ADIÓS, TIQUE-TAQUE

Chile anula o famoso estilo de jogo da Espanha, vence por 2 a 0 e elimina a atual campeã mundial

Atuais campeões mundiais estão eliminados da Copa do Mundo e só cumprem tabela

postado em 18/06/2014 17:46 / atualizado em 18/06/2014 18:35

Shaun Botterill - FIFA/FIFA via Getty Images

Cassio Zirpoli

Enviado especial


Rio de Janeiro - O tique-taque encantou o mundo do futebol. A bola de pé em pé, com paciência e técnica, controlando o jogo, deixando o adversário longe da posse. A Espanha fez história, sem dúvida. De 2008 a 2012, ganhou tudo. Uma Copa do Mundo e duas Eurocopas. Em 2013, o vice-campeonato da Copa das Confederações, numa derrota por 3 a 0 para o Brasil foi encarada como acidente. Um ano depois, tendo o Barcelona, o seu principal expoente de estilo também fracassando, o maior revés. Atual campeã, a Fúria está eliminada do Mundial do Brasil.

Fifa.com / Jamie Squire/Getty Images
Derrotada impiedosamente pela Holanda na estreia, voltou a perder, desta vez num Maracanã vermelho, mas o tom "rojo" era chileno - apesar do comportamento nada ordeiro de dezenas de torcedores, que soltaram fogos, até dentro do estádio, e invadiram a sala de imprensa. O time de Alexis Sanchéz e Vargas carimbou a vaga às oitavas de final com um merecido 2 a 0. Foi mais em campo. Com a bola no pé, não quis girar o jogo. Foi vertical, sempre em direção à meta de Iker Casillas.

A vitória é ainda mais emblemática pelo contexto histórico, daquelas ironias que o futebol faz questão de caprichar na execução. Em 1950, no pioneiro Mundial no país, as duas seleções também se enfrentaram, também pela segunda rodada. Na ocasião, com 19 mil torcedores presentes - foram 74.101 espectadores nesta quarta -, a Espanha eliminou o Chile. Agora, o troco.

A vitória foi construída no primeiro tempo. Nos primeiros segundos a equipe - vestida de branca desta vez - chegou na cara do gol espanhol. Eduardo Vargas se atrapalhou no domínio e não conseguiu concluir. Conseguira vinte minutos depois. Tudo no embalo de um estádio com quase 100% de pressão sobre a campeã de 2010, jogo de transpiração pura. No domingo, a torcida brasileira havia ficado do lado da Bósnia. Nesta quarta, apoiou intensamente o Chile.

O brasileiro Diego Costa - novamente hostilizado pela torcida brasileira - era quem mais se esforçava, mas levando nenhum perigo. O goleiro Claudio Bravo mal trabalhou. O primeiro gol veio numa jogada muito bem trabalhada. Pé em pé, com Aranguiz puxando a zaga espanhola pela esquerda e tocou para Vargas, que tirou Casillas do lance e mandou para as redes O Maracanã tremeu como nem a multidão de argentinos conseguiram.

Fifa.com / Julian Finney/Getty Images
A resposta foi tímida, com Xabi Alonso batendo por cima. Haja vaia. Iniesta tentou chamar a responsabilidade, mas a marcação estava encaixada. O time espanhol não criou uma chance sequer no primeiro. A cidadela caiu de vez aos 43 minutos, Numa falta na entrada da área, Alexis Sanchéz bateu bem e Casillas espalmou. Confusa, a zaga não cortou e Aranguiz ampliou.

Querendo demonstrar vontade, a seleção europeia voltando antes do tempo instituído para o intervalo. Teve uma grande chance aos oito minutos. Busquetes, com o gol vazio, mandou para fora. Vicente del Bosque levou as mãos à cabeça. Estava mesmo difícil. Os gritos de "eliminado", ecoando a todo instantes nas arquibancadas, deixaram claro o fiasco espanhol.

Liderança 

Classificados, chilenos e holandeses - que horas antes venceram a Austrália num jogaço no Beira-Rio - se enfrentam agora para decidir a liderança do grupo B, na próxima segunda, em São Paulo. No mesmo horário, 13h, o melancólico jogo entre Espanha e Austrália em Arena da Baixada. Eis o fim do tique-taque, pelo menos daquele tão bem aplicado nos últimos anos, mas hoje bem combatido.

 

Espanha 0
Casillas; Azpilicueta, Javi Martinez, Sergio Ramos e Jordi Alba; David Silva, Sergio Busquets, Xabi Alonso (Koke) e Iniesta; Pedro (Santi Carzola) e Diego Costa (Fernando Torres). Técnico: Vicente del Bosque


Chile 2
Claudio Bravo; Mauricio Isla, Mendel, Gonzalo Jara e Eugenio Mena; Marcelo Díaz, Arturo Vidal (Carmona), Aránguiz (Gutiérrez) e Franciso Silva; Vargas (Valdivia) e Alexis Sánchez. Técnico: Jorge Sampaoli

Local: Maracanã (Rio de Janeiro)
Árbitro:Mark Geiger (EUA)
Assistentes: Mark Hurd e Joe Fletcher (ambos do EUA)
Gols: Vargas (19' 1º T) e Aránguiz (42' 1º T).
Cartões amarelos: Eugenio Mena e Arturo Vidal (CHI); Xabi Alonso (ESP)