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COPA DO NORDESTE

Sport é dominado, perde por 1 a 0 e vê Bahia levar a terceira taça da Copa do Nordeste

Esquema com três zagueiros não funciona e time rubro-negro sofre em campo

postado em 24/05/2017 23:40 / atualizado em 25/05/2017 00:07

ROMILDO DE JESUS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Não se brinca em uma final de campeonato. E não se fecha os olhos para os erros. De planejamento da diretoria e do treinador. Da cúpula leonina que disse uma coisa e fez outra, desgastando os jogadores em partidas menos importantes ao longo da temporada, entre elas algumas do Estadual, e perdendo jogadores por conta disso, com desgaste muscular, para a hora da decisão.

E do técnico Ney Franco que inventou uma escalação nunca utilizada e treinada apenas por uma hora e meia, na véspera, para decidir uma Copa do Nordeste. A fatura custou caro demais e deve custar o cargo do treinador. Merecidamente. Com uma atuação patética, o Sport foi dominado do início ao fim pelo Bahia. A derrota de 1 a 0 foi até barata na Arena Fonte Nova, diante do tamanho domínio dos donos da casa. Mas dói no torcedor do mesmo jeito. Bahia, que talvez nunca tenha disputado uma final tão fácil, campeão por méritos. Sport, que foi a Salvador passar vergonha, vice também por incompetência.

O jogo

O Sport não entrou em campo para disputar a final desde o primeiro tempo. Atuação horrorosa na conta do técnico Ney Franco, que inventou para a decisão um esquema com três zagueiros, nunca utilizado pelo time principal na temporada e testada por ele por apenas uma hora e meia no treino da última terça-feira, antes do embarque. O resultado disso foi o óbvio. Uma equipe perdida em campo, com os jogadores mal posicionados e dando ao Bahia o cenário ideal para dominar as ações.

Uma das consequências do esquema com três zagueiros foi atrair os jogadores do Bahia para o campo de defesa leonino, já que a trinca formada por Henriquez, Matheus Ferraz e Durval se posicionava praticamente à frente da linha de grande área. O que gerou um buraco no meio de campo, com os volantes distantes.

Assim, dominando o setor de criação, o Bahia não encontrou dificuldades para chegar com perigo à meta de Magrão, quase sempre no mano a mano. E não demorou muito para abrir o marcador, aos 11 minutos. Após receber lançamento, o atacante Edigar Junio driblou Durval e só teve o trabalho de tocar por cima de Magrão.


A situação era tão favorável ao Bahia que os rubro-negros têm que agradecer o fato de descerem para os vestiários sofrendo apenas esse gol. Muito pelo fato dos donos da casa também não apresentarem uma boa partida. Mesmo assim, Régis ainda assustou Magrão e um chute da entrada da área e Edigar Júnio, de peixinho, mandou no travessão.

Para piorar, aos 32, Rogério, dono do único chute em gol do time pernambucano, recebeu o segundo cartão amarelo por querer ludibriar o árbitro em lance de pênalti e foi justamente expulso. Ney Franco, passageiro da partida, apenas observava tudo à beira do gramado, inerte e sem esboçar qualquer mudança na equipe.

Apagão segue no segundo tempo

O treinador do Sport resolveu esperar o intervalo para fazer a necessária mudança na equipe. E quando fez, voltou a errar, tirando o lateral-direito Raul Prata, um dos poucos do time com atuação razoável na partida, para colocar em campo o atacante Marquinhos, sem ritmo, cujo última partida havia sido no dia 2 de março. Com a mudança, Henriquez assumiu a ala direita. Desnecessário.

Não demorou muito para o treinador rubro-negro fazer sua segunda mudança. Aos seis minutos, Everton Felipe entrou na vaga de Fabrício. Uma espécie de tudo ou nada. E o time que entrou em campo com um esquema muito defensivo, se expôs de vez.

O roteiro da partida, porém, seguia o mesmo. Com o Bahia se sentindo tão à vontade em campo que em certos momentos mostrou certa displicência com a final. Perdendo a chance de garantir o título antecipadamente diante de tamanha facilidade em chegar à meta de Magrão.

Goleiro que aos 12 minutos salvou em novo chute de Edigar Júnio, após boa jogada de Allione em cima de Durval. A essa altura, o Sport estava na roda, com direito a Mena e Matheus Ferraz salvarem quase em cima da linha. E Allione desperdiçando um contra-ataque cara a cara com Magrão.

Aos 34 minutos, Ney Franco deu sua última cartada com a entrada do centroavante Leandro Pereira, que não entrava em campo desde 20 de abril, na vaga do volante Ronaldo. Mantendo os três zagueiros em campo o jogo todo. E Juninho, o amuleto dos últimas partidas, no banco de reserva. Falta de inteligência que cobrou seu preço. E foi caro.

Ficha do jogo

Bahia 1

Jean; Eduardo, Tiago, Lucas Fonseca e Armero; Renê Junior (Juninho), Édson, Régis (Matheus Sales) e Allione; Zé Rafael (Gustavo) e Edigar Junio. Técnico: Guto Ferreira.

Sport 0

Magrão; Matheus Ferraz, Henriquez e Durval; Raul Prata (Marquinhos), Fabrício (Everton Felipe), Ronaldo (Leandro Pereira) e Mena; Diego Souza, André e Rogério. Técnico: Ney Franco.

Local: Arena Fonte Nova, em Salvador (BA). Árbitro: Francisco Carlos do Nascimento (AL). Assistentes: Esdras Mariano de Albuquerque e Rondinelle dos Santos Tavares (ambos de AL). Gols: Edigar Júnior (11 min do 1º). Cartões amarelos: Régis, Zé Rafael, Tiago, Matheus Sales, Édson, Renê Júnior, Allione (B) e Rogério, Mena, Leandro Pereira, Ronaldo (S). Expulsão: Rogério, Ronaldo, Lenis. Público: 41.175. Renda: R$ 1.620.453