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Sonho de virar atleta leva 127 candidatos a seletivas do Futuro Campeão

Aptidões físicas e técnicas dos participantes foram avaliadas em cinco modalidades esportivas. Até 28 de novembro, ocorrerão novos testes

postado em 09/11/2019 22:16 / atualizado em 09/11/2019 22:34

(Foto: Camila de Magalhães/FAC/D.A Press)
 
O sonho de evoluir na carreira de atleta e representar o Distrito Federal em competições fez 127 crianças e jovens de várias regiões saírem de casa na manhã deste sábado para participar das seletivas gratuitas do programa Futuro Campeão no Centro Olímpico e Paralímpico (COP) de Samambaia. Um misto de esperança, adrenalina, nervosismo e muita dedicação tomou conta dos atletas avaliados e dos familiares que os acompanhavam nas arquibancadas do ginásio ou embaixo do sol forte que iluminava a pista, piscinas e quadras.
 
Membros da equipe pedagógica da Fundação Assis Chateaubriand (FAC), os técnicos de atletismo (João Sena), bocha paralímpica (Loreno Kikuchi), ginástica rítmica (Odalis Valerino), natação (Agnaldo Amorim) e tênis (Wellington Feitosa) mantiveram o olhar atento em busca de talentos para compor as equipes de rendimento do programa. Para isso, avaliaram as aptidões físicas e técnicas dos participantes. Os resultados serão divulgados em breve, após as seletivas locais, que são uma nova oportunidade para quem não compareceu em Samambaia.
 
As próximas avaliações gratuitas ocorrem de 11 a 28 de novembro, em diversos locais de treinamento. A iniciativa é uma realização da Secretaria de Esporte e Lazer do DF em parceria com a FAC. Na segunda-feira (11/11), haverá seletiva de natação no COP Samambaia. Na quarta (13/11), no COP de Sobradinho. A vez do tênis será nos dias 19 e 20, na unidade de São Sebastião. A seletiva de ginástica acrobática ocorrerá nos dias 20 e 21, na Estrutural. Os atletas de bocha paralímpica poderão participar no dia 22, no COP de Ceilândia – Setor O, que também sediará a seletiva local de ginástica rítmica, no dia 28. Informações sobre faixa etária, documentação e o que levar estão disponíveis no site www.facbrasil.org.br.
 
Até a véspera das seletivas, as inscrições devem ser feitas nos COP de Ceilândia (Parque da Vaquejada e Setor O), Estrutural, Riacho Fundo I, Samambaia, São Sebastião e Sobradinho. Horário de funcionamento: de terça a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h. No dia das seletivas, as inscrições somente poderão ser feitas na unidade que sediará as avaliações.

(Foto: Camila de Magalhães/FAC/D.A Press)
 

Detectando talentos

A modalidade mais procurada neste sábado foi a ginástica rítmica, com 52 participantes. Segundo a técnica Odalis Valerino, foi uma surpresa positiva. “Consegui detectar vários talentos. Não pensei que teríamos tantos. Minha vontade é ampliar o número de vagas para que tenhamos mais meninas trabalhando no programa. Para mim, é uma realização conseguir detectar os talentos de meninas de 7, 8, 9 anos e trilhar um caminho no esporte de rendimento tão lindo como a ginástica rítmica.”

Veterano no atletismo e no treinamento de campeões como Carmem de Oliveira e Caio Bonfim, o técnico João Sena ficou animado com as possibilidades dessa seletiva. “Os que vieram são meninos que sabem de atletismo. Tem garotos que sabem o que mostrar, saltam bem, têm velocidade, boa resistência, que vale a pena investir. Posso até não selecionar, porque ainda teremos outra seletiva com mais 60 atletas no dia 13, mas vou conversar com esses talentos e ficar vigiando para quando abrir uma vaga. A grande mágica do esporte para um treinador é encontrar talento. Ver um garoto novo saltando e com velocidade é muito gostoso. É ter a esperança de que vamos encontrar novos potenciais.”

Na avaliação do técnico de tênis Wellington Feitosa, a seletiva valeu a pena. “Sinto que alguns pais estão muito mais ansiosos do que as próprias crianças. Elas estão ali porque querem e estão se divertindo. Teve algumas crianças mais espertas. Nesse primeiro momento, a gente olha mais coordenação, velocidade, salto, além de bater uma bolinha. A seletiva é para isso. O restante, a gente faz nos treinos regulares. Começamos há cerca de três anos com nossa equipe de tênis e estamos colhendo os frutos do Futuro Campeão agora. Algumas que entraram com 5, 6 anos, e agora estão com 9, estão jogando Brasileiro, outro foi para a Copa Guga, estão disputando vários torneios de Brasília, Goiânia e até nacionais”, destacou.

