Futebol Nacional

OPINIÃO

Coluna de Fred Figueiroa: 'O jogo do ano do Sport'

Colunista do Superesportes faz uma projeção para o futuro do Sport na Série A

postado em 19/10/2018 16:09 / atualizado em 19/10/2018 16:36

Paulo Paiva/DP
Qualquer projeção de aproveitamento, cálculo mirabolante ou mesmo traço de esperança do Sport em evitar o iminente rebaixamento passa diretamente por uma vitória sobre o Vasco amanhã na Ilha do Retiro. Particularmente, ainda enxergo um último caminho factível para que o clube do Recife alcance a faixa de 43 ou 44 pontos - e este passa pelas três vitórias nos três próximos confrontos diretos em casa, contra Vasco, Ceará e Vitória. Cumprindo esta etapa crucial da missão, o time teria garantidos 36 pontos e precisaria de mais 7 em seis partidas (duas na Ilha). 


No seu campeonato

Projetar uma chance de permanência a partir desta base de 36 pontos e seis jogos abertos é factível na matemática e - por incrível que possa parecer - também no potencial técnico. Porém tudo dependerá de amanhã. Do resultado e mesmo do desempenho rubro-negro. O Sport acaba de sair do trecho mais complicado da tabela. Um corredor polonês em que enfrentou Cruzeiro, Corinthians, Palmeiras, Atlético/MG, Inter e Atlético/PR em Curitiba (o que faz toda a diferença). Mesmo considerando uma equipe com bom desempenho técnico - que não é o caso do Sport, claro -, seria difícil imaginar que somaria muito mais que os 4 pontos conseguidos (empate com Cruzeiro e vitória sobre o Inter). Agora, o Leão retorna para o “seu campeonato”, onde terá adversários mais acessíveis tecnicamente, carregando uma enorme interrogação sobre o real estágio de competitividade. 

Um time, três faces

Utilizando apenas o recorte da era Milton Mendes como base, o que se viu foram três atuações bem distintas. A primeira, diante do Atlético/MG, foi um choque de realidade para o então recém-chegado treinador. Milton desmontou as linhas de marcação que Eduardo Baptista havia finalmente encaixado e viu a equipe ser engolida pelo adversário. Claro que os erros individuais foram determinantes naquela partida (Durval em péssima atuação), mas estes têm acompanhado toda a penosa trajetória rubro-negra nesta Série A. Com mais uma semana de trabalho, o Sport mostrou outra face contra o co-líder Internacional. Foi um time equilibrado entre os setores. Marcou bem e teve um interessante volume de jogo, rondando a área do rival. Só não foi mais efetivo por demonstrar novamente sua incapacidade de criação de jogadas ofensivas. Ainda assim conseguiu vencer mesmo tendo saído atrás no placar em mais uma falha individual na saída de bola. Outra constante em 2018. Por fim, semana passada, o terceiro jogo da era Milton Mendes mostrou uma terceira maneira de atuar. No primeiro tempo na Arena da Baixada, o Sport foi um time extremamente defensivo, mas organizado, bem encaixado. Faltou o de sempre: Qualidade ofensiva para acertar um contra-ataque que mudaria o rumo da partida. E se repetiu o de sempre: Erros individuais grotescos que levaram à derrota e goleada.

A base e os dilemas

Com essas três atuações mais recentes dissecadas aqui fica a dúvida de que Sport entrará em campo contra o Vasco. Logicamente a expectativa remete ao desempenho em casa contra o Inter. Aquele time, jogando daquela forma, será - na pior das hipóteses - competitivo. Terá suas chances. Não dá para prever nada além disso. Tomando a última vitória como base, Milton Mendes naturalmente direciona seu trabalho esta semana para garantir uma marcação igualmente segura (as voltas de Jair e Sander são fundamentais pra isso) - ainda que inevitavelmente vulnerável aos erros individuais - e para tentar dar vida ao burocrático ataque rubro-negro. Dois dilemas passam por sua cabeça: As escolhas do lateral direito e do centroavante. Ambas com desdobramentos. Na lateral, os erros de Prata e a suspensão de Ronaldo Alves abrem espaço para o retorno de Cláudio Winck - já que sem o zagueiro, fica difícil improvisar novamente Ernando. Se esta for a escolha de Mendes, será muito arriscada. Winck quase sempre deixou o setor muito vulnerável. Na frente, Hernane está recuperado e pode voltar ao ataque. Assim, a tendência é que Michel Bastos recue para o meio de campo, deixando Marlone e Gabriel abertos pelos lados. Parece o caminho natural, e mais seguro, porém o técnico ainda tem as opções de Matheus, que foi bem contra o Inter e muito mal diante do Atlético/PR, e o instável Rogério, recuperado de lesão.