Futebol Nacional

DISCURSO

Presidentes de Náutico, Santa e Sport negam cordialidade e regalias a organizadas

Procurados pelo Superesportes, os presidentes do trio de ferro tentaram mostrar distanciamento das uniformizadas diante dos incidentes negativos

postado em 31/03/2019 19:02 / atualizado em 01/04/2019 08:35

<i>(Foto: Júlio Jacobina/DP, Paulo Paiva/DP e Nando Chiapetta/DP)</i>
A relação dos grandes clubes da capital com as suas principais torcidas organizadas tem um histórico de doação de ingressos, abertura da sede social para eventos particulares e disponibilidade de ônibus para viagens em jogos fora do Recife ou do estado. Com o tempo, após sucessivos incidentes dentro e fora de campo envolvendo essas facções, essas cordialidades parecem ter minguado. Pelo menos na teoria. Procurados pelo Superesportes, os presidentes de Náutico, Santa Cruz e Sport tentaram mostrar distanciamento das uniformizadas.

Náutico

O presidente do Náutico, Edno Melo, é o mais incisivo: "Não falo com eles, não trato com eles. Não dou atenção. Absolutamente nada. Eles não têm guarida nenhuma. Se eles tinham em outras gestões, o problema é deles. Na minha, não vão ter não. Eu não tenho rabo preso nenhum. Fazemos uma gestão austera", afirmou. O dirigente foi agredido por integrantes de uma organizada dentro dos Aflitos após a vitória por 2 a 0 contra o Altos pela Copa do Nordeste.

Segundo Edno, os uniformizados exigiam receber ingressos do clube, o que foi negado. Esse teria sido o motivo da agressão. "Na minha gestão, não se dá ingresso a torcida organizada. Eles sempre estavam pleiteando. Chegou a um ponto que eles acharam que eu tinha obrigação de dar", contou. "Se eles realmente fossem torcedores, eles iam estar comemorando a vitória", acrescentou.

Santa Cruz

O presidente coral, Constantino Júnior, também negou fazer doação de ingressos para as organizadas que usam o nome do clube. "Não existe doação (de ingressos), nem ônibus para viagens. Temos que somar esforços para pagar nossa folha. O que existe no Santa Cruz é plano de sócios. Tem planos a partir de 9,90. Quem quiser ir ao jogo, apoiar, aí tudo bem. Mas liberdade dentro da sede, na minha gestão, do ano passado para cá, não", garantiu.

Constantino também comentou o episódio ocorrido na sede do Arruda antes do jogo contra o CSA, pelo Nordestão, no dia 10 de março, quando integrantes de uma uniformizada do clube alagoano estavam usando na piscina (um espaço que, em tese, deveria ser apenas dos sócios do Santa Cruz). "Foi um caso isolado. A piscina do Santa Cruz é terceirizada. Inclusive, a pessoa responsável recebeu uma notoficação, porque não pode. Mas foi um episódio isolado."

Sport

Criticado por ter se reaproximado da principal organizada do Sport assim que foi eleito presidente do clube, Milton Bivar negou dar privilégios à uniformizada. "Já faz tempo que acabaram com isso e eu mantenho essa forma de tratar (as organizadas). Nenhuma tem direito", assegurou.

A maior uniformizada do Leão foi proibida de entrar nos estádios por uma decisão judicial. O presidente do Sport na época, Humberto Martorelli, declarou que o Sport não reconhecia a organizada e, entre outras coisas, mandou fechar uma sala dentro do clube que era usada por integrantes da uniformizada e aumentou o preço dos ingressos no setor onde ela ficava na Ilha do Retiro.

Este ano, Milton Bivar deu início a uma aproximação com a uniformizada em questão, exluindo a parte que foi judicializada e exigindo "disciplina" como condição para a volta ao diálogo. "O que vou ter com as torcidas, com a Jovem e com as demais, é uma aproximação para que saibam e tenham certeza que o Sport está acima de tudo e de todos", disse Milton no fim do ano passado. "Existe um fato e a versão. Nunca acabaram com a Jovem. Ela nunca morreu, nunca foi aniquilada, como falaram. A Jovem sempre existiu. Você fazer de conta que ela nunca existiu é uma situação. O fato é que ela existe, ela continua", disse Milton esta semana.