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Barcelona: a exceção utilizada como exemplo

Cidade só foi bem sucedida porque colocou o seu projeto urbano acima dos Jogos

postado em 05/04/2015 08:02 / atualizado em 02/04/2015 15:51

Emanuel Leite Jr. /Especial para o Diario

Comitê Olímpico Internacional/Divulgação
Desde os Jogos Olímpicos de 1992, sempre que se fala no megaevento do Comitê Olímpico Internacional (COI), o nome de Barcelona é citação inevitável. A capital da Catalunha é o paradigma de sucesso para todas as cidades que anseiam sediar uma edição dos Jogos Olímpicos. Mais do que isso, a metrópole banhada pelas águas do Mar Mediterrâneo é exemplo estudado e, equivocadamente, copiado. No livro Circus Maximus, Andrew Zimbalist dedica um capítulo à cidade catalã, explicando porque Barcelona é um caso único, que, embora exemplar, devido às suas circunstâncias peculiares, dificilmente conseguirá ser repetido.Para o economista, a conjuntura histórica permitiu que Barcelona fosse tão bem-sucedida.

Entre 1939 e 1975, a Espanha foi governada pelo ditador fascista Francisco Franco. Devido à resistência política da Catalunha, sua capital foi negligenciada pelo poder central de Madri. Com o fim do franquismo, a cidade deu início a um período de transformação e reestruturação urbana, em projeto definido em 1976, através do Plano Metropolitano Geral. Somente 10 anos depois, em 1986, a cidade foi escolhida como sede Olímpica de 1992. Na altura, 27 das 32 praças esportivas da Olimpíada já estavam prontas.

“Barcelona tinha um plano e uma visão para a cidade que precede até mesmo a simples ideia de pensarem nos Jogos Olímpicos. Quando eles decidiram se candidatar para sediar as Olimpíadas, eles se deram conta de que sediar os jogos poderia se encaixar nos planos que eles tinham para a cidade. Os Jogos Olímpicos foram usados para facilitar um projeto previamente elaborado de revitalização e modernização da cidade”, contou Zimbalist, ao Superesportes.

Ou seja, não foi Barcelona que girou em torno da Olimpíada, mas ao contrário: os Jogos Olímpicos giraram em torno do projeto urbano da capital catalã. Por isso, desconfie sempre quando alguém tentar vender a ilusão de que sediar os jogos do COI vai transformar a cidade e que seu legado vai ser benéfico para a população.