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Com quase 500 gols na carreira, Marcelo Ramos recorda tempos no Santa Cruz

Aposentado, goleador de dois pernambucanos revela carinho especial pelo clube tricolor e, apesar de ainda indeciso, pretende a partir de agora seguir carreira de treinador

postado em 12/02/2013 08:00 / atualizado em 14/02/2013 09:43

Yuri de Lira /Diario de Pernambuco

Helder Tavares/DP/D.A Press
Entre 2006 e 2010, o Santa Cruz viveu o seu maior calvário. Durante duas temporadas nesse intervalo de tempo, porém, conheceu também um jogador que ficará marcado na história. Carentes de alguém para idolatrar, os torcedores não demoraram muito para conceder a Marcelo Ramos o status de ídolo. O atacante retribuiu com gols. E não foram poucos. Ele passou pelo Arruda em 2007 e 2009. Foi artilheiro de dois campeonatos pernambucanos. Tornou-se o "Matador do Arruda".

Balançou as redes 44 vezes com a camisa tricolor. Não conseguiu títulos, é verdade. Mas, para o atacante, a conquista maior foi ter ganho o carinho da torcida. Diz que, junto de Bahia e Cruzeiro, vai ter o Santa "sempre no coração". Marcelo Ramos virou sinônimo de gol. Foram quase 500 em toda a carreira. O clube coral foi um dos vários que tiveram o privilégio de comemorá-los.

O artilheiro sob desconfiança
Marcelo Ramos chegou ao Arruda sob a desconfiança da imprensa e da torcida. Afinal, já tinha 34 anos e estava disputando apenas uma modesta Série C de 2006, pelo Atlético Goianiense. Para muitos, o seu tempo já havia passado. O atacante viveu o seu auge no Cruzeiro, entre 1995 e 2003, chegando até à Seleção Brasileira. Isso, entre idas e vindas para clubes de expressão como São Paulo, Palmeiras e PSV, da Holanda. Na Raposa, conquistou nada menos que 16 títulos, incluindo Copa do Brasil, Libertadores e Brasileiro. Sem esquececer da artilharia de um campeonato mineiro. Sagrou-se o quinto maior artilheiro da história do clube celeste, com 162 gols anotados. No Bahia, onde foi revelado para o futebol no começo da década de 90, também virou "rei". É o sexto maior goleador do Tricolor de Aço, tendo marcado 128 vezes.

Quase no ostracismo de uma Terceira Divisão, a contratação de Marcelo Ramos parecia mais uma "furada" da diretoria do Santa Cruz. Mas longe disso. "Eu tinha ido bem no Atlético Goianiense e, apesar da minha idade, esperava ainda jogar em um clube grande do País. Jogar no Santa Cruz era o que eu queria para reaparecer mais no cenário nacional", afirma.

O "até logo" ao Santa Cruz
Em 2007, o Santa Cruz terminou rebaixado para a Série C. Mas o desempenho de Marcelo Ramos no time coral nessa temporada fez com que o Atlético Paranaense, que disputava a Primeira Divisão do Brasileiro na época, quisesse contratar o jogador. Ele havia sido artilheiro do estadual, com 15 gols, e foi também o goleador do time na Segundona, com 10 gols. O interesse acabou sendo recíproco. Para quem estava quase esquecido no futebol nacional, disputar agora a elite era tudo que o atacante mais gostaria. "Eu queria muito ficar no Santa, mas iria novamente jogar uma Terceira Divisão. Eu precisava de visibilidade", fala.

Parte da torcida, não gostou, tampouco aceitou a saída de Marcelo Ramos, no momento em que o Tricolor mais precisava dele. No Atlético Paranaense, fez só cinco gols. Não rendeu o mesmo que havia rendido no Arruda. Em 2008, chegou a ter o reu retorno cogitado ao Arruda. Mas voltou mesmo para o Bahia e conseguiu levar o time de sua cidade natal à Série A. Com uma mudança de gestão no clube soteropolitano, não renovou contrato. Voltou ao Santa Cruz só na temporada seguinte.

Jaqueline Maia/DP

O retorno e o adeus ao Arruda
Assim como fez dois anos antes, Marcelo Ramos sagrou-se, mais uma vez, artilheiro do Campeonato Pernambucano. Desta vez com 19 gols. Caiu ainda mais nas graças da torcida. Aqueles que haviam condenado a sua saída para o Atlético Paranaense, esqueceram tudo o que passou. "Tive duas passagens muito marcantes no Santa, que me fez muito feliz. Santa Cruz, Cruzeiro e Bahia eu vou levar sempre no coração", relata. No entanto, o atacante de novo preteriu uma divisão inferior. Os corais disputariam a Série D daquele ano. Uma proposta do Ipatinga, duas divisões acima, acabou sendo aceita pelo atleta. Ele fala que, desta vez, tinha tudo para ficar, mas a diretoria não fez o devido esforço. "A oferta do Ipatinga era muito boa. Pedi um reajuste salarial aí no Santa, mas não chegamos a um acordo. Fiquei chateado e acabei indo para Minas Gerais", recorda.

Edvaldo Rodrigues/DP
A busca pelo gol número 500   
Depois do Ipatinga, Marcelo Ramos começou a perambular por equipes menores do Brasil. Defendeu o tradicional Paysandu-PA, mas também rodou por Madureira-RJ, Araxá-MG e Itumbiara-GO, onde encerrou a carreira no ano passado, aos 39 anos. Sem o mesmo preparo físico de outrora, o atacante passou a ter como objetivo fazer o seu 500º gol na carreira. Não chegou à marca. Parou nos 457, segundo as suas próprias contas. "Não deu, mas chega uma hora que você precisa reconhecer que é o momento de parar", avalia.

Atualmente
Marcelo Ramos conseguiu fazer a vida jogando bola. Pendurou as chuteiras no ano passado e ainda não decidiu que carreira irá seguir. Pretende continuar no meio do futebol. Diz que está "de férias", em Salvador, sua cidade natal, a fim de resolver o que fará no futuro. "Vou dar um tempo e pensar em alguma coisa. A tendência é que eu faça algum curso de treinador, uma função que me identifico muito. Pensei também em ser empresário, mas não sei muito lidar com burocracias", pontua. "Queria, ao menos, ser auxiliar técnico. Talvez aqui na Bahia ou em Minas seja mais fácil eu começar essa minha carreira pelo fato de eu ter muitas portas abertas nesses dois lugares", completa.

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