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Com experiência em finais da LBF, Roberto Dornelas tenta reencontrar o caminho do título

Treinador foi campeão na primeira Liga de Basquete que disputou, em 2013

postado em 22/04/2017 10:00 / atualizado em 24/04/2017 15:29

Nando Chiappetta/DP
Entrar para a disputa de uma final como a deste sábado não é nenhuma novidade para Roberto Dornelas. Em quatro edições da Liga Feminina de Basquete (LBF), o treinador e sua equipe, que já foi Sport e América, chegaram a três decisões. Sair com o título, no entanto, aconteceu apenas uma vez. Foi logo na primeira, em 2013. Em outras duas, 2013/14 e 2014/15, foi vice. Ano passado, pela primeira vez, ficou de fora das finais (foi terceiro colocado). Nesta temporada, voltou. A Uninassau Basquete faz, fora casa, às 11h, o primeiro jogo da melhor de cinco contra o Corinthians/Pague Menos/Americana - seu eterno rival, o mesmo de todas as decisões disputadas até hoje.

Dornelas já sentiu o gosto de entrar para uma final como favorito. E conseguiu se fazer valer da superioridade. “Em 2013, logo de cara, fomos campeões. Era um time muito bom, com uma estrutura incrível do Sport por trás”, lembra ao treinador. Mas ele também já perdeu nessa condição. Em 2013, se viu surpreendido e derrotado dentro de casa. “Foi no detalhe, numa final com um equilíbrio muito grande”, lamenta. No ano seguinte, foi azarão e não conseguiu surpreender, embora tenha endurecido o jogo. “Elas tinham a vantagem, mas levamos para o terceiro jogo. Infelizmente, perdemos na casa delas, por dois pontos”.

Em cada ano, uma história para contar. Uma experiência acumulada. Dornelas garante que as derrotas nunca o abalaram. “De jeito nenhum. Sempre fui um cara que nunca me desestimulei com as derrotas. Pelo contrário. Quando eu perdia, eu buscava aprender porque eu perdi”, afirma o treinador, que lembra do início do trabalho, ainda em 2011, quando colocou em prática o projeto de reativação do basquete feminino do Sport. A ideia, desde o início, era trazer o clube de volta ao cenário nacional. “O trabalho que iniciamos ali é a base de tudo que existe hoje. O primeiro passo foi a formação de uma comissão técnica completa. Muita gente que começou ali conosco continua até hoje e todo mundo amadureceu muito nesse tempo”.

Para esta final, Dornelas se coloca na posição de azarão. Os números confirmam o favoritismo do Americana, dono da melhor campanha da LBF, com 18 vitórias em 20 partidas disputadas - a Uninassau foi segunda colocada na fase de classificação com 16 vitórias. Em quatro confrontos entre os times, vantagem das paulistas: foram três vitórias e apenas uma derrota para as pernambucanas. “Nós fomos a equipe que conseguiu fazer os jogos mais equilibrados com elas. A gente cresceu muito, mas elas com certeza são as favoritas”, diz o técnico, confiante no crescimento da sua equipe nesta reta final de campeonato. São seis vitórias consecutivas, sendo quatro pela fase classificatória e duas na semifinal, quando arrasou o Santo André - na última vitória fez sonoros 108 a 58 no adversário.

Após dois anos como América, o projeto capitaneado por Dornelas virou Uninassau nesta temporada. Muita coisa mudou com relação ao último campeonato. Com a crise, o orçamento diminuiu. A parte mais atingida foi o elenco. Jogadoras mais caras não puderam continuar e assim o time perdeu três peças consideradas de alto nível: Franciele, Fabiana e Érika. Ainda houve um quarto desfalque importante, com a saída de Adrianinha, que se aposentou das quadras. Na busca por reforços, foi preciso ser cirúrgico. “Buscamos jogadoras que se encaixariam com as que aqui ficaram”, explica o treinador. E assim vieram as armadoras Casanova e a ala Tássia. Foi a chance também de atletas mais jovens, que já estavam no elenco, se destacarem, casos da ala Raphaella Monteiro, 22 anos, e a ala/pivô Nicolle Chirinda, 21. “Ao contrário do ano passado, quando tivemos muitos problemas de doença e lesão, agora as coisas saíram como planejado. O time encaixou”, comemora Dornelas.

A participação das jogadoras mais jovens foi decisiva para a campanha da Uninassau nesta temporada. Raphaella, por exemplo, é a atleta com melhor média de eficiência (índice que compila todas as estatísticas de fundamento) da equipe. A vinda dela, em maio de 2015, aos 20 anos, e a de Nicolle, um pouco antes, em janeiro do mesmo ano, aos 18, foram fruto da observação de Dornelas. Antes de chegar ao elenco principal, elas atuaram na liga de desenvolvimento e em competições universitárias. “O time está mais novo e as meninas estão dando conta do recado”, diz o técnico.

A idealização do centro de treinamento no colégio Salesiano, em outubro de 2015, foi, segundo o treinador, decisivo para o momento da equipe hoje. “Todo o rendimento do time este ano foi fruto do trabalho com o CT. O desenvolvimento dessas jogadoras mais jovens só foi possível graças ao espaço que temos e o tempo disponível para treinar. Isso não acontecia no Sesc, já que há outros projetos e a quadra não tinha horários vagos”, explica Dornelas. “Com a quadra do Salesiano à disposição, pudemos fazer trabalhos específicos com essas atletas mais novas e assim elas foram crescendo”. Além da quadra, no CT, o elenco tem à disposição estrutura de fisioterapia e academia completa.

Mal terminou o campeonato, porém, e, independente do resultado das finais, Dornelas já se preocupa. Teme não conseguir segurar algumas de suas revelações. “As atletas se valorizaram. Não vai ser fácil mantê-las. Desse jeito, vamos preparar as jogadoras e perdê-las”, conta o treinador, que confessou ter um sonho, maior até do que voltar a conquistar o título da LBF. “A gente faz peneirões aqui e vêm meninas de vários estados. Algumas têm se destacado como Lorena, que é de Minas, e está no grupo. Mas quero encontrar uma jogadora pernambucana de nível. Que jogue por merecimento. Mas sei que leva tempo”.

As campanhas dos times de Dornelas na LBF

2013
Sport - campeão

2 a 0  sobre Americana

2013/2014

Sport - vice-campeão

0 a 2 para Americana

2014/2015

América/Uninassau - vice-campeão

1 a 2 para Americana

2015/2016

América/Uninassau - 3° colocado