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Títulos empilhados, apelido de 'Mago' e legião de brasileiros: o raio x de Nelsinho no Japão

Em nove anos no futebol nipônico, técnico volta ao Leão sem sucesso nas três últimas temporadas, mas com feitos surpreendentes no currículo

postado em 16/12/2017 09:00 / atualizado em 15/12/2017 20:36

Nando Chiappetta/DP
Entre a última passagem no Sport e o retorno à Ilha do Retiro, Nelsinho Batista passou nove anos consecutivos no Japão. Os três últimos, no Vissel Kobe, não foram bons. Mas antes ele viveu tempos de glória no Kashiwa Reysol. Não evitou o rebaixamento do time à segunda divisão em 2009, logo após ter sido campeão da Copa do Brasil pelo Leão. Na temporada seguinte, obteve o acesso para depois conquistar o título da elite japonesa pela modesta equipe, em 2011. Era a primeira de seis taças que empilharia pelo Kashiwa, suficientes para que ganhasse o apelido de "Mago" pelos feitos inimagináveis. O Superesportes traçou um raio x da trajetória de Nelsinho no futebol nipônico, onde comandou uma legião de brasileiros e o astro alemão Podolski.

Nelsinho teve grande popularidade no Japão ao tirar o Kashiwa da Série B, em 2010, e levá-lo ao título da J-League, em 2011, superando adversários amplamente favoritos como o Gamba Osaka e o Nagoya Grampus. Era a primeira vez na história que uma equipe recém-chegada da segunda divisão conquistava a principal liga japonesa. Como prêmio, o Kashiwa de Batista chegou a disputar o Mundial de Clubes da Fifa daquele ano. Foi longe.

Em jogos mata-mata no Mundial, o Kashiwa de Nelsinho desbancou o Auckland City (Nova Zelândia) o Monterrey (México) e só parou ao ser derrotado por 3 a 1 para o Santos nas semifinais - o Peixe perdeu a decisão para o Barcelona, por 4 a 0. Na disputa do terceiro lugar, após empate sem gols no tempo normal, o time de Batista perdeu nos pênaltis (5 a 3) para o Al-Sadd e terminou em quarto. Quem imaginaria que a equipe fosse tão longe?

A partir dali, o Kashiwa firmava-se como uma grande força no Japão. Com Nelsinho à frente, o clube conquistou também uma Copa do Imperador, uma Supercopa Japonesa (em 2012), além de uma Copa da Liga Japonesa (2013) e a Copa Suruga (2014). Em 2015, a passagem vitoriosa do veterano treinador no clube teve um ponto final. O técnico deixou a cidade de Kashiwa para morar em um dos maiores centros econômicos do país, Kobe - no comando do Vissel Kobe. No novo clube, não teve o mesmo sucesso, entretanto. 

Nelsinho assumiu o Vissel Kobe com a missão de dar os primeiros títulos de expressão o para o clube. Mas ficou em 12° no nacional de 2015. Em 2016, terminou em sétimo. Foi demitido em agosto deste ano depois de três derrotas consecutivas na 22ª rodada, entregando a equipe na 11ª posição entre os 18 clubes da J-League. No Vissel, Batista comandou o astro alemão Lukas Podolski, ex-Bayern de Munique, Arsenal e campeão da Copa do Mundo de 2014, no Brasil. 

Podolski foi o jogador mais conhecido internacionalmente que passou por Nelsinho nesses nove anos de Japão. A maioria dos jogadores que treinou eram - naturalmente - japoneses, outros orientais (tais como sul-coreanos e o norte coreano An Yong-Hak). Mas ele dirigiu também uma legião de brasileiros. Foram 20 no total, entre eles três ex-Sport: o volante Ferrugem e atacantes Neto Baiano e Roger.  O ex-Santa Cruz Wescley também foi jogador de Batista, assim como os veteranos França e Jorge Wagner, hoje aposentados.  

Enquanto esteve no Japão desde 2009, Nelsinho viu a ascensão profissional do filho, Eduardo Baptista - que deixou de ser preparador físico do Sport para se  consolidar como treinador no Brsil. Essa não foi a única passagem do técnico nas terras nipônicas. De 1994 a 1996, Batista treinou o Verdy Kawasaki, sagrando-se bicampeão nacional e da Copa da Liga. Entre 2003 e 2005, trabalhou no Nagoya Grampus de forma discreta e sem títulos.


Os brasileiros comandados por Nelsinho no Japão:

No Kashiwa Reysol (2009- 2014)
Alceu (zagueiro de 33 anos. Último clube: Marília)
Dudu Giusti (zagueiro de 24 anos. Último clube: Kawasaki Frontale, Japão)
Jorge Wagner (meia aposentado)
Leandro Domingues (meia de 34 anos. Último clube: Yokohama, Japão)
Popó (meia-atacante aposentado)
Efrain Rintato (atacante de 26 anos. Último clube: Suzuka FC, Japão)
Roger (atacante de 32 anos. Último clube: Botafogo, transferido para o Internacional)
Neto Baiano (atacante de 35 anos. Último clube: CRB)
Ricardo Lobo (atacante de 33 anos. Último clube: Joinville
Cléo (atacante de 32 anos. Último clube: Cova Piedade, Portugal)
Dudu Gonzaga (atacante de 27 anos. Último clube: Ventforet Kofu, Japão)
Leandro da Silva (atacante de 32 anos. Último clube: Vissel Kobe, Japão)
Anselmo Ramon (atacante de 29 anos. Último clube: Hangzhou Greentown, China)
França (atacante aposentado)

No Vissel Kobe (2015 - 2017)
Wellington Bueno (zagueiro de 22 anos. Último clube: Kashima Antlers, Japão)
Nilton (volante de 30 anos. Último clube: Vissel Kobe, Japão)
Ferrugem (volante de 29 anos. Último clube: Figueirense)
Wescley (meia de 26 anos. Último clube: Vissel Kobe, Japão)
Pedro Júnior (atacante de 30 anos. Último clube: Vissel Kobe, Japão)
Leandro da Silva (atacante de 32 anos. Último clube: Vissel Kobe, Japão)
Marquinhos Cambalhota (atacante aposentado)