Futebol Nacional

ESPECIAL

O futuro da Arena de Pernambuco: candidatos a governo do estado falam de suas propostas

Superesportes enviou quatro questionamentos aos candidatos referentes a assuntos muito importantes sobre o estádio em São Lourenço da Mata

postado em 17/09/2018 09:18 / atualizado em 17/09/2018 09:57

<i>(Foto: Paulo Paiva/DP)</i>
O Superesportes também ouviu os sete candidatos ao governo do Estado para saber os projetos e as perspectivas para a Arena de Pernambuco a partir do próximo ano. As perguntas, enviadas por e-mail para a assessoria dos candidatos, foram as mesmas para todos. E as respostas estão reproduzidas na íntegra.

As perguntas:

1- No balanço do primeiro ano da Arena de Pernambuco sob a gestão da secretaria de turismo, esporte e lazer, publicado em junho do ano passado, o prejuízo foi de R$ 7 milhões, apesar da redução de 58% dos custos promovida em comparação à gestão da antiga administradora, controlada pelo grupo Odebrecht. E 2019 marcará o primeiro ano da Arena de Pernambuco sem parceria firmada com os três principais clubes do estado, já que o Náutico voltará a mandar seus jogos nos Aflitos. Como fazer para que a Arena não se torne um elefante branco e aumente ainda mais esse prejuízo?

2 - Um dos grandes problemas da Arena de Pernambuco, desde a sua inauguração, diz respeito à questão da mobilidade, praticamente sem qualquer alternativa de transporte público, com a estação de metrô mais próxima a três quilômetros do estádio e sem linhas regulares de ônibus. Qual a solução proposta para esse problema?

3 - O Tribunal de Contas do Estado apontou superfaturamento de R$ 80 milhões na construção da Arena de Pernambuco, que também é alvo da Operação Fair Play e da Operação Lava Jato, sobre possível fraude na licitação e superfaturamento no valor da obra. Qual será o posicionamento do seu governo com relação a essas denúncias?

4 - No plano inicial da Arena de Pernambuco havia a projeto da “Cidade da Copa” com a construção de prédios comerciais, universidades e ginásios poliesportivos. Porém, com o fim da parceria com a Odebrecht ele foi abandonado. Dentro do seu governo existe algum plano para essa retomada ou de fato é algo inviável? 

As respostas dos candidatos 

<i>(Foto: Thalyta Tavares/Esp. DP)</i>
Paulo Câmara (PSB) 

 
1 Primeiro precisamos esclarecer que esses R$ 7 milhões são referentes ao custo operacional no primeiro ano da Arena de Pernambuco, algo que pretendemos modificar.  Os procedimentos legais para realização de uma licitação internacional, com vistas à seleção de um novo parceiro privado para a Arena, já estão em andamento.
 
E, apesar da saída do Naútico, clubes de interior já demonstraram interesses em mandar seus jogos para Arena novamente em 2019, como fez o Vitória este ano, e também as equipes da capital nos jogos de grande público, a exemplo do Sport, que ainda tem dois jogos previstos para 2018. Jogar na Arena é sinônimo de bons públicos e grande renda para os clubes da capital em seus jogos mais expressivos.
 
A Arena de Pernambuco está no páreo pela Copa América 2019, já que a Conmebol ainda não deu sua posição oficial sobre as sedes. Em dezembro, a Arena receberá um torneio internacional sub-15 com a participação de várias equipes brasileiras e da América do Sul. Números que esperamos manter em 2019. Além do futebol, a Arena tem se firmado como um local perfeito para eventos corporativos. Só em 2018 já foram realizados mais de 43 eventos, e estão marcados mais 52 eventos até dezembro. 

2 A Arena de Pernambuco trabalha em parceria com os principais órgãos de mobilidade do estado, além dos órgãos federais, CBTU e Polícia Rodoviária Federal, oferecendo à população vários meios de transporte até a Arena. Em parceria com a CBTU e o Grande Recife, é oferecido o Circular Arena, que em todos os eventos transporta em ônibus circulares os espectadores do TI Cosme Damião até um ponto localizado em frente à Arena, regressando ao TI ao final dos eventos. Para atividades acima de 15 mil espectadores é acrescido o BRT Expresso Arena. Para eventos acima de 30 mil espectadores, a Arena e Consórcio Grande Recife dispõem de ônibus especiais que saem de pontos estratégicos da RMR até o local. A linha fixa TI TIP/Parque Capibaribe passa diariamente pela Arena por um ponto de ônibus localizado em frente ao estacionamento azul, na BR-408. Em relação a estacionamentos, a Arena disponibiliza 4.500 vagas para veículos.

