COLUNA DO JAECI

Um técnico que nunca reconhece o mau futebol de sua seleção

Nunca vi a Seleção sem um maestro em campo. Eu poria Neymar na função de armador. O cara é o único que sabe jogar bola, diferente, embora eu tenha muita restrição ao seu futebol

postado em 18/11/2018 12:00

Lucas Figueiredo/CBF
Londres – “Rolando Lero” continua aprontando com um linguajar rebuscado, no qual a palavra “oportunizar”, que nem sequer existe no dicionário da língua portuguesa, é recorrente. De futebol, está provado, entende pouco. As atuações da Seleção sob o comando dele são pífias. Tem enganado muita gente, mas jamais enganou os atleticanos, pois foi o responsável direto pela queda do time em 2005. Sim, Tite é essa figura absolutamente simplória, mostrando um futebol pouco convincente, descaracterizando totalmente o estilo de jogo da Seleção Brasileira. O Brasil da arte, do toque de bola, dos grandes jogadores no meio-campo não existe mais. Quando a gente olha Renato Augusto titular, realmente há algo muito errado. Um jogador absolutamente comum, assim com o Paulinho. A explicação é simples: existe uma confraria na Seleção. Ambos foram campeões com Tite no Corinthians. Paulinho nos entregou em duas Copas. Renato Augusto foi machucado para a Rússia e só se recuperou a tempo de jogar contra a Bélgica, no segundo tempo. Fernandinho voltará a qualquer momento, assim como Thiago Silva, Marcelo, Daniel Alves e outros engodos. Dirão os torcedores que os caras são campeoníssimos em seus clubes. Verdade. Eu também seria se tivesse ao meu lado Messi e Cristiano Ronaldo.

O futebol da Seleção sob o comando de Tite é pragmático e previsível. Não adianta ele usar linguagem rebuscada e, como citei acima, equivocada. Engana parte da imprensa, que vive babando seu ovo, mas não engana aqueles que conhecem o futebol verdadeiro. Outro dia, conversando com um grande craque do passado, cujo nome não vou revelar, ele me disse que hoje qualquer um escreve, cria blog, dá opinião em rede social. Por isso o jornalismo está tão decadente. Antigamente, quando comecei minha carreira na década de 1980, eu entrava na redação de um jornal ou de uma TV e tinha admiração pelos profissionais que trabalhavam lá. Vou citar alguns casos: na extinta TV Manchete, tive a honra de trabalhar com João Saldanha. No Estado de Minas, com Daniel Gomes e Arnaldo Vianna. Na cobertura da Seleção Brasileira, com Oldemário Touguinhó. Na TV Globo, com Armando Nogueira. Vejam, senhoras e senhores, quanta referência. Hoje você liga a TV e vê um montão de bobo comentando o que não conhece, como se fossem os donos da verdade. Uma empáfia!

E, assim como o jornalismo, o futebol brasileiro vai para o mesmo brejo. Nunca vi a Seleção sem um maestro em campo. Eu poria Neymar na função de armador. O cara é o único que sabe jogar bola, diferente, embora eu tenha muita restrição ao seu futebol. Porém, não há como negar que em “terra de cego quem tem um olho é rei”. E Neymar é esse cara. Está bem abaixo da maioria de seus pares, e quando digo isso não o estou comparando a Messi e Cristiano Ronaldo, que estão léguas distantes dele. Estou comparando com Hazard, De Bruyne e outros. Esse é o nível de Neymar. Tite insiste em pô-lo entre os três melhores do mundo. Porém, está equivocado outra vez. Aliás, equívoco é a palavra certa para definir esse treinador. Ele nunca admite que sua equipe joga mal. Nas coletivas, leva todos os auxiliares com números e estatísticas, como se isso fosse resolver a questão. Balela. Futebol nunca foi matemática. E no meio dos auxiliares, seu filho, Matheus. Fosse cargo público, seria nepotismo. Realmente, o brasileiro se cansou de Tite. Foi unanimidade quando pegou terra arrasada, mas logo o torcedor percebeu o engano. Tite é apenas mais do mesmo. Um técnico retranqueiro, com conceitos ultrapassados.

O Brasil já não produz os craques do passado, mas ainda há uma boa safra, surgida recentemente: Arthur, Vinícius Junior, Pedro, Paulinho, Rodrigo, Richarlison, e por aí afora. Garotos que, se trabalhados nas mãos de um técnico de verdade, darão resultado. Infelizmente, os europeus nos superaram em técnica. No passado, eram referência na força e na tática. Hoje, nos superam em tudo. Culpa dos técnicos, principalmente dos gaúchos, que implantaram o futebol de força, no qual driblar e criar jogadas é proibido. Desde que Parreira e Zagallo largaram a Seleção, em 2006, na Alemanha, o Brasil só teve treinadores gaúchos e de lá para cá nosso futebol só caiu em qualidade. Nada contra o Rio Grande do Sul, e sim contra os técnicos gaúchos, aqueles que mandam pegar, bater, quebrar. É o lema deles. Não vejo outra solução se quisermos pensar em hexa ou em fazer uma boa campanha em 2022 a não ser substituir esse técnico. Ele prega que a Copa América será decisiva para sua permanência. Bobagem. O Brasil tem muitos títulos da Copa América e o torcedor nunca se importou com eles. Prefiro ver o time perder a competição, mas jogando futebol de primeira linha, a ganhar com essa mentalidade de Tite. Decisão é um jogo em que tudo pode ocorrer, mas chegar à final jogando com qualidade nos daria um alento. Como não acredito em Tite, não me iludo. Terça-feira temos Brasil x Camarões, no último teste do ano, aqui na Terra da Rainha. Vamos ver qual será a próxima “lereia do professor Rolando Lero”?

Fim da Era Low
A Alemanha foi rebaixada para a Segunda Divisão da Liga das Nações ao terminar em último lugar no grupo que tem França e Holanda. Essa competição é estranha, logo depois de uma Copa do Mundo. A verdade é que o tempo de Joachim Low à frente dos tetracampeões do mundo acabou. A Alemanha passa por um processo de renovação do grupo, e a presença de um novo técnico seria fundamental. Eu gosto de Klopp, técnico do Liverpool. Fosse eu o presidente da Confederação de Futebol Alemã, o contrataria hoje com um projeto de mais 12 anos. Os alemães têm a tradição de manter técnicos por longos períodos. Helmut Schön comandou os bávaros por 20 anos e foi campeão em 1974.

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