Futebol Nacional

Após goleada histórica, Cruzeiro retomará camisa tradicional no clássico de domingo

Clube celeste se apoiou na mística da camisa branca na goleada por 6 a 1, ano passado

postado em 03/04/2012 14:21 / atualizado em 03/04/2012 14:36

 Jorge Gontijo/EM/D.A Press

Poucas vezes o Cruzeiro enfrentou o Atlético utilizando seu segundo uniforme. Algumas delas, porém, entraram para a história. Foi o caso do último clássico, em que o clube celeste goleou o alvinegro por 6 a 1, na Arena do Jacaré, apoiado na ‘mística da camisa branca’. Nos cinco últimos jogos do Brasileirão, o time jogou de branco e se manteve invicto, livrando-se do rebaixamento.

O clássico inusitado suscitou na torcida cruzeirense a possibilidade de ver o time jogar a partida deste domingo novamente com o segundo uniforme, situação descartada pelo supervisor de futebol do clube, Benecy Queiroz. “Não vamos jogar de branco. A princípio, o Cruzeiro pretende entrar com o uniforme tradicional: camisa azul, short branco e meião branco. Quem determina a cor do uniforme são os árbitros na hora do jogo. Como o Atlético é o mandante do clássico, ele tem a preferência na escolha da cor do uniforme que vai usar. Se o juiz achar melhor que o Cruzeiro jogue de branco, isso constará na súmula”, explicou.
Arquivo/EM


Curiosamente, em outras duas oportunidades em que o Cruzeiro disputou o clássico de branco acabou goleando o rival. A primeira foi em 1967, por 4 a 0, pelo Brasileiro (Robertão) e a segunda em 1984, também por 4 a 0, na final do Mineiro, quebrando um jejum de seis anos sem títulos.

Piazza recorda que a goleada de 1967 ocorreu três meses depois da decisão da Taça Brasil de 1966 contra o Santos, em que o Cruzeiro foi campeão jogando de branco. “Todo mundo tem uma superstição. Eu só entrava em campo com o pé direito. Eu me lembro que nosso presidente na época, o Felício Brandi, era muito supersticioso e pode ser que esse clássico contra o Atlético tenha sido uma superstição dele, pois fomos campeões brasileiros meses antes jogando de branco, mas não sei afirmar com certeza o motivo de termos jogado com o segundo uniforme naquela partida”, disse o ex-jogador.

O supervisor Benecy Queiroz rechaça a hipótese de jogar o clássico com uniforme branco para tentar manter a tradição das goleadas. “Não existe tradição nenhuma. O uniforme tradicional do Cruzeiro é o azul e é com ele que pretendemos entrar no domingo” .

A mística da camisa branca

Arquivo/EM
A mística da camisa branca do Cruzeiro ganhou vida publicamente no fim dos anos 80. No Brasileiro de 1987, o clube celeste jogou cinco dos oito jogos decisivos da reta final com a camisa branca e foi obtendo grandes resultados, até classificar-se dramaticamente para a semifinal, contra o Inter. Foram cinco vitórias e três empates.

A classificação, jogando de branco, veio contra o Santos, no Pacaembu. Careca marcou um gol aos 47 minutos do segundo tempo, em posição irregular de impedimento, mas o tento foi validado pela arbitragem.

Na semifinal, o Internacional resolveu acabar com a mística celeste. No primeiro jogo, o Cruzeiro jogou de branco e empatou no Beira-Rio. Na segunda partida, no Mineirão, o Inter só levou para BH seu uniforme branco e 'obrigou' a Raposa a vestir sua camisa tradicional. Resultado: 1 a 0 para o Colorado, classificado para a finalíssima contra o Flamengo.

Como surgiu a camisa branca


O Cruzeiro jogou pela primeira vez de branco em sua história em 20 de abril de 1950, em um amistoso contra o Sete de Setembro, no estádio do Barro Preto. O clube celeste venceu a partida por 4 a 1.

O que poucos torcedores sabem é que a camisa foi criada para ser utilizada em jogos noturnos, por causa dos deficientes sistemas de iluminação nos estádios na época. No uniforme, o calção era para ser azul, mas a empresa que confeccionou se esqueceu de produzir as peças e os shorts brancos do uniforme principal foram improvisados. Dessa forma, o Cruzeiro jogou todo de branco nesse duelo.