A rápida passagem do lateral esquerdo Domires Junior pelo Tricolor do Arruda

Copa do Nordeste 2002. Primeiro jogo da semifinal entre Santa Cruz e Vitória-BA. Aos 20 do primeiro tempo, uma falta próximo a área é marcada para o Tricolor da Arruda. A torcida vibra e em menos de 10 segundos reclama. Quem pega a bola para cobrar a falta é Domires Júnior, um dos jogadores mais criticados naquele momento. Um minuto depois, quem reclamava, vibrava com o golaço que o lateral esquerdo acabara de marcar. Este lance com certeza é um dos que mais marcou a passagem do carioca pelo Santa Cruz.

 

Cigano do Futebol

Com 17 anos de carreira e 27 clubes no currículo, Domires Júnior decidiu se aposentar. Depois de tantas trocas de clubes, inclusive times estrangeiros na Turquia e Venezuela, Pachola, como é mais conhecido no futebol, preferiu seguir a carreira política. Eleito com 609 votos e perto de completar 37 anos de idade, o agora vereador de São Francisco do Itabapoana - RJ quer ajudar sua terra natal através dos esportes, mas não esquece da cidade que o recebeu tão bem. “Recife é uma cidade fantástica e tenho um carinho enorme. O calor humano do povo é uma coisa fora do comum”, contou Domires.

 

Passagem mais do que marcante

De saída do futebol turco, mais exatamente do Ankaragücü, o lateral esquerdo desembarcou no clube coral sob a indicação do técnico Heron Ferreira. Ele já havia trabalhado com o treinador em outros três clubes: Americano, Ituano e União São João. Chegou sob desconfiança e com um concorrente que incomodava. No Santa Cruz despontava o prata da casa Cléber e a torcida clamava por seu nome sempre que Pachola tocava na bola. “O Heron tinha confiança no meu jogo e sabia que o Cléber era novo e precisava ser lapidado. Por isso, me deixava no time titular”, explicou o lateral.

Sua passagem no Santa Cruz foi curta e durou apenas seis meses, mas Pachola viveu bons momentos no Arruda. Mesmo tendo ficado no “quase” em todas as competições. “Fomos eliminados da Copa do Brasil pelo Vasco, mas chegamos nas semifinais da Copa do Nordeste e fomos vice do Pernambucano. Para o que esperavam de nós, surpreendemos”, falou Pachola. O lateral disse não lembrar de nenhuma partida em especial com a camisa tricolor, mas para ele a final do Estadual marcou sua carreira. Tendo sofrido uma derrota avassaladora na primeira partida da decisão por 3 a 0 para o Náutico, os tricolores foram para o derradeiro jogo desacreditados. A segunda “final” foi disputada em um Arruda onde a maioria era alvirrubra, já que o pentacampeonato conquistado pelo Brasil naquela mesma manhã diminuiu bastante o público. “Quando abrimos 2 a 0 acreditei que iríamos vencer o jogo, mas infelizmente levamos um gol e perdemos o título”, lamentou.

A trajetória de Domires estava se encerrando no Santa Cruz sem que ele soubesse. Após menos de seis meses no clube o lateral recebeu uma proposta irrecusável do futebol turco e retornou para onde veio. “ O coronel Adelson Wanderley ainda tentou renovar comigo já para 2003, mas o dinheiro oferecido pelo Adanaspor era muito bom e fui embora”, disse Domires.

Paixão por Recife
Até hoje a saudade de Recife é muito grande, não só pela torcida tricolor, que segundo o próprio Domires é uma das mais apaixonantes para quem ele jogou. Mas também por conta de uma revelação feita ao Superesportes. “Deixei uma filha em Recife e faz muito tempo que não a vejo. Agora em janeiro vou ai matar as saudades dela e dessa cidade maravilhosa”, confidenciou. Ele também nunca soube explicar o porquê de não ser chamado pelo seu apelido no Recife. Apenas na Veneza brasileira, ele é chamado assim. "Desde pequeno tenho esse apelido e não tem explicação específica. Só em recife que não me chamavam assim. Até no Deportivo Táchira - BOL eu era chamado assim", contou. 

 

Mesmo com uma história curta no Santa Cruz, Domires se diz fã da torcida tricolor e acredita que a hora da virada está perto. Ele ainda mandou um recado para a massa coral. “O Santa Cruz deve voltar a Primeira Divisão que é o seu lugar. Onde eu estiver estarei torcendo para o clube.”