Mineirão lotado. O Cruzeiro receberá o Santos hoje, às 19h30, no Mineirão, a “Toca 3”, como gostam de chamar os torcedores azuis. A vantagem é imensa, não pelo 1 a 0 conseguido na Vila Belmiro, no jogo de ida, mas sim pela fragilidade do Santos neste momento. Contratado como “salvador da pátria”, Cuca pouco pôde fazer e ainda não venceu. Sei que jogos mata-matas são traiçoeiros, mas pela força do time mineiro em casa e pela fase, acho que avança às semifinais da Copa do Brasil pela terceira vez consecutiva. E, provavelmente, vai encarar o Palmeiras, que enfrenta o Bahia hoje. O Cruzeiro tem vencido seus jogos sem grande futebol. Mas é o que tem para hoje. Um time muito defensivo, mortal nos contra-ataques, mas que não joga bonito. Diz a máxima que a escola azul é de toque de bola e futebol vistoso. Atualmente, porém, é mais pragmático e defensivo, não há como negar. Porém, se está dando certo assim, o torcedor não quer nem saber. Quer comemorar as classificações e ponto.
De Arrascaeta tem sido o grande nome do time, e não Thiago Neves, contratado pela gestão anterior a peso de ouro. O problema das equipes brasileiras é que elas querem repatriar atletas que desempenharam grande função no passado, mas se esquecem que com os anos e o futebol jogado no mundo árabe, por exemplo, que foi o caso de Thiago Neves, a performance não é a mesma. Mas Thiago tem sido um profissional exemplar e esforçado. Não é aquele finalista da Libertadores em 2009 pelo Fluminense, mas é de grupo e tem feito o que pode para justificar parte de sua contratação. E depois que ele chegou ao clube, o futebol do uruguaio De Arrascaeta cresceu. Isso já é um ponto positivo.
Quero abrir um parêntese para o zagueiro Dedé, um monstro na zaga, com atuações beirando a perfeição. Claro que ele será convocado por Tite, até mesmo para corrigir a injustiça de não ter disputado o Mundial da Rússia. Está jogando demais. Pelo chão ou pelo alto é soberano, sem dar chances aos atacantes. E tudo isso depois de ficar quase dois anos inativo por graves problemas no joelho, com cirurgias e mais cirurgias. Dedé é um exemplo de superação e vontade. Se estivesse inteiro nesses anos todos, não estaria mais no Cruzeiro e, sim, no Real Madrid. A convocação de Dedé é líquida e certa, pois Tite não seria louco de esquecê-lo, sob pena de ser questionado de forma veemente por todos nós. Dedé é uma segurança à zaga, aliado a outro monstro, o goleiro Fábio, que, infelizmente, nunca tem sua chance real no time canarinho. Provavelmente, Tite vai manter Alisson, aquele que tomou nove gols do Liverpool em dois jogos e que não fez uma defesa sequer na Copa. São as incoerências dos técnicos. Aliás, vi que Tite estava no Maracanã na segunda-feira para analisar Fluminense x Internacional. Alguém me aponte um jogador dessas duas equipes que está pronto para a Seleção. Muitos dirão que o artilheiro Pedro, jovem, de 19 anos. Ok, que ele seja convocado, mas pronto, pronto, não está. É mais uma promessa do futebol brasileiro. O problema é que na hora H, Tite leva só os jogadores que atuam no exterior, aqueles que se escondem da imprensa, que vão curtir os balneários europeus após as eliminações em Mundiais.
Muitos apostam que ele vai dar folga a Neymar e não vai chamá-lo para os jogos nos Estados Unidos. Porém, a CBF quer tê-lo em Nova Jersey, dia 7, e Washington, dia 11 de setembro. É sabido que os jogos são vendidos pela Pichi, empresa inglesa que detém os direitos dos jogos da Seleção e, caindo ou em pé, Neymar é a única estrela da companhia. Voltando a falar de Cruzeiro e Santos, esse horário de 19h30 a mim agrada também. Num país em que 65 mil pessoas são assassinadas por ano por arma de fogo ou branca, é realmente um crime pôr jogos às 21h45. É sabido que quem detém os direitos de transmissão pagou por isso e põe a grade de acordo com suas necessidades. É importante os clubes perceberem isso na hora de assinar contrato. Porém, de pires na mão, eles aceitam qualquer esmola.
O Cruzeiro tem a faca, o queijo e a goiabada nas mãos – tanto na Copa do Brasil quanto na Libertadores. E, em pesquisa dos companheiros do portal Superesportes, ficou comprovado que o time azul jamais deixou de avançar quando venceu o jogo de ida. Que isso sirva de exemplo e que continue assim. A torcida vai dar aquela força, com ingressos a preços razoáveis. Restará aos jogadores fazer um belo espetáculo, correr, suar, brigar pela bola em cada centímetro do campo, não se esquecendo, é claro, da qualidade. É ela quem decide os jogos, embora os grandes jogadores estejam escassos. Mas o Cruzeiro tem o mesmo técnico há dois anos. Os mesmos jogadores deixados pela gestão anterior, mais do que entrosados e sabedores do que devem fazer. Só mesmo uma fatalidade para tirar a vaga do Cruzeiro. Mas, não subestimem Cuca. É um grande técnico, estrategista, e poderá tirar leite de pedra. Todo cuidado é pouco. Vale lembrar o ditado “porco magro é que suja a água”, e o Cruzeiro não vai querer que sua gente passe por esse dissabor.
Treinos fechados
Faço um apelo aos técnicos e vou continuar insistindo nisso. Já que querem fazer treinos fechados, copiando os europeus, que nos deem futebol do nível do jogado no Velho Mundo. Esconder treinos para mostrar pouca qualidade, nenhuma jogada ensaiada e times horrorosos é apenas para “inglês ver”. Ganham a antipatia da imprensa e a gozação dos torcedores. Quando conseguem triunfar, uns poucos idiotas dizem que foi graças ao treino secreto. O futebol brasileiro é mesmo uma piada. Eles dizem que treinam jogadas na chamada bola parada, e que ninguém deve ver ou mostrar nas TVs. Só que esquecem de combinar com os adversários e na hora do jogo nada acontece.