COLUNA DO JAECI

Se for minha última coluna, meu muito obrigado ao povo mineiro

Não sei se vou voltar a escrever no ano que vem. Para a alegria de alguns poucos, e para a tristeza de muitos, estou de saco cheio. A gente precisa ter prazer para escrever sobre futebol

postado em 26/12/2018 12:00

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Esta é a minha última coluna. Sou um crítico ferrenho do futebol que se pratica hoje, justamente por ter vivido a época de ouro do esporte bretão. Se hoje a Champions League é referência, num passado não tão longínquo os campeonatos no Brasil eram a referência. Quem contava com Pelé (foto), Rivellino, Gérson, Zico, Reinaldo, Éder, Cerezo, Falcão, Dirceu Lopes e tantos outros monstros sagrados, não tinha mesmo motivos para invejar nada. Os europeus eram disciplinados, com física e tática exuberantes. Porém, com uma técnica apurada, qualidade no dribles, passes e gols dominávamos os “cinturas dura” e ganhávamos tudo em cima deles. Claro que uma Copa do Mundo não é tão simples ganhar, mas somos os únicos pentacampeões do mundo, e no último grande título, em 2002, tínhamos Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho. Não precisa dizer mais nada. Em 2006, ainda tínhamos essa turma, mas os craques já não estavam tão motivados. Depois disso, é um vexame atrás do outro, com jogadores medíocres sendo convocados.

Eu não diria que é uma Seleção Brasileira de empresários, mas o torcedor diz. Renato Augusto, Paulinho e Fernandinho não podem e não deveriam jamais vestir a camisa amarela. Não têm e nunca tiveram bola para tal. Marcelo, Daniel Alves, Thiago Silva são jogadores de clubes, não de seleção. Ainda assim, nosso técnico continua na contramão da história. Tivemos dois centroavantes nas duas últimas Copas do Mundo – Fred e Gabriel Jesus – que não souberam fazer gol. Uma vergonha! E, ainda assim, insistimos com os técnicos gaúchos, justamente eles, que acabaram com o nosso futebol, com o linguajar “pega, mata a jogada, não dribla”. O drible hoje é proibido. Para certos treinadores, é um crime o jogador fazer uma jogada bonita. O Palmeiras, de Felipão, é um exemplo. Joga feio, foi campeão, mas os torcedores adoram. Essa juventude que nunca viu o futebol de verdade e que acha que Felipe Melo e Dudu são referências.

Sim, sou saudosista, nunca neguei. Tenho 58 anos e tive o privilégio de ver os melhores jogadores do mundo em ação. Foram eles que me ensinaram a gostar do esporte bretão desde que nasci. Aos 6 anos, meu saudoso pai me levou ao Maracanã para ver Bangu 3 x 0 Flamengo. Assim como meu pai, que era militar severo, torci pelo Flamengo e até hoje sou rubro-negro. A gente troca tudo na vida, menos de time. Na minha época, quando isso ocorria, chamávamos o cara de “vira-casaca”. Quando recebo mensagem dos jovens dizendo que Messi é melhor que Pelé, dá vontade de chorar. Messi é um gênio da bola, e está entre os melhores de todos os tempos, mas Pelé, o Rei, esse é incomparável, inigualável. Pelé está numa prateleira, isolado. Depois vêm Garrincha, Didi, Nílton Santos, Reinaldo, Zico, Gérson, Rivellino, Dirceu Lopes e outros. Perguntem aos que estão vivos e eles vão concordar comigo. É ruim estar descrente do futebol. É uma paixão que tenho e que, aos poucos, vai esfriando. São muitas as desilusões.

Não sei se vou voltar a escrever no ano que vem. Para a alegria de alguns poucos, e para a tristeza de muitos, estou de saco cheio. A gente precisa ter prazer para escrever sobre futebol. Quando ele chega nesse nível tão ruim, a gente desanima. Sei que é um período nostálgico este de fim de ano. Já pensei em parar várias vezes, mas quando o ano novo começa, tenho novas motivações. De qualquer forma, se for a minha última coluna, agradeço ao povo mineiro, que, em sua esmagadora maioria, sempre me deu carinho e amor. Todos sabem que não sou atleticano nem cruzeirense, mas sempre escrevi sobre esses clubes com o mesmo amor que tenho pelo meu Flamengo. Aliás, trabalhando, sempre esqueci minha primeira paixão em prol do futebol mineiro. A todos os meus leitores e leitoras o meu muito obrigado, de coração. Que o ano de 2019 seja de muita saúde, sucesso e realizações, e que possamos ter um Brasil menos violento, que respeite sua gente, onde o prazer de cantar o hino nacional seja devolvido à população. Feliz 2019, sempre com Deus no comando!

Esta coluna entra em recesso a partir de hoje

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