Futebol Nacional

OPINIÃO

Coluna de Fred Figueiroa: Em terreno desconhecido na Copa do Nordeste

Colunista do Superesportes cita jogos decisivos de Sport e Santa Cruz

postado em 25/07/2020 09:11 / atualizado em 25/07/2020 12:09

(Foto: Lucas Figueiredo)
Além da natural e significativa relevância esportiva, as quartas de final da Copa do Nordeste colocam Santa Cruz e - principalmente - o Sport em uma terreno ainda desconhecido nesta temporada. Enfrentar esse “desconhecido” é fundamental em qualquer processo de evolução. Importante deixar claro, entretanto, que os dois clubes de Pernambuco estão em estágios e cenários bem diferentes. Quase opostos, diria. Não existem simetrias. O único elo é justamente o de disputar uma decisão fora do seu comportamento estratégico padrão.

Os erros repetidos 

A situação do Sport é mais evidente. Depois da longa paralisação, o time retornou para duas decisões com obrigação de vencer adversários de menor investimento, menor poder técnico e basicamente sem pressão. Coincidentemente, Santa Cruz e Confiança. Neste cenário, o desenho dos dois jogos foi bem parecido - com o time rubro-negro tendo a posse da bola e ocupando territorialmente a maior parte do campo ofensivo. Nas duas partidas, entretanto, este aparente “controle” resultou no chamado “falso domínio”. Uma quantidade acima do aceitável de erros individuais e uma clara limitação de alternativas de jogo tornou o Sport previsível, facilmente marcado e vulnerável defensivamente.  Até poderia ter vencido os dois jogos. Mas a realidade crua é que não venceu nenhum. E pelos mesmos motivos. Mas o eixo central da análise de hoje é que essas duas partidas servem de muito pouco para projetar o Sport nas quartas de final contra o Fortaleza.

A outra face

Há uma inversão histórica neste clássico regional. O Fortaleza nunca venceu o Sport em confrontos eliminatórios e tem uma desvantagem considerável em qualquer comparativo histórico. Porém o presente os separa por um abismo que se abriu em curtíssimo recorte de tempo. Abismo financeiro, organizacional e de perspectivas. Mas, focando neste confronto, também existe o abismo de estágio de desenvolvimento da equipe. Em 2020, os dois times fizeram a mesma quantidade de jogos (18). O Fortaleza venceu 13. O Sport, 4. O time de Rogério Ceni fez quase o dobro de gols: 36 x 19. E - acredite - os números refletem o que se viu em campo. Ou seja, contra o Fortaleza, o Sport não terá o controle das ações e será forçado a mostrar solidez defensiva sob intensa pressão e velocidade nos contra-ataques. É uma face desconhecida. Que pode ser ainda pior e expor o quanto o rubro-negro está longe do básico de competitividade para a Série A. Porém, na atual situação, o simples fato de ser desconhecido já é um alento.

O dilema de Schülle

No Santa Cruz, enfim veremos como a equipe reage carregando sua fatia de pressão - que talvez será até maior que a do Confiança, mesmo estando uma divisão abaixo no Campeonato Brasileiro. A história sempre pesa. O time sergipano disputará pela primeira vez uma fase eliminatória no regional. Antes de ser um time de Série B contra um da C, é Santa Cruz x Confiança. A balança de responsabilidade e expectativa pende muito para o clube do Recife. Resta saber o quanto disso vai pra dentro de campo. O quanto Itamar Schulle está disposto a se expor em nome da tradição. Se conseguir conter os impulsos e estabelecer um jogo de paciência, melhor. Repetir o que fez contra o Atlético/GO na Copa do Brasil era o desenho ideal. Até porque o Confiança é mais frágil. O rumo do jogo está na estratégia de Schulle. O adversário tem uma capacidade maior de adaptação, porém cede mais espaço e não tem margem de qualidade. Se o Santa conseguir trazer a partida para a sua zona de conforto, vira favorito. Caso contrário, estará no tal terreno desconhecido.