3 A Arena de Pernambuco foi construída por meio de um contrato de parceria público-privada (PPP), havendo a seleção sido analisada e aprovada pelo TCE. Conforme já esclarecido em ocasiões anteriores, a Arena de Pernambuco foi a mais barata entre os estádios construídos para a Copa. Como também foi dito anteriormente, as afirmações de existência de superfaturamento decorrem de análises equivocadas dos elementos de prova já disponíveis, pelo que certamente, ao final do processo, se chegará à conclusão de que não houve excesso de custos na construção da Arena. 

4 É preciso lembrar que o projeto da Cidade da Copa foi pensado em outro momento econômico, assim como outros inúmeros empreendimentos públicos e  privados que não puderam ser executados aqui e no restante do País. A Arena de Pernambuco fazia parte de um complexo projeto de estruturação urbana, que visava promover o desenvolvimento da Zona Oeste da RMR. O projeto seria o primeiro modelo de cidade inteligente do Brasil. Entretanto, o contrato de concessão foi rescindido pelo governo do estado em 2016.  A área é de propriedade do Estado e terá, no tempo próprio, a utilização adequada. 
 
<i>(Foto: Thalyta Tavares/Esp. DP)</i>
Armando Monteiro (PTB)
 
1 O custo anual da manutenção da Arena é de R$ 10,8 milhões. Além disso, o tesouro estadual ainda arca com o pagamento do empréstimo utilizado para financiar a construção do empreendimento. Nessa gestão já foram gastos R$ 130 milhões, que poderiam ser destinados para saúde, segurança pública e educação. Portanto, antes de tomar qualquer providência em relação à Arena, nossa a primeira medida será fazer uma auditoria minuciosa, verificando desde a licitação aos contratos firmados recentemente. O equipamento, como todos sabem, é alvo de investigações das Operações Lava- Jato e Fair Play com suspeitas de superfaturamento.
 
2 O projeto de mobilidade da Arena não foi concluído e não é justo que o contribuinte pague ainda mais pelo estádio. Devem ser encontradas outras soluções para o problema, que podem passar por parcerias público-privadas ou concessão. No entanto, qualquer decisão só será tomada após conhecermos a realidade financeira da Arena.

3 Como afirmamos há bastante tempo, antes mesmo do início da campanha eleitoral, há graves suspeitas sobre a Arena, que precisam ser investigadas. O que eu defendo é que tudo seja apurado e ficando comprovado que houve qualquer irregularidade, os responsáveis precisam ser punidos exemplarmente.
 
4 Junto com a auditoria nas contas, vamos reavaliar todos os projetos associados a ela. É fato que a RMR precisa encontrar novas áreas para exploração e moradias, mas estes territórios precisam estar dotados de infraestrutura adequada. Um caminho é o diálogo com a UFPE para discutirmos sob o ponto de vista da viabilidade técnica. 
 
<i>(Foto: Nando Chiapetta/DP)</i>
Maurício Rands (PROS)
 
1 A Arena de Pernambuco é uma limonada que foi transformada em limão. Um equipamento de alto padrão, com possibilidade multiuso e que custou caro aos contribuintes não pode ser tratado de lado como se fosse um problema, embora esteja representando um sumidouro de recursos.
O governo Maurício Rands vai tratar o problema de frente, com a sociedade, com os envolvidos diretamente, com a comunidade escolar, com os clubes de futebol e outros potenciais usuários da Arena de Pernambuco. As soluções para usar todo o potencial da Arena de Pernambuco, no governo sob a responsabilidade de Maurício Rands, acontecerão com criatividade, com muito diálogo, sem amarras ou preconceitos e com visão política.
 
2 O acesso à Arena de Pernambuco e a distância com outros pontos de partida é o principal problema. Acreditamos que estas duas causas podem ser resolvidas, com a aproximação das estações para o equipamento – de forma que a mobilidade para se chegar à arena seja simplificada. Até a aproximação das estações ocorrer, linhas de ônibus regulares farão o transporte do público. A questão da distância dos pontos de partida é solucionada com o estímulo a novos empreendimentos (residenciais, comerciais ou públicos) no entorno da Arena. O governo Maurício Rands vai dar o primeiro passo com a instalação de parte do campus da UPE na região e podemos fazer a articulação política junto à Prefeitura de São Lourenço da Mata e a instituições privadas, para criar uma atração pelo local, hoje, notadamente subutilizado.

3 A Operação Lava-Jato e todas as iniciativas de combate à corrupção têm o meu apoio e contam com a confiança da sociedade. O governo estado vai cooperar e colocar todos os documentos do interesse da Justiça à disposição. Não temos margem de tolerância com a corrupção. Os corruptos estão fora da nosso círculo e encontrarão tempos difíceis, se o povo de Pernambuco me der a honra de governar o estado.

