FINAL

Invasão albiceleste no Rio de Janeiro

Argentinos lotam Terreirão do Samba e Sambódromo cariocas, a maioria sem ingressos, esperando final

postado em 12/07/2014 10:40

AFP PHOTO / YASUYOSHI CHIBA
Cassio Zirpoli
João de Andrade Neto
Enviados especiais

Rio de Janeiro - O sonho de ver a Argentina campeã no Maracanã, provavelmente, não seria o melhor samba-enredo da história da Sapucaí. Mas já tomou conta dos quintais cariocas do samba. Mesmo sem jeito, os hermanos vêm improvisando no ritmo. A cada noite, centenas deles se reúnem no Terreirão do Samba e dão uma volta no quarteirão cantando em alto e bom som, girando as camisas albicelestes no ar. É a festa da ansiedade, no ponto de maior aglomeração de torcedores argentinos para a decisão.

Na estreia da seleção de Messi, contra a Bósnia, em 15 de junho, milhares de hinchas viajaram em motorhomes, carros e caminhonetes até Copacabana. Lá ficaram. O caos forçou a prefeitura a organizar um local melhor, caso os argentinos voltassem ao Rio. Voltaram, justo para a grande final. Com o Terreirão cheio - o visual de barracas e lugares improvisados impressiona, espaço foi ampliado ao Sambódromo.

Os 28 anos de jejum no país vizinho só aumentam o desejo dos torcedores, a maior parte sem ingresso para o jogo. É o caso de cinco amigos que saíram de Mendoza. Federico Ciullini, Rodrigo Perez e Dardo Farro nasceram em 1985, enquanto Emilio Suarez e Gonzalo Fitarizano são de 1986. Nenhum deles tinha visto a Argentina fazer uma campanha como esta.

Todos eram bebês quando Maradona se consagrou no estádio Azteca, em 1986. Talvez por isso, enxerguem a partida de amanhã de forma grandiosa. "Será a maior conquista em todos os tempos do futebol da Argentina. Muito acima dos títulos de Kempes (1978) e Maradona (1986). Ganhar a Copa no Brasil será para a vida toda", diz Dardo, de forma categórica, deixando claro o peso da rivalidade.

No Brasil, os amigos assistiram a apenas uma partida, na vitória sobre a Suíça no Itaquerão, nas oitavas de final. O quinteto se conhece desde pequeno, portanto, sofre junto há tempos. "Eu vou me casar no fim deste ano e aqui estou gastando o dinheiro do casamento. A minha noiva ficou chateada, mas entendeu o que isso significa para quem ama futebol. Esse título é além do que a gente sonhou", fala Emilio.

Fan Fest
O grupo, encaixotado em duas barracas de camping, irá à Fan Fest em Copacabana, que deve ser o destino de quase todos os outros acampados. Segundo o governo federal, 132 mil argentinos entraram no país durante o Mundial. Desses, 70 mil são esperados no Rio para "acompanhar" a final. Contudo, dos 74,2 mil ingressos à disposição para a partida, apenas 17,5% irá para as mãos dos hermanos, o que corresponde a 13 mil entradas. Portanto, a maioria terá que ver na televisão, em outros cantos da cidade. E nem a Fan Fest tem capacidade para tanta gente.

Maracanã

Buscando inspiração

Rio de Janeiro - O gesto foi imortalizado por Bellini em 1958, no primeiro título mundial do Brasil. Dois anos depois, ganhou uma estátua na entrada do Maracanã. E, em 2014, virou um dos principais pontos turísticos da capital carioca. Pelo menos durante a Copa do Mundo, nos dias que antecedem a final do Mundial. Como no desejo para que o gesto inspire Messi e Lahm, os capitães das duas seleções, muitos torcedores dos dois países finalistas (principalmente argentinos) fazem questão de tirar uma foto ao lado da estátua de Bellini, erguendo a Jules Rimet.