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Geraldão tem reforma a passos lentos e deve ser entregue um ano depois do prazo oficial

Após mudança no projeto, Prefeitura aguarda liberação de recursos do Governo

postado em 10/01/2015 19:07 / atualizado em 11/01/2015 16:25

Carolina Fonsêca /Especial para o Diario

Julio Jacobina/DP/D.A Press
O Ginásio Geraldo Magalhães, palco de encontros esportivos, campeonatos, shows e espaço para a prática de diversas modalidades, precisava de mudanças. Desde a construção não passava por uma reforma estrutural. Em agosto de 2013, finalmente chegou a vez de ser renovado com o anúncio de uma restruturação. Mas há um caminho longo entre o projeto e a inauguração da obra. O espaço já poderia estar à disposição dos recifenses, reformado e modernizado, mas a situação não é esta. As obras estão paradas desde agosto de 2014. Há mais tempo do que deveria.

No local, o cenário é de abandono. As quadras que estão à disposição das modalidades que continuam funcionando - no improviso - estão abarrotadas de equipamentos da ginástica artística, kickboxing, futsal, entre outros. Os usuários remanescentes dividem espaço com os objetos e muita poeira da reforma que começou e parou.  

Para bancar as obras do ginásio de esportes, um acordo foi celebrado entre a Prefeitura do Recife e o Ministério do Esporte. Dos R$ 34.243.730,64 orçados, R$ 20 milhões seriam repassados pelo Ministério e os R$ 14.243.730,64 ficariam sob responsabilidade da Prefeitura. Após o início das obras, os responsáveis encontraram a necessidade de fazer mudanças no projeto inicial. Por conta disso, foi preciso parar a reforma, reformular o projeto, levá-lo para a Caixa Econômica Federal e aguardar a liberação para dar continuidade.

Este projeto reformulado só foi enviado para a Caixa no mês passado e ainda não há previsão para ser devolvido. Dessa forma, tudo continua como está: parado. No Portal da Transparência, o convênio realizado entre os dois órgãos está registrado com o número 786299, vigente até novembro de 2016. Até agora, nenhum valor que deveria vir do Governo Federal foi repassado.

Na cláusula quinta do anexo ao contrato consta que: “A liberação dos recursos financeiros obedecerá ao cronograma de desembolso de acordo com as metas e fases ou etapas de execução do objeto e será realizado sob bloqueio, após eficácia contratual, respeitando a disponibilidade financeira do Concedente e atendidas as exigências cadastradas vigentes”. Para que o Ministério do Esporte repasse o recurso para a realização das obras, é necessário que elas estejam acontecendo.

De acordo com o edital da licitação, o “novo Geraldão” deveria ter sido entregue 365 dias após a assinatura da ordem de serviço, que aconteceu em 12 de julho de 2013. Seguindo este prazo, as reformas deveriam ter terminado em 15 de julho de 2014. Mas o gigante continua adormecido.

Julio Jacobina/DP/D.A Press


A reposta da Prefeitura
Em novembro do ano passado, a reportagem do Superesportes tentou contato, por várias vezes, com o presidente do ginásio Paulo Cabral, para pedir esclarecimentos. Sem sucesso. Em seguida, foi a vez do Secretário de Esportes e Copa do Mundo da Prefeitura do Recife. George Braga. Em princípio, ele preferiu não dar declarações. Pouco depois, mudou de ideia.

Na época, George Braga explicou que o repasse não foi feito porque foi preciso fazer mudanças no projeto depois que a obra começou. Por isso, foi necessário pausar o serviço. Mas, segundo ele, a obra será entregue no prazo. Um prazo diferente do oficial, que é o da licitação da obra.

“O prazo sempre foi para 2015. Desde o início, em função do fluxo de recursos e dos obstáculos que encontramos no decorrer da obra, adiamos a entrega e oficializamos isto”, disse. Oficialmente, foi informado através de Extrato de Aditivo, publicado no Diário Oficial do Município, que o novo prazo de entrega do Ginásio Geraldo Magalhães é setembro de 2015. Com mais de um ano de atraso, em relação ao prazo oficial.

