Santa Cruz

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Patrocínio, acesso, CT, Arruda e treinadores: presidente do Santa Cruz avalia gestão

Há sete meses no cargo, Constantino Júnior reconhece desafios no clube

postado em 09/06/2018 00:30 / atualizado em 08/06/2018 20:50

Peu Ricardo/DP
Na próxima terça-feira, completam-se sete meses desde a posse de Constantino Júnior como presidente eleito do Santa Cruz. Tempo em que o Tricolor foi eliminado de três competições, acumulando insucessos no Estadual, Copa do Brasil e Copa do Nordeste. Atravessando um período de extrema dificuldade financeira, imerso na Série C, sem receitas de cotas de televisão e ainda sofrendo por antecipação de receitas realizadas na gestão do último presidente, Alírio Moraes, o Santa Cruz limita-se a uma folha salarial modesta. Nem assim, o clube consegue pagar o orçamento do futebol profissional, que gira em torno de R$ 260 mil mensais. Em entrevista à reportagem do Superesportes, o mandatário coral fez uma avaliação do período em que está à frente do clube, falando de temas como salários, torcida, desafios para captar recursos, patrocinadores, centro de treinamento, Arruda, Série C e a contratação do técnico Roberto Fernandes. 

Balanço da gestão

"O balanço é que a gente está lutando. É um momento difícil. Um ano atípico, com uma Copa do Mundo e de muita dificuldade para se conseguir patrocínio. Estamos na busca, seguindo com muitas dificuldades. Claro que ainda temos muitas coisas para melhorar, é só o começo da gestão. Estamos aí buscando rejuvenescer o clube, trazendo jovens dirigentes. Claro tem também a questão do desempenho em campo. Desde o começo do ano, a gente falava que o objetivo maior do clube era a Série C. Tínhamos o Estadual e o Nordestão como laboratórios pelas dificuldades financeiras da gente. O clube estava na Série A em 2016, caiu de patamar em 2017 na Série B e caiu muito mais em 2018. A gente sabia que ia sofrer, que ia ter dificuldade este ano. Falta de patrocínio, sem cotas de TV... estamos brigando para organizar a casa."

Pontos a melhorar

"Muita coisa. Algumas situações só podem evoluir tendo recurso. Estamos procurando aperfeiçoar a gestão, temos muitos projetos. Mas vamos lá, o que podemos melhorar: a otimização de marketing, do comercial, colocar mais receita para dentro. A gente tem buscado reduzir custos, minimizar o tamanho da máquina. O clube saiu da Série A para a Série C com um peso muito grande nas costas. Talvez na primeira queda isso não tenha ficado tão perceptível. Estamos buscando melhorar, procurado evoluir. Estamos trabalhando, mas muitas vezes dependendo de investimento para pagar conta, pagar salários… Não é simples."

Patrocinador master

"Estamos com dificuldade de mercado. É ano de Copa do Mundo e a gente tem essa dificuldade. Estão aí alguns grandes clubes brasileiros: até ameaçaram saírem da Caixa (Econômica como patrocinador master), mas depois se abraçaram com a Caixa de novo. Tem sido um ano difícil. Ano de Copa o pessoal investe muito em cima da mídia relacionada à Copa. Sem contar com o nosso calendário menor (na Série C, que se encerra em setembro, caso o clube vá à final). Há ainda a questão da visibilidade menor. Série C é dificuldade. Mas claro que o Santa Cruz tem buscado não só esse patrocinador master, mas também pequenos patrocinadores. Estamos na luta." 

Baixa média de público

"A torcida tem os motivos dela para não estar indo ao Arruda como a gente gostaria. Tem as chateações, as frustrações, é um conjunto de fatores. Mas o Santa Cruz nunca pode reclamar da torcida, que sempre chegou junto em todos os momentos. A gente tem que entender o motivo. Tem o lado técnico, do desempenho, mas também tem os horários dos jogos, a violência, a crise financeira que o país atravessa. São esses fatores que juntos fazem o torcedor se afastar. Mas estamos buscando entender as coisas melhor para nos aproximarmos mais da torcida. Você vê que agora começa a ter um fio de esperança, o time crescendo na Série C e ela já começa a dar resposta. No momento decisivo, com a competição afunilando, a gente espera que o torcedor se aproxime mais. A gente entende que é uma torcida que está cansada, sofreu dois descensos, mas é um torcedor que no final sempre chega junto."