4 O plano é tornar o entorno da Arena de Pernambuco um espaço de atração de investimentos. Com as mudanças idealizadas para a mobilidade e a transferência de parte da UPE para a região, damos os primeiros passos, que pedirão novas medidas, como a articulação política com a Prefeitura de São Lourenço da Mata e com a iniciativa privada para estimular esse interesse. São medidas que colocam em primeiro lugar o interesse do bem público de alto nível (a Arena de Pernambuco), que, nos últimos quatro anos, se transformou em um transtorno. Queremos resgatar esse patrimônio e oferecer mais. 
 
<i>(Foto: Nando Chiapetta/DP)</i>
Júlio Lossio (Rede)
 
1 Vamos trabalhar uma concessão pública para que o espaço possa ser explorado pela iniciativa privada.
 
2 Temos que fazer o metrô chegar até Arena.

3 O TCE e MP devem apurar e punir os culpados. Como governador, vou procurar sanar o déficit e dar viabilidade econômica e social para Arena de Pernambuco.

4 Vamos tentar dois movimentos iniciais. Primeiro, fazer o metrô chegar até a Arena. E segundo, atrair um campus universitário. 
 
<i>(Foto: Thalyta Tavares/Esp. DP)</i>
Dani Portela (PSOL)
 
1 Precisamos estudar a viabilidade  a médio e longo prazos. A estrutura só será viável se criamos um centro tecnológico, levando universidades, escolas técnicas, a construção de uma cidade universitária assim como também com moradias para as pessoas que foram desalojadas na época da Copa. Precisamos criar uma parceria com o governo federal, construir a infraestrutura ao lado da Arena que possa justificar a manutenção do local.

2 A mobilidade não pode ser restringida a dias de jogo. A construção de moradias e do complexo educacional lá fará com que tenhamos uma demanda por metrô e ônibus. Iremos atuar no conselho de transporte para criar mais linhas de ônibus, uma vez que transporte é um bem da vida necessário para o desenvolvimento.

3 Toda e qualquer denúncia deve ser investigada a fundo, sobretudo porque recursos públicos no nosso estado devem ser tratados de forma muito cuidadosa. Se houve superfaturamento temos que saber quem foi beneficiado neste processo.

4 Nós não iremos abandonar nenhuma obra que tenha sido iniciada, exceto se a mesma for considerada inviável economicamente. 
 
<i>(Foto: Thalyta Tavares/Esp. DP)</i>
Simone Fontana (PSTU) 
 
1 Em 1º lugar, podemos dizer que foi de uma profunda irresponsabilidade, tanto do governo do PT quanto do PSB de Pernambuco, a construção desses estádios de futebol, onde se gastou milhões e com denúncias de superfaturamento de obras e no beneficiamento de empreiteiras e políticos suspeitos de envolvimentos, tirando dinheiro da saúde e educação. Diante da transformação da Arena em um possível elefante branco, nosso governo discutirá no conselho popular seu destino, se transformará por exemplo em um grande ginásio de esportes público ou parque público, desde que destinado ao bem-estar e ao lazer da população.
 
2 Primeira questão a ser resolvida é a ocupação daquele espaço geográfico, não restringir principalmente a jogos de futebol. Assim como nossa proposta de obras públicas, poderiam ser construídos moradias, escolas, postos de saúde, etc, com empresa estatal e pública controlado pelos trabalhadores. 
Planificaríamos esse espaço  a serviço da população e não a serviço do lucro de empresas e desses esquemas de corrupção. Se avaliaria a possibilidade de uma estação de metrô interligada com a malha metro-ferroviária existente. 
 
3 Não temos dúvida que essas obras realizadas no período da Copa foram superfaturadas, e o parecer do TCE só vem comprovar o mesmo que se deu na Refinaria de Abreu e Lima, num esquema de corrupção comprovado na Lava-Jato. Não honraremos o compromisso feito pelo governo atual com a Odebrecht de pagar mais de R$ 230 milhões financiados em 15 anos, além de exigirmos uma auditoria profunda de todo processo. Defendemos expropriação da Odebrecht, sem indenização e transformá-la numa estatal controlada pelos trabalhadores. Além de punir todos os envolvidos com corrupção.

Por nossa proposta, de expropriação da Odebrecht e empresas envolvidas em corrupção e aí com a transformação estatal controlada pelos trabalhadores, discutiremos no conselho popular um projeto dentro das necessidades da maioria da população e não  projetos elitizados para um setor minoritário, como a Cidade da Copa, que procura se basear em áreas de exclusão, e privadas a exemplo do Conjunto Residencial Reserva do Paiva. 
 
<i>(Foto: Gabriel Melo/Esp. DP)</i>
Ana Patrícia (PCO)  
 
A candidata Ana Patrícia (PCO), foi questionada com as mesmas quatro perguntas. Porém, sua única resposta sobre a Arena de Pernambuco foi: “Estatiza-la e convocar o povo para decidir o seu destino e o seu entorno”.