COLUNA DO JAECI

Artilheiro do Galo é um exemplo a ser seguido

Os tempos mudaram e o que vemos hoje são jogadores mais preocupados com a noite e as festas do que com o campo de jogo. Esquecem que representam as instituições e não se preocupam com a imagem

postado em 07/02/2019 12:00 / atualizado em 07/02/2019 08:48

Leandro Couri/EM/D.A Press
Ricardo Oliveira (foto) vive grande fase. Sete gols em quatro jogos, com um começo de temporada avassalador. Aos 38 anos, desafia o tempo, as pernas e a longevidade. É um atleta, na acepção da palavra, pois sempre se cuidou, nunca foi de farras ou de comportamento que não condiz com a vida de um atleta. Os tempos mudaram e o que vemos hoje são jogadores mais preocupados com a noite e as festas do que com o campo de jogo. Esquecem que representam as instituições e não se preocupam com a imagem. Claro que todo atleta tem o direito de se divertir, mas tudo a seu tempo e a hora, sem excessos. Comentei no meu blog, no Superesportes e portal Uai, sobre a reunião que a Juventus fez com Douglas Costa. Ele se envolveu em um acidente de carro na segunda-feira. Seu veículo ficou destruído, mas ele nada sofreu. A motorista do outro veículo teve ferimentos leves e foi conduzida ao hospital. Douglas não se importou com isso e seguiu para Paris, para a festa de Neymar. Como era seu dia de folga, a Juventus não pôde puni-lo, mas o chamou para dizer que ele deveria ter cancelado a ida à festa e ficado em Turim para prestar assistência à condutora, que saiu machucada. Para alguns jogadores, que se sentem acima do bem e do mal, a vida alheia pouco importa. Porém, Douglas tem de entender que ele representa a instituição Juventus e que tem deveres e direitos.

Já falei aqui sobre o ex-goleiro da Seleção Alemã e do Bayern de Munique Oliver Kahn. Ele estava lesionado e não podia jogar pelo Bayern. Estava em tratamento fisioterápico. Porém, numa determinada noite, resolveu ir a uma boate. No dia seguinte, o Bayern soltou comunicado oficial multando o jogador em 20 mil euros, pois se ele não tinha condição de jogo, não deveria estar numa boate. Na Europa, a coisa é séria e funciona mesmo. No Brasil, os dirigentes passam a mão na cabeça dos jogadores, dizem que vão multar, combinam uma mentira e fica por isso mesmo. Não há respeito à instituição. O caso mais recente foi a postagem de Thiago Neves, fazendo uma infeliz alusão ao rebaixamento do Atlético em 2005 e falando da tragédia em Brumadinho. Mesmo tendo apagado o post e se desculpado, ele deveria ter a atenção chamada pelo Cruzeiro. Afinal de contas, representa a instituição e deve satisfação a ela. Conheci o presidente do Cruzeiro, Wagner Pires, no sorteio da Copa América, e tive excelente impressão. Parece-me  um homem de pulso forte e muito bem-intencionado. Espero que ele chame a atenção do atleta, lembrando que o Cruzeiro está acima de tudo, como instituição gigantesca e respeitada mundialmente.

Também abordei o fato de Neymar fazer festa para 500 pessoas em Paris, mesmo lesionado no pé e correndo risco de nova cirurgia. Vejam a diferença: enquanto Cristiano Ronaldo, que vive grande fase e não sofre com contusões, comemorou seu aniversário com os familiares, não se expondo, Neymar preferiu os holofotes, as aparições em redes sociais ou colunas sociais. Sempre mal orientado e cercado de parasitas, Neymar vai construindo uma carreira de fama e dinheiro, mas aparece cada vez menos em campo. E antes que ele diga que estou com inveja por não ter sido convidado para a festa, como disse ao craque Neto, da Bandeirantes, vou logo declarando que não se trata disso, pois não sou seu amigo e não gostaria de estar naquele ambiente. Estou criticando o momento inadequado para uma festa dessa proporção. Acho que ele deve sempre comemorar a vida, mas não deve se expor dessa maneira, ainda mais pelo momento de dor que vive.

Os jogadores de futebol hoje ganharam status de celebridades. Alguns são comparados a astros de cinema e acham que podem tudo. Ricardo Oliveira é um exemplo a ser seguido pelos jovens. Comportamento exemplar, trabalho sério, treinamento exaustivo. Por isso, começou a temporada voando. Vale lembrar que ele é de outra geração, e talvez por isso e pelo berço que tem, seja esse exemplo. Alguns jovens que jogam futebol nos dias atuais estão mais preocupados com a aparência, com o corte de cabelo, a cor, as festas, as badalações. Por isso o futebol apresentado em campo é tão pobre. Que os dirigentes brasileiros – e temos aí uma safra boa –, entendam que o jogador representa a instituição e tudo o que ele fizer, de bom ou de ruim, vai refletir no clube em que joga. Não sou contra jogadores frequentarem festas, fazerem festas, comemorarem suas datas especiais. São pessoas normais, como qualquer um de nós. Porém, com responsabilidade e na hora certa. Em determinadas situações, é melhor ficar como passarinho na muda. E passarinho na muda não canta.

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