Futebol Nacional

CAMPEONATO PERNAMBUCANO 2018

Investindo nas categorias de base, o América mira surpreender rivais do Recife no estadual

Folha salarial do Periquito irá girar em torno de R$ 100 para o Estadual

postado em 17/01/2018 08:28 / atualizado em 17/01/2018 09:35

Divulgação/América
Único clube centenário e campeão além do Trio de Ferro no campeonato, o América atravessa, pode-se dizer, por um processo de reformulação em sua identidade. Com suas maiores glórias conquistadas antes da profissionalização do futebol, o clube recentemente absorveu para si o conceito de investimento nas categorias de base e já começa a colher os primeiros bons frutos dessa decisão. Agora, com local próprio para treinamentos, planejamento financeiro para manter salários em dia e um treinador que conhece bem o futebol no estado, o Mequinha espera alcançar bons resultados também no profissional em médio a longo prazo.

Dono de seis títulos estaduais, o América enfrenta os mesmos problemas comuns aos demais clubes considerados intermediários no campeonato, com dificuldades estruturais e  de captação de recursos financeiros, além de receber uma cota de televisão apenas 10% do montante recebido por Náutico, Santa Cruz e Sport. A saída de investir na base já fez render duas decisões consecutivas no Pernambucano Sub-20 e duas boas campanhas na Copa São Paulo, principal competição nacional da categoria. Alguns atletas começam a conquistar novos rumos, realizando testes testes em Portugal e também no Santa Cruz.

“A coisa mais importante para a gente hoje é a base. Temos um projeto no bairro de Santo Amaro com o Sub-15 e o Sub-17. Precisamos que esse projeto ande, porque ele nos alimentará durante três anos. Se conseguirmos a vaga na Série D, é claro que será muito bom. Mas o nosso foco principal é o pensamento a longo prazo”, explica o vice-presidente do clube, Tercio Trindade.

Elenco
O elenco profissional recebe uma mescla de atletas da base e contratações pontuais junto a outros clubes do estado e do Sudeste, com uma folha salarial de até R$ 100 mil, somando todas as despesas. Do grupo que disputaram a Copa São Paulo (onde foram eliminador na 1ª fase), entre cinco e sete atletas devem integrar a equipe, além de outros seis jogadores da base que já trabalham desde o dia 8 de dezembro, quando o Periquito iniciou a pré-temporada. Entre os contratados, destaca-se o atacante Caxito, artilheiro da primeira fase do Estadual em 2017 pelo Afogados.

“Montamos um elenco sem nenhum jogador de renome. O mais conhecido em Pernambuco hoje é o volante Bia, ex-Sport. Fomos atrás de alguns atletas de fora do estado, que já trabalharam com o técnico Roberto de Jesus e trouxemos Caxito e Tiago Bagagem, que estava emprestado ao Pesqueira”, afirma Tercio.

Técnico
Aos 49 anos, o técnico Roberto de Jesus comanda o seu sétimo clube pernambucano no currículo. Campeão estadual como jogador pelo Santa Cruz em 2005, foi o responsável por erguer a taça como capitão e espera transferir o conhecimento do futebol estadual para os atletas em campo, ressaltando que, apesar de difícil, é possível superar o abismo financeiro que separam os grandes dos demais. “O que passo é a minha experiência como campeão. Naquele ano, financeiramente, não éramos a equipe mais forte. Mas no final conquistamos o título. O poder econômico não é tudo no futebol. É preciso saber utilizar. O que o América propõe é o pagamento em dia e as condições satisfatórias para que a gente possa trabalhar.”

Ricardo Fernandes/DP
Possibilidade que cresce a partir do novo formato de disputa do Pernambucano, onde o mata-mata é disputado em jogo único nas quartas de final e semifinais. “O mata-mata favorece às equipes intermediárias. Um time grande pode não jogar mal duas vezes, mas uma vez ele joga, e nisso tudo pode acontecer. Se um time grande jogar mal em um jogo desses, podemos nos aproveitar. O pensamento é de acreditar que as coisas se tornem possíveis. Para isso, temos que trabalhar muito e ter os pés no chão, respeitando os adversários, mas não temê-los”, aponta o treinador.

Outra mudança importante para o campeonato em 2018 é a volta dos grandes ao interior. Fato encarado com bons olhos por Roberto, que chama a atenção pontos positivos além do futebol. “No ano em que fomos campeões, viajamos em várias cidades do interior e o que dava charme ao campeonato era isso. Movimenta turismo, o comércio local e os times se preparam melhor, com mais estrutura.” E crava: “Vai ser um campeonato bastante disputado e vão existir algumas surpresas.”

Estádio
Durante o intervalo em que deixou de receber os grandes clubes do estado, o Ademir Cunha teve alguns setores desativados, como bares e banheiros. Pontos que precisaram de uma melhoria para voltar a receber grandes públicos, com capacidade máxima para 9.900 torcedores. Houve ainda melhoria nos vestiários e nas cabines de imprensa. Reforma conquistada em uma parceria entre América e a Prefeitura do Paulista.

O gramado também passa por uma fase de melhoria. Principal palco dos jogos considerados “alternativos” da Região Metropolitana, o estádio municipal convive com problemas na cancha. Para o Pernambucano, parte da grama está recebendo um novo plantio e o piso foi reforçado. Com isso, deve estar em boas condições antes da primeira partida do América em casa, contra o Santa Cruz.