossa função é relatar aquilo que se passa e alertar para que o rumo seja corrigido. Claro que há torcedores travestidos de jornalistas, que puxam o saco, babam o ovo e por aí afora. A mim, não importa se é Cruzeiro, Atlético ou América. Se há um problema, é preciso pôr o dedo na ferida, e o problema do Cruzeiro é falta de futebol. Há alguns jogadores de qualidade, mas há também alguns engôdos. O futebol praticado na Copa do Brasil, que culminou na conquista, não foi brilhante, mas quando se ganha uma taça tudo é mascarado.O Cruzeiro manteve aquela base e ainda se reforçou. Isso gerou uma expectativa de que o time seria o mais forte do Brasil. Na teoria sim, na prática bem aquém do esperado.

Quanto aos reforços, que custaram mais de R$ 60 milhões, quem lê minha coluna sabe que sempre questionei. E a realidade está aí para quem quiser ver. Egídio, Mancuello, Bruno Silva, Fred, David, até agora, deram em nada. E não vão dar. Egídio e Mancuello sempre foram reservas. Bruno Silva surgiu no Botafogo aos 32 anos. Fred foi aquele artilheiro maravilhoso até 2013. David somente agora estreou, e não me agradou. Edílson, para mim, é o único aprovado. A base da temporada passada caiu de produção. É bem verdade que Thiago Neves nunca foi o craque do time. Algumas partidas boas, outras ruins, oscilando como um jogador bem normal. De Arrascaeta, com potencial exuberante, me agrada. O restante do time é composto por jogadores comuns, exceto, é claro, o injustiçado goleiro Fábio, o melhor do Brasil há 10 anos.

O jogo de quinta-feira, contra o Universidad de Chile, em Santiago, era o da “vida” do time, mas o empate sem gols foi um balde de água fria. O de amanhã, no Mineirão, contra o mesmo adversário, também é o “jogo da vida”. Um empate e a coisa vai se complicar ainda mais em termos de classificação à próxima fase da Libertadores. Derrota, então...

Na verdade, de forma inteligente, Mano Menezes já cravou vitória azul, com grande futebol. Se ele falou, o torcedor acredita, embora haja uma boa parte que não goste do seu trabalho. Particularmente gosto. Acho Mano muito correto, ético e bom treinador. Só que o estilo dele é diferente do empregado no Cruzeiro há décadas. Não esperem um time jogando bonito, fazendo muitos gols. De jeito nenhum. Mano e seu fiel escudeiro, Sidnei Lobo, têm um estilo mais conservador, de boa marcação. Amanhã, porém, vencer por “meio a zero” já estará de bom tamanho.

O que se espera no Mineirão é um time no mínimo comprometido em jogar bem. Vitória será consequência. A iniciativa do Cruzeiro de comparar esta Libertadores com a de 1997, quando foi bicampeã, não deu certo. Naquela época, perdeu as três primeiras partidas, mudou o treinador, ganhou as outras três, classificando-se em segundo lugar e arrancando para o título. Os dirigentes acham que agora será assim também. O tiro saiu pela culatra e, pelo que li no Superesportes, o torcedor não gostou nem um pouco desse tipo de comparação.

Por enquanto, o Cruzeiro ainda depende dele para chegar à segunda fase, mas se não vencer amanhã o caldo vai entornar. E não adiantarão justificativas de que pode ganhar a Copa do Brasil e o Brasileiro, pois todas as fichas foram apostadas na Libertadores. Eliminação na primeira fase será uma grande vergonha e provocará uma revolução no clube. Num grupo com Universidad de Chile, Racing e Vasco, o Cruzeiro não conseguir se classificar, será mesmo um vexame histórico. O torcedor vai fazer sua parte, lotando o Mineirão. Resta saber se os jogadores entenderão a mensagem e vão resolver jogar futebol. O que temos visto contra equipes do seu tamanho é tudo, menos futebol de verdade.

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