Futebol Nacional

CAMPEONATO PERNAMBUCANO 2018

Clubes menores se unem em G8 e conquistam maior poder político no Pernambucano 2018

Voto igualitário das equipes intermediárias foi decisivo para a escolha do modelo da competição; clubes esperam consolidação para crescimento

postado em 17/01/2018 08:25 / atualizado em 17/01/2018 09:29

Alexandre Barbosa/DP
Após quatro anos utilizando o formato com hexagonais, o Campeonato Pernambucano voltará a ser disputado por uma fórmula mais democrática em 2018, com todos os clubes brigando pelo título e contra o rebaixamento desde a primeira fase, além dos times do interior recebendo Náutico, Santa Cruz e Sport em casa. A competição, enfim, volta a ter um pouco mais da cara multicultural do estado.

Recebendo individualmente apenas 10% do valor da cota que a televisão destina a cada um do Trio de Ferro da capital, os clubes intermediários enxergaram na mudança de regulamento, forçada pelo enxugamento no calendário do futebol brasileiro, uma oportunidade de unir forças e fortalecer politicamente o poder de decisão do interior. Afogados da Ingazeira, América, Belo Jardim, Central, Flamengo, Pesqueira e Vitória criaram o G7 do estado. Nome que ainda acompanha o grupo, apesar do crescimento para oito clubes, com a adição do Salgueiro em seguida.

A reportagem do Superesportes ouviu a opinião de representantes de todos os clubes intermediários, que comemoram os primeiros passos conjuntos e miram conquistas ainda maiores a longo prazo.

“Foi uma decisão para buscar o melhor do futebol do interior. Antes, os grandes já entravam sem chance de cair e com regalias, e juntos nós conseguimos uma fórmula mais justa. Também já estamos negociando patrocínios e cotas melhores. Tivemos pouco tempo neste ano, mas teremos boas novidades a partir de 2019 (quando encerra o contrato com a TV)”, explica o presidente do Vitória, Paulo Roberto, idealizador do grupo e crítico da distribuição de renda no campeonato. “De que adianta Náutico, Santa Cruz e Sport criticarem a distribuição de cotas a nível nacional e reproduzir o mesmo abismo a nível regional? Isso é hipocrisia.”



“Antes, os pequenos dificilmente se uniam. Hoje, nós vimos que é mais interessante trabalhar juntos para melhorar a situação dos clubes do interior”, corrobora o presidente do Salgueiro, José Guilherme, que critica a rivalidade exagerada. “Em dezembro, Recife era a cidade mais feliz de todas, mas todos pela tristeza dos rivais. Gostaria muito de ver os três grandes daqui na elite do Brasileiro, ter Salgueiro e Central na Série B e os demais disputando competições nacionais também. Seria perfeito para o nosso futebol crescer.”

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Vice-presidente de futebol do América, Tercio Trindade também comenta a mudança. “Nos últimos anos, todo mundo reclamava da fórmula do Pernambucano. Mas quando chegava no (Conselho) Arbitral, todos baixavam a cabeça e aceitavam. Antes, nos modelos antigos, nós jogávamos uma segunda divisão fantasiada de primeira.”

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Segundo o dirigente, o aporte financeiro dos clubes intermediários é aquém do ideal. “Fazer futebol é muito difícil, é praticamente inviável, ainda mais quando o clube não tem um produto grande para oferecer ao patrocinador. Só de inscrição do elenco de jogadores, você não gasta menos de R$ 30 mil, além do dinheiro para reformar os estádios. Você já começa a temporada com um gasto muito grande, praticamente quebrado”, afirma Tercio, e ainda critica a postura dos principais clubes da capital. “Se a gente depender de Náutico, Santa Cruz e Sport... eles sempre vão querer mais para eles.”