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Brasília planeja descobrir talentos infantis com novo centro

postado em 09/03/2014 15:28

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
Na última década, Brasília tornou-se berço de grandes talentos dos saltos ornamentais, como o finalista olímpico César Castro, nono colocado em Atenas (2004) no trampolim de 3m, e Hugo Parisi, atual campeão sul-americano na plataforma de 10m. Para firmar-se como berço de atletas vencedores, a cidade inaugura, em 18 de março, o Centro de Excelência em Saltos Ornamentais da Universidade de Brasília (UnB). Além de concentrar saltadores da Seleção Brasileira, o objetivo é descobrir e preparar meninos e meninas de seis a 12 anos para representarem o país nos próximos anos.

“Vamos selecionar mais de 20 no primeiro semestre. E haverá outra turma no segundo semestre”, afirma o coordenador técnico do centro, Ricardo Moreira, que foi treinador de César Castro de 2000 a 2008.

Para um adulto, o caminho até a beira do trampolim dura poucos segundos. Para uma criança que inicia no esporte, porém, o trajeto pode ser longo. Os três metros entre a plataforma e a piscina podem parecer 10 vezes maior nos primeiros saltos. Superar o medo inicial da altura é fundamental.

“Na primeira etapa da seleção, nós avaliamos alguns aspectos básicos, como força e coragem”, explica Ricardo. “Tem criança de seis anos que chega e já quer pular da plataforma de 7,5m. Só não pulam da de dez porque não deixo. Outras sobem, mas desistem ao ver o fundo da piscina.”

O local de onde os atletas saltam também influencia no desempenho. “Trampolim exige mais técnica para manter o equilíbrio. Plataforma é mais alta, dá mais medo”, compara o técnico.

Promessas
Anna Lúcia dos Santos, 12 anos, é uma das promessas dos saltos ornamentais na cidade. Bicampeã brasileira infantil no trampolim e na plataforma de um metro, ela deixou a ginástica artística aos sete anos. “Eu era durinha e tinha muito foco. No início, tive um pouco de medo, mas meus pais sempre me ajudam, conversam comigo antes e depois das competições”, conta.

Isabela Brasiel, também de 12 anos, é outra joia infantil de Brasília. Começou no esporte no ano passado e, por pouco, não foi medalhista no primeiro Campeonato Brasileiro que participou — ficou na quarta colocação. O medo não faz parte da rotina dela. “Meus pais sempre apoiam, mas eles que têm medo de que eu me machuque”, diz. Sérgio Brasiel, pai de Isabela, confima que dá um friozinho na barriga, mas procura não transmitir à filha. “Há riscos, mas procuro passar segurança a ela.”

O treinador Giovani Casilo, fundador da Associação Brasiliense de Saltos Ornamentais (Abrasso) e responsável por revelar César Castro e Hugo Parisi, será o supervisor técnico no Centro de Excelência. Para ele, que está à frente do esporte em Brasília desde 1973, o equilíbrio mental é princípio básico para iniciar-se na modalidade. “O César (Castro), por exemplo, é frio. O atleta tem que ter frieza para assimilar os movimentos e conseguir executá-los com perfeição”, explica.