SÃO PAULO

O inusitado deserto da Avenida Paulista durante o jogo da Seleção Brasileira contra o Chile

Nem mesmo a principal avenida do País mantém rotina em dia de jogo da Seleção

postado em 28/06/2014 14:50 / atualizado em 28/06/2014 15:17

João de Andrade Neto/DP/D.A Press

João de Andrade Neto
Enviado Especial

São Paulo - Mais tradicional e importante centro econômico do Brasil, a Avenida Paulista recebe por dia 1,5 milhões de pessoas. Com raras exceções. Este sábado foi um deles. Em plena 13h da tarde, a principal via do País estava exatamente igual a tantas outras avenidas e ruas do território nacional. Completamente deserta. O motivo estava no Mineirão. O jogo da seleção brasileira contra o Chile, pelas oitavas de final da Copa.

Durante a partida, o Superesportes percorreu todos os 2.800 metros de comprimento da Avenida Paulista. O cenário era de um feriado. Lojas fechadas, pouquíssimos carros nas ruas e pedestres na calçada. Mas em se tratando da Paulista, até mesmo os dias atípicos são ainda mais surpreendentes. Afinal, enquanto Neymar e companhia se preparavam para encarar os chilenos, uma caminhonete 1973, completamente enfeitada para o Mundial desfilava pelas ruas. Do outro lado da calçada, um Elvis Presley cover, vestido de verde e amarelo, tentava agradar as poucas pessoas que passavam próximo ao cruzamento com a Rua Augusta.

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“Sempre enfeito a caminhonete na Copa. Essa já é a terceira. Também faço isso na Festa do Peão de Barretos, no Natal e até na Parada Gay. A minha Copa é essa. Gastei mais de R$ 12 mil para deixar tudo como eu quero. Vale mais do que o carro”, disse o serralheiro Jairo Joel Santos, de 53 anos, que desfilava com a esposa e o neto. Entre um semáforo e outro, parada para fotos com brasileiros e turistas com a caminhonete que possui dois telões, um potente sistema de som, enfeites em verde e amarelo e até um touro mecânico, com as bandeiras Croácia e México, rivais do Brasil na primeira fase, nos chifres.

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Já o Elvis verde-amarelo chama-se Márcio Aguiar e desde 2010 interpreta o Rei do Rock. Músico profissional, nessa Copa já se apresentou até mesmo na Fan Fest paulista, montada no Vale do Anhangabaú. Mas para ele, se apresentar na Paulista tem um gosto especial. “Amo a Avenida Paulista. Só aqui cada doido e cada excêntrico é bem aceito”, analisou Márcio, que assistiu o jogo em um mini-televisão. Afinal, o show só pode parar quando o Brasil entra em campo.

Há também os que aproveitaram o deserto da Avenida Paulista para fazer o que é impossível no dia a dia. Como, simplesmente, aproveitar o lugar. Foi o que fez o funcionário público Lenílson Moutinho, que trabalha próximo a Avenida Paulista e andava tranquilamente para tirar fotos. Inclusive sentado em uma das pistas. Algo totalmente improvável normalmente. “Isso aqui no dia a dia é um loucura. Então estou aproveitando a calmaria. O jogo eu vejo outra hora, em reprise”, disse.

Já as turistas mexicanas Lúcia e Priscila Cervantes foram ao Museu de Arte de São Paulo (MASP) bem no horário da partida, e lamentaram encontrar o local fechado. “Falaram que só vai abrir depois da partida. Viemos ao Brasil por conta da Copa. Mas achei um exagero fechar um museu importante como esse por causa do jogo”, criticou Priscila.

Quem sabe, da próxima vez, ela aprenda com a experiência de Osvaldo Cortez, funcionário de há 20 anos de uma das bancas de revistas espalhadas pela avenida e com vários mundiais nas costas. “Sempre é assim. Jogo do Brasil na Copa é quando a Avenida Paulista fica mais deserta. Tudo fica parado. Só vendi um salgadinho desde que a partida começou. Mas é de quatro em quatro anos. Então vale a pena. O que importa é torcer pela seleção.”

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