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Embaixo das traves, a esperança: 'O Bruno de antes está orgulhoso do que se tornou'

Em entrevista ao Superesportes, goleiro do Náutico revelou trajetória de vida antes e depois do sonho em ser jogador de futebol ter se tornado realidade

postado em 18/09/2018 09:00 / atualizado em 18/09/2018 09:42

Paulo Paiva/DP
Um dos pratas da casa do Náutico com a imcubência de defender a meta alvirrubra é o goleiro Bruno, de 24 anos. Acionado no final da Série B após lesão do arqueiro titular à época, Jefferson, que atualmente defende o Atlético-GO, Bruno teve a missão de manter o desempenho do titular do Dragão à altura. E teve as portas abertas para isso. Hoje, o goleiro alvirrubro já acumula, em sua primeira temporada como profissional, o título de campeão pernambucano, tirando o jejum de 13 anos do Timbu sem conquistar a taça do estadual. Mas não só isso. Bruno deixa a pretensão de ídolo para segundo plano, porque para ele, o primeiro é estar, literalmente, defendendo o Náutico. 

Antes de chegar ao Alvirrubro, atuou pelas categorias de base do Bahia, e teve, no time pernambucano, em 2014, quando aterrissou no Recife, a chance que todo jogador sonha um dia ter: se tornar profissional. E ela não demoraria para acontecer. No mesmo ano, subiu para o elenco dos atletas profissionais. Trajetória que se desenhou com um bom desfecho: o goleiro alvirrubro, hoje com a vaga de titular consolidada em suas mãos, é um dos jogadores garantidos para defender o Náutico na temporada de 2019. 

Em entrevista dada ao Superesportes, o goleiro rememorou seu passado antes do Náutico em busca da titularidade e melhores perspectivas de vida, avaliou o seu momento, o legado deixado por Jefferson e os planos que, junto ao Alvirrubro da Rosa e Silva, pretende concretizar. Confira abaixo: 

O Bahia foi importante para você chegar ao Náutico? 

“O Bahia foi muito importante pra minha chegada no Náutico, foi muito importante na minha caminhada ao futebol. Tudo que eu aprendi devo ao Bahia. Foi o time que abriu as portas pra mim, que me ensinou a ser goleiro. Eu tenho muito carinho por ele e acompanho até hoje. Acho que se não fosse pelo Bahia, eu nem estaria no futebol ainda. Agradeço muito aos preparadores de goleiros de lá e graças ao Bahia pude ser um jogador hoje”. 

Como você avalia o seu antes e depois no Náutico? 

"Antes do Náutico era só um menino sonhador que queria dar uma vida boa para a família e queria poder realizar o grande sonho, não só dele, mas da família e dos amigos que era atuar no profissional, passar na televisão e ser reconhecido. Trabalhei muito para isso. Eu pude fazer um bom trabalho do Náutico. O Bruno de antes está feliz e orgulhoso do Bruno de agora, com certeza. "

Como foi tua caminhada até chegar à titularidade?

"Minha caminhada foi bem complicada no começo. Quando cheguei do Bahia, comecei na base do Náutico, passei alguns meses lá, morei nos Aflitos embaixo da arquibancada. Depois, fomos ao CT do clube e de lá as coisas melhoraram. Esperei minha oportunidade. Em três anos, ela chegou, na última rodada da Série B.  Fui considerado o melhor goleiro daquela rodada. Batalhei bastante, pensei muito em desistir, achei que não ia conseguir, mas pude ter paciência, assim como minha família, minha mulher e meu filho. Mas, cheguei aonde eu sempre quis, que é ser titular de um grande clube."  

Considerando que você entrou no lugar de Jefferson, quais os legados que ele deixou para você?  

“O maior legado que o Jefferson me deixou foi acreditar que eu poderia também jogar como titular. Um menino que sempre trabalhou forte, focado, que sempre me ajudou bastante. Ele me fez acreditar que eu podia jogar. Por muitas vezes, me espelhei nele e quis jogar igual ao que ele estava jogando. Portanto, não só isso, mas como pessoa, como caráter, ele é meu amigo, meu irmão. Tenho que agradecer muito a ele por ter me feito acreditar que eu podia também.  

Qual foi o teu momento de maior batalha na carreira? E o mais gratificante? 

“Meu maior momento de batalha foi no dia a dia, ter que acreditar que vai dar certo, a maior batalha é a diária. Para chegar onde eu cheguei não foi fácil, a gente tem que ser forte. O momento mais difícil para mim foi o começo do ano, pela situação em que o Náutico estava. Não ia dar para viver com minha mulher e meu filho. Graças a Deus eu tava indo pros jogos, ganhando bicho, dava pra eu pagar uma conta aqui, outra ali. Cheguei a pedir dinheiro emprestado para minha mãe, para minha tia, pro Diógenes(vice presidente). Se eu não tivesse jogado, não iria dar para continuar no Náutico. Pensei em largar tudo. O momento mais feliz, sem dúvida, foi no título do Náutico, um título que eu sonhava bastante, minha família sonhava, a torcida. Foi um momento incrível, vou guardar pro resto da minha vida. 

Como você planeja a próxima temporada para o Náutico?

“Ano que vem pro Náutico desejo que seja igual a esse ano. De grandes vitórias, grandes batalhas, a gente perdeu só um jogo na Arena. Que a gente possa ter o título novamente e o acesso, que é o sonho de todo alvirrubro. A volta aos Aflitos vai ser muito importante para nós. Acredito que a torcida vai apoiar muito a gente. Vai ser um caldeirão lá, um fator determinante para o time. Lá é a casa do Náutico, pra onde nunca ele deveria ter saído.” 

Você pode dizer que está vivenciando uma nova fase na carreira?  

“É uma fase diferente. A gente tá sendo visto, tá sendo reconhecido. Muitas pessoas estão olhando pra você. Mas, dentro disso,  também é uma fase de cobrança, de responsabilidade. Eu estou lidando muito bem com essa cobrança e pressão e desejo repetir boas atuações que fiz em 2019.” 

Tu projeta ser um ídolo do Náutico? 

“Ídolo eu não penso ser. Deixo para torcida decidir. Mas, meu sonho é o sonho de todo alvirrubro, de poder estar na Série A, ganhando títulos, fazendo grandes vitórias em cima de grandes clubes. É meu maior sonho poder botar o Náutico na Série A. A gente sabe que não é impossível, mas vamos trabalhar muito para isso."