SELEÇÃO

Felipão insiste em não admitir erros e coloca culpa nos seis minutos de apagão da Seleção

Apesar do técnico justificar, o "apagão" da Seleção Brasileira foi bem maior

postado em 10/07/2014 07:59 / atualizado em 10/07/2014 10:59

Celso Ishigami /Diario de Pernambuco

AFP PHOTO/TASSO MARCELO
O anúncio de que o técnico Luiz Felipe Scolari concederia uma entrevista ontem à tarde gerou uma imensa expectativa em torno do que seria tratado ali. Justificativas para o desastre que se viu no Mineirão, uma luz sobre o futuro do comando técnico da Seleção… Entretanto, no dia seguinte à maior tragédia do futebol nacional, Felipão - escoltado por toda a sua comissão técnica - conseguiu o que parecia improvável. Numa coletiva desastrosa, o treinador aumentou a sensação de desamparo que tomou conta dos torcedores após a humilhante goleada imposta pela Alemanha. Tratando assuntos de notória gravidade com uma superficialidade quase inacreditável, o treinador voltou a assumir a responsabilidade pelo fracasso da Seleção, sem porém, reconhecer os erros cometidos.

Um observador desatento dificilmente associaria os 49 minutos da entrevista à tragédia observada no dia anterior. Amparado por dados e estatísticas e pelo ufanismo do coordenador técnico da Seleção, Carlos Alberto Parreira, Felipão tentou tratar a eliminação como um acidente de percurso. “Tivemos seis minutos de pane geral. Não é o que imaginávamos, mas foi o que aconteceu”, pontuou Scolari. “A pane também foi da comissão técnica?! Foi geral. Não tenho o que explicar.”
AFP

Ataque
A admissão da culpa, porém, parou por aí. Questionado sobre o volume de treinos durante a preparação e o Mundial, Scolari rebateu as críticas de que o Brasil teria trabalhado menos que outras seleções. “Posso explicar que tudo foi feito de acordo com o que o departamentos físico e médicos planejaram. Não tivemos lesão nenhuma. Não tivemos dificuldade nenhuma. Quando precisamos jogar os 120 minutos, corremos o tempo inteiro”, pontuou o treinador, limitando a importância dos treinos ao condicionamento dos jogadores.

Pouco depois, quando foi perguntado sobre a escolha de Bernard para a vaga de Neymar, o técnico apelou para a frieza dos números para tentar justificar o injustificável. Em vez de explicar o motivo pelo qual, no dia anterior à eliminação, preferiu tentar ludibriar o técnico Joachim Löw à treinar com os 11 escolhidos, Felipão preferiu atacar a imprensa. “Comandei a Seleção em 28 jogos e Bernard jogou em 16, 17, 18. Ele sabia como iria jogar. Se nós usamos a imprensa, eu me desculpo. Vocês não nos usam nunca”, ironizou.