“Mantém o prazo. Já temos, em número totais, 42% da obra feita”, afirmou. “Tomamos a decisão de climatizar com ar-condicionado. A princípio, a climatização seria feita de outra forma e precisaríamos que o espaço fosse o mais aberto possível. Tomada esta decisão, a necessidade mudou para que fosse mais fechado. Para aumentar a quadra, precisamos tirar três degraus de arquibancada e ela estava assentada - havia uma viga de sustentação que não podia ser retirada”, explicou esta entre outras justificativas para o adiamento do fim das reformas.

Por conta das mudanças apontadas por George Braga, o projeto precisou ser alterado. No dia 13 de novembro, o secretario afirmou que o projeto reformulado seria enviado para a Caixa Econômica Federal. No começo de dezembro, ele informou que o mesmo ainda não havia sido enviado. Já na primeira semana de 2015, o secretário assegurou que o documento foi levado para a Caixa, em dezembro de 2014, mas não confirmou quando deve ser liberado.

Glauco Spindola/DP/D.A Press
 

Usuários desejam fim das obras
Quem utilizava as instalações do Geraldão, antes do início da reforma, espera ansiosamente pelo fim das obras. Alunos e atletas de natação, futsal, dança, handebol, ginástica artística e outras modalidades estão praticando os esportes em uma estrutura improvisada. Alguns nem isso, apenas esperam que o ginásio volte a funcionar para poder voltar a praticar o esporte. Três quadras cobertas do ginásio estão recebendo aulas de dança de salão, dança do ventre, futsal, yoga, karatê, kickboxing, handebol e ginástica artística, guardando equipamentos e juntando muita poeira.

A mãe de uma das alunas informou que, durante o período em que havia atividade de obras no local e que estava sendo feita a troca da cobertura, a sujeira complicou os treinos. “Era muita poeira. Desde que os treinos passaram a acontecer aqui, eu acho que ninguém nunca limpou essa quadra. Quando estavam trocando o teto, a poeira causava coceira nas meninas. Muita gente deixou de vir para as aulas”, contou.

Além da estrutura de improviso e da falta de limpeza, os professores também sofreram com atraso de salário. O secretário George Braga afirma que a Prefeitura do Recife está se esforçando para manter o funcionamento. “Isso não é muito verdadeiro, estamos em um processo de obra para manter o funcionamento e é um esforço grande que todo mundo precisa participar. Porque é carro e caminhão entrando e saindo o tempo todo, é uma questão que não tem solução. A gente limpa e vai tratando isso com o máximo possível. Estamos nos esforçando”, afirmou.

Uma solução para este problema seria deslocar as modalidades para outras quadras na cidade do Recife, mas o secretário alega que a Prefeitura não tem recursos suficientes para isto. Ele contou ainda que está fazendo contatos para tentar retornar as atividades da natação em outro local.

Sobre o Geraldão
O ginásio foi inaugurado em 1970 por Geraldo Melo, ex-prefeito do Recife. Palco dos Jogos Escolares de Pernambuco, já recebeu eventos como o jogo da Seleção Brasileira de Vôlei, nos anos 80, uma etapa da Liga Mundial de Vôlei e as apresentações do Holiday On Ice e dos Globetrotters, além de inúmeros shows de artistas nacionais e internacionais, incluindo Roberto Carlos, Faith No More, A-HA e o tecladista do Yes, Rick Wakeman.

O Geraldão faz parte de um acervo de equipamentos esportivos projetados pelo arquiteto Ícaro de Castro Melo, que inclui também os ginásios Nilson Nelson, em Brasília; Paulo Sarasate, em Fortaleza; e do Ibirapuera, em São Paulo. A solução acústica aplicada na época da construção já era moderna, possibilitando a realização dos grandes shows.

Romero Accioly/DP/D.A Press