Salários atrasados

"Estou dando a minha vida (para captar recursos). Mas não posso atribuir essa questão dos salários atrasados ao torcedor (à baixa média de público). Bilheteria é um dos fatores. Talvez, se a gente tivesse passado de fase nas Copas do Brasil e do Nordeste… Mas tivemos dificuldades. É um conjunto de fatores."

Viabilização de recursos

"É uma luta diária. A gente pensa que é somente a folha salarial do futebol, mas temos um sem número de compromissos existem (funcionários, manutenção do estádio, alimentação dos atletas, por exemplo). Tem clube joga a Série C em estádio municipal, mas nós temos um clube muito grande, uma estrutura gigantesca. Cada dia é uma guerra. Temos buscado nos aproximar de pessoas que tenham especialidade em gestão, usando até lado pessoal para essas pessoas ajudarem o Santa Cruz."

Reforma no gramado do Arruda

"O que houve nesta semana foi um caso de manutenção. O Arruda tem um desgaste. É um uso diário (com treinos e jogos). Agora temos até o sub-23 que está usando o gramado. Não temos ainda o CT, que queremos de todo jeito, não quero prometer, mas para o ano que vem tem que ter. Quero começar 2019 lá e desafogar o Arruda. Estamos fazendo a manutenção do gramado com uma descompactação, nivelamento, adubação contínua para deixá-lo com o mínimo de condição. Mas a ideia nossa é ao final da temporada a gente parar ele e tentar trocar o gramado todo."

CT

"Tem o grupo do patrimonial, de colaboradores que estão trabalhando nisso, mas existem as dificuldades. Tem uma coisa muito boa que foi a aprovação junto à Lei de Incentivo ao Esporte (do Ministério do Esporte). Estamos trabalhando nisso."

Roberto Fernandes

Shilton Araujo/Esp.DP
"É um remédio necessário. Um cara vibrante, trabalhador, que conquista o grupo, entende muito de futebol. Acho que fomos muito felizes com essa chegada dele. O dia a dia também melhorou, o ambiente com jogadores, funcionários, está todo mundo gostando dessa chegada dele que tem sido muito positiva."

Relação Roberto Fernandes x Náutico

"Não, não (pesou contra)… Até eu brincava porque já tínhamos conversado algumas vezes. Mas isso até motiva para ele mostrar o quanto ele é profissional. Em nenhum motivo isso pesou, pelo contrário. Ele quer mostrar a todo mundo que não tem isso. E já conseguiu deixar um ambiente bacana internamente. Todos estão se ajudando para poder fazer com que esse projeto dele dê certo."

Reforços para a Série C

"Vamos contratar. Não vou dizer quantos, mas alguma coisa vamos contratar. Não quero dar certeza, mas estamos observando. Tudo dentro da nossa responsabilidade financeira."

Saída do técnico PC Gusmão

"Não vou dizer que foi perda de tempo. Talvez ele não estivesse no melhor momento dele. Não quero responsabilizá-lo. Foi detectado que ele não estava em um momento bom, ele tentou fazer o time melhorar, se esforçou, trabalhou, mas não deu. Ainda bem que tivemos tempo de trazer Roberto Fernandes, que chegou motivado. Já voltamos ao G4 e estamos na briga."

Acesso à Série B

"Sobe, o Santa Cruz sobe. Com a torcida abraçando, a gente chega lá. É importante essa união com a torcida, a direção, a comissão, os jogadores… E a gente segue nessa numa luta incessante para buscar recursos. Uma guerra. Mas vamos deixar tudo em condição para esse time subir."