(Foto: Camila de Magalhães/FAC/D.A Press)
 

De olho nas Olimpíadas

Desempregada e moradora de Samambaia, Fabiane do Prado, 39 anos, fez questão de levar os filhos Fábio Williann Mendonça, 16, e Igor Fabiano Mendonça, 12, para mostrar habilidade no atletismo. “O esporte é muito importante para os jovens, para que eles não entrem no mundo das drogas. Sempre acompanho os dois em todas as competições. Infelizmente, o Brasil não tem tantos atletas no atletismo, então precisamos trabalhar bastante para eles chegarem lá”, observou a mãe. Para Fábio Willian, a experiência com a seletiva foi boa. “Meu sonho é chegar ao time do Futuro Campeão e competir nas Olimpíadas”. O irmão também gostou. “Eu nunca saltei 4,67m e foi muito bom me superar”, comentou Igor Fabiano.

Quem também torceu pelos filhos foi o autônomo Messias Rafael Ferreira, 31, pai de Raphael Rian, 10, e Raphaella Rayssa Ferreira, 12, que tentou vagas nas equipes de atletismo e natação. “O esporte é para a vida toda. Ajuda a pessoa a se desenvolver mais, perder a timidez. É tudo de bom”, observou Messias, morador de Samambaia.

Candidata a uma vaga na equipe de rendimento de ginástica rítmica, Lohana Vitória Sousa, 16, se dedicou nas provas, mesmo com a ansiedade. “Acho que me saí bem. As competições acontecem mais no Futuro Campeão. Gostaria muito de competir e fazer mais apresentações”, disse a ginasta do Setor “O”.

Nadador do Defer, Juan Pablo Macedo, 13, saiu da Asa Norte para tentar lugar nos treinamentos de Samambaia. “Aqui tem uma estrutura melhor. Eu gosto muito de nadar e meu sonho é ser um campeão de natação nas Olimpíadas. Minha inspiração é o Michael Phelps. O esporte representa o futuro para mim”, disse o atleta, filho do militar Cleidnilton Macedo Alves, 39. “Trouxe meu filho visando o futuro dele. De repente, ele tem um dom para se sobressair melhor na natação do que nas outras modalidades. O esporte é bom para desenvolver o jovem na disciplina, condicionamento físico e ajuda até nos estudos.”

 

Resultados conquistados


Alguns atletas que compõem a equipe de atletismo do Futuro Campeão no Centro Olímpico e Paralímpico de Sobradinho estiveram presentes em Samambaia para ajudar no apoio das seletivas e relembrar os tempos em que estavam começando.

Ex-atleta do Futuro Campeão, Diego Pereira Lima, 32, hoje atua como voluntário nos treinamentos do técnico João Sena. ”É muito bem ver a formação dos garotos, porque eu fui parte disso. Antes eu não pensava em estudar nem em fazer nada. O esporte me ensinou isso, que eu tinha que estudar e crescer. Tento sempre passar isso para os atletas”, afirmou.

Corredora de 400m e 800m, Larrissa do Livramento, 20, foi campeã brasileira sub-20 em 2018 e campeã nacional dos Jogos Escolares. “Estar aqui me faz lembrar da minha seletiva de escolas. Eu fui bem, o professor me chamou, eu experimentei e fiquei.”

A atleta Lorena Nunes, 22, participou das seletivas de 1.000m em Sobradinho em 2013, foi campeã naquele dia e guarda o número da prova até hoje. “Isso me remete ao que a gente viveu antes. A gente consegue perceber na seletiva pessoas com talentos em várias provas, como salto”, comentou ela, que é vice-campeã brasileira sub-23 nos 10.000m, terceira nos 5.000m e recordista dos 5.000m no Centro-Oeste.

Outro talento é Max Viana, 25, que está com João Sena desde 2009 e entrou na primeira equipe do Futuro Campeão de atletismo. Max é duas vezes vice-campeão brasileiro adulto de 20km marcha atlética, vice-campeão brasileiro sub-23 em 2014 e campeão brasileiro sub-18 10.000m marcha atlética. “Estar aqui é me ver de novo. É olhar para mim quando o projeto iniciou e enxergar o potencial em alguns atletas, a vontade de buscar algo melhor para si. Vi uma garotada empolgada, talentosa, alguns jovens que a gente se vê neles e imagina que a vida pode mudar daqui a alguns anos.”

(Foto: Camila de Magalhães/FAC/D.A Press)

Superação na bocha

Membros da equipe de bocha paralímpica do Futuro Campeão no Centro Olímpico e Paralímpico de Ceilândia – Setor “O”, os atletas cadeirante Lucas Vitório, 21, e André de Sousa, 32, deram um show de inspiração para os presentes na seletiva deste sábado.

Lucas é estudante de psicologia e passou recentemente no concurso do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios para vaga de estágio. “Estar no Futuro Campeão é uma das formas mais fáceis de chegar nos Jogos Paralímpicos. Esse é o meu sonho. A gente consegue alcançar nossos objetivos com muito treino, muita determinação. As dificuldades viram uma forma de superação. A gente pode chegar onde a gente quer, só basta querer.  

Para André, continuar jogando e treinando é algo que o move: “A bocha é uma forma de eu sair de casa e conhecer outras pessoas, viajar e viver a vida.”