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A lenda Bria: fichas de jogos são descobertas e Magrão fica mais longe de bater recorde

Reportagem do Superesportes desvenda mais sete jogos do atleta pelo Rubro-negro

postado em 21/03/2015 17:02 / atualizado em 21/03/2015 17:10

Brenno Costa /Diario de Pernambuco , Daniel Leal /Diario de Pernambuco

Arquivo DP/D.A Press
Foi a partir de uma longa pesquisa realizada pelo mais respeitado historiador do futebol pernambucano, Carlos Celso Cordeiro, que o Sport Club do Recife passou a reconhecer Bria como o jogador que mais vestiu a camisa da equipe em toda a história. Desde meados do ano 2000 até poucos dias atrás, sabia-se que o atleta que defendeu o Leão entre 1949 e 1963 teria atuado em 556 partidas. Mesmo número de jogos que o atual ídolo do time Magrão completa exatamente neste domingo contra o Náutico. Estaria o goleiro, portanto, igualando o recorde. Estaria, sim, não fosse uma lacuna histórica perdida no tempo e que a reportagem do Diario, com a ajuda de seu Centro de Documentação e outros historiadores, começou a desvendar.

Ainda pode ser mais, mas já se sabe que Bria atuou, na verdade, em pelo menos 562 jogos. O fato é que durante as 14 temporadas em que o atleta esteve no Sport, o time realizou 738 partidas, entre torneios, amistosos e excursões pelo Brasil e pelo mundo. Desse total, Carlos Celso, cujo acervo conta com mais de 20.200 partidas a partir de pesquisas nos jornais no arquivo público, não possuía no seu banco de dados as fichas técnicas de 41 jogos. Logo, não havia como afirmar se Bria teria estado ou não em campo. Sete dessas partidas já foram encontradas – sendo que em seis delas ele atuou e em outra não.

“Quando me pediam a informação sobre Bria, sempre chamei a atenção de que há esse problema de jogos sem formações completas. Usamos a informação conhecida pelo meu banco de dados, que é amador”, disse Carlos Celso, que foi peça chave na nova descoberta ao passar a lista dos “jogos perdidos”. O pesquisador já passou a contabilizar na sua contagem oficial as partidas levantadas pelo Diario. “É muito importante conseguir ir preenchendo as lacunas. Fico muito grato a quem lê meus livros e consegue alguma informação que faltava. É bom para mim e para a história do futebol pernambucano”. pontuou.

Ainda falta…

Da pesquisa do coordenador do acervo digitalizado do Diario (com arquivos desde 1825), Fernando Correia, vieram a elucidação de três jogos: Central (1953), Sport de Juiz de Fora (1956) e Tuna Luso (1957). Do historiador potiguar Marcos Trindade, outros quatros: ABC e América-RN (1949) – neste último, Bria não jogou – e contra as Seleções A e B do Rio Grande do Norte (1952).

“As pesquisas foram realizadas no arquivo público e junto à Igreja Católica encontrei registros do jornal A Ordem, que era referência do futebol nas décadas de 1940/50”, disse. Marcos ainda está em busca de outros dois jogos perdidos de Bria em Natal em 1954. Outros historiadores, como o jornalista Severino Filho Buim, do Piauí, também buscam mais registros. Por enquanto, 34 possíveis partidas de Bria ainda estão perdidas no tempo.

Saiba Mais
É pura matemática. E os cálculos são de Carlos Celso Cordeiro, que antes de historiador é engenheiro por formação. Se em 14 anos, Bria inicialmente jogou 562 das 738 partidas do Sport no período, estima-se que, se ele tivesse mantido a média de jogos, proporcionalmente, ele teria entrado em campo 587 vezes com a camisa rubro-negra. Um número que, sem os documentos, jamais poderá ser levado em consideração.
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Indícios históricos de mais jogos de Bria

Europa/Oriente Médio, 1957
O Sport se preparava para uma excursão programada para meados de abril a junho daquele ano à Europa e parte do Oriente Médio, quando o Diario publicou um perfil de Bria. O texto, de março, fazia menção aos preparativos do atleta para a viagem. E justamente nesse tour estão três partidas “perdidas” do Sport, sem achados dos detalhes do jogo. Sabe-se que Bria viajou, mas não se ele chegou a atuar em Israel, na França e na Espanha.

Pará, 1957
Encontramos no Centro de Documentação (Cedoc) do Diario que Bria participou da excursão ao Pará em julho de 1957. Comprovamos na publicação do dia 18 de julho daquele ano que ele jogou contra a Tuna Luso dois dias antes. Não há registro, porém, se enfrentou Remo (19/07) e Paysandu (21/07) nos dias seguintes. Uma publicação do dia 23 de julho de 1957 relata que o treinador Dante Bianche relatou no retorno ao Recife que o time teve “três baixas”: Eliezer, Bria e Géo. O arquivo não precisa em qual jogos eles se machucaram e, portanto, não sabe se Bria chegou a fazer todos os jogos nessa turnê.

Pará, 1961
Bria foi escalado para o primeiro jogo de uma mais uma série no Pará. Ele jogou contra o Paysandu, de acordo com a escalação publicada pelo Diario em 11 de março de 1961: Manga; Bria, Sinval, Gilson e Tomires; Nenzinho, Traçaia, Bé e Osvaldo; Bittencourt e Eley. Embora tudo leve a crer que ele tenha entrado em campo, pois estava na excursão, não há provas de que ele jogou em Santarém, interior do Pará, contra o América de Santarém (vitória rubro-negra por 9 a 1) e o São Francisco (derrota por 1 a 0). Os jogos aconteceram nos dias 4 e 5 de março daquele ano.

Piauí, 1961
Mais um jogo “perdido” refere-se a Sport e Moto Club-MA, em 22 de abril de 1961. Os indícios que Bria esteve em campo nessa partida também são grandes. Essa partida faz parte de um torneio quadrangular que o Leão participou em Teresina, no Piauí. No dia 24 de abril, a equipe rubro-negra voltou a entrar em campo contra o Piauí. O Diario tem o registro da ficha técnica da partida e Bria participou do jogo como titular. O Sport foi o campeão do